Durante os dias 20 a 23 de novembro a juventude latino-americana esteve reunida no 14° Acampamento da Juventude Cloc-Via Campesina, em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul. Nesse período socializaram experiências organizativas e promoveram a integração, a vivência e a agenda política comum dos movimentos e organizações presentes.
No sentido de dar passos concretos em direção a unidade política da juventude latinpo-americana, os jovens construíram uma carta onde reafimam seus compromissos com a classe trabalhadora e com a construção da unidade popular na América Latina.
"Compreendemos que as forças do Capital afetam a vida da juventude, a transformando em alvo de violência, usurpando a sua possibilidade de sonhar, de produzir, de gerar conhecimento e de lutar. Desagrega-nos, nos individualiza, mantendo-nos afastados da socialização da vida e da nossa humanização. Os meios de produção e reprodução do Capital nos padronizam, nos coisificam e nos alienam colocando-nos como inimigos uns dos outros. Oprimem e exploram os nossos povos e a nossa cultura condicionando-nos ao seu modelo de produção", afirmam em trecho da carta.
Confiram abaixo a Carta na íntegra:
Carta de Compromisso do 14° Acampamento Latino-americano da Juventude
A juventude cumpre um papel decisivo nos processos revolucionários. Sendo um elemento decisivo na luta de classes, contribuindo na agitação e propaganda, no fornecimento dos elementos mais combativos e na expressão de fervor revolucionário que anima os povos a enfrentarem as grandes tarefas históricas da classe trabalhadora.
Em luta a juventude não reconhece fronteiras. A Pátria Grande Internacionalista nos impulsiona à luta contra o imperialismo, o principal inimigo da humanidade, e sua lógica destrutiva das sociedades e da natureza. Herdeiros e herdeiras das tradições de luta latino-americana dos povos originários, dos camponeses e operários inspirados em Martí, Sandino, Bolívar, Che, e Dandara.
Nós jovens reunidos pela primeira vez no Brasil no 140 Acampamento Latino Americano de Juventude da CLOC/Via Campesina entre os dias 20 a 23 de novembro de 2014 , em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul. Com o objetivo de socializar nossas experiências organizativas, promover a integração, a vivência, agenda política comum e assim dar passos concretos em direção a unidade política e afetiva.
O acampamento foi um importante espaço de análise política sobre a realidade latino-americana, que contribuiu para compreensão da questão agrária e urbana no contexto do avanço do capital sobre a vida dos jovens e dos bens naturais da humanidade. Em ação direta, denunciamos, o atual monopólio da terra e seu uso, ocupando um latifúndio de produção transgênica de milho.
Com mística, símbolos, diversidade cultural o acampamento forjou-se como espaço de desenvolvimento integral de identidade coletiva da juventude latino-americana.
Compreendemos que as forças do Capital afetam a vida da juventude, a transformando em alvo de violência, usurpando a sua possibilidade de sonhar, de produzir, de gerar conhecimento e de lutar. Desagrega-nos, nos individualiza, mantendo-nos afastados da socialização da vida e da nossa humanização. Os meios de produção e reprodução do Capital nos padronizam, nos coisificam e nos alienam colocando-nos como inimigos uns dos outros. Oprimem e exploram os nossos povos e a nossa cultura condicionando-nos ao seu modelo de produção.
Neste sentido, enquanto juventude, ousaremos construir e renovar através da luta a esperança de que uma outra forma de relação social e de vida é possível. Condicionaremos nossas forças em retomar em nossas mãos o papel de protagonistas de nosso tempo histórico em torno dos seguintes compromissos:
1 – Praticar a solidariedade de classe entre os povos, projetando a unidade da luta popular fortalecendo a identidade latino-americana e a luta anti-imperialista;
2 – Promover e defender a justiça social e a democracia enquanto soberania popular e contribuir para alterar o sistema de poder dominante;
3 – Lutar por reforma agrária, pela produção e abastecimento popular de alimentos saudáveis, pela agroecologia, soberania energética, hídrica, genética e territorial afirmando o campo como espaço de vida e os povos originários e camponeses como a base do desenvolvimento do campo;
4 – Lutar por uma vida digna, por moradia, mobilidade, educação popular, renda, lazer e cultura. Garantindo vitórias que representem passos estratégicos e que unifiquem o conjunto da classe trabalhadora e juventude do campo e da cidade;
5 – Defender a integridade da vida humana e da biosfera, protegê-la contra a ganância do capital que mercantiliza, viola e mata;
6 – Lutar contra as praticas machistas, homofóbicas e racistas as quais o capital se utiliza para superexplorar as classes trabalhadores e desencadear formas brutais de violência contra a vida humana. Garantir a transversalidade do feminismo nas relações sociais e em nossas organizações, como única via para superar os laços de opressão;
7 – Produzir e potencializar a comunicação alternativa, a agitação e propaganda na perspectiva de construir uma nova hegemonia e da luta de massas;
8 - Cultivar a mística e a simbologia da luta, a memória dos lutadores e lutadoras na construção de uma memória coletiva e popular. Sabendo que um povo só é livre quando é dono de sua cultura.
9 – Promover espaços massivos, nas cidades, estados, países e províncias que construam a unidade, e possibilitem trocas de experiências organizativas;
10 – Retomar o trabalho de base, sendo ele necessário para nossa multiplicação, formação militante, influencia e leitura concreta da realidade;
Somos homens e mulheres gestantes desse novo mundo, de homens e mulheres novos. A América Latina esta em nós, como nós estamos na história da América Latina. Somos o complemento uns dos outros, e nossa luta só assim faz sentido! O ódio ao opressor e a luta contra a exploração nos levarão a vitória, a construção da Pátria Grande na América Latina e a emancipação dos povos do mundo.
Juventude urbana e campesina, em luta pela América Latina!
MST
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