sábado, 7 de março de 2015

Saiu o Página 13 de março


Editorial

A escolha é nossa

Nada mais didático que o programa de televisão que o PMDB divulgou, em rede nacional, no final de fevereiro de 2015. Para quem não viu, o programa começa atacando o Partido dos Trabalhadores. E em nenhum momento é dito, nem mesmo pelos vários ministros que dão seu depoimento, que o PMDB faz parte do governo Dilma Rousseff.

Nunca é demais lembrar: em recente congresso petista, a maioria votou a favor de resolução que considerava o PMDB nosso aliado prioritário.

Hoje o PMDB detém a vice-presidência da República, a presidência da Câmara dos Deputados e a presidência do Senado. Ou seja: o aliado prioritário está a postos para o que der e vier.

Enquanto isto, o PT vive um dilema hamletiano: não possui influência correspondente no governo, mas assume todo o ônus decorrente de ser o partido da presidenta. No dia 26 de fevereiro, por exemplo, a maioria da executiva nacional do PT aprovou uma resolução onde diz que as Medidas Provisórias 664 e 665 “têm o nosso apoio”.

Exatos vinte dias, o Diretório Nacional do PT havia deliberado algo profundamente diferente. Diz a resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT, no dia 6 de fevereiro: “Apoiar a engajar a militância em mobilizações sociais, a exemplo das jornadas convocadas pela CUT e na organização do 1º de Maio; Propor ao governo que dê continuidade ao debate com o movimento sindical e popular, no sentido de impedir que medidas necessárias de ajuste incidam sobre direitos conquistados – tal como a presidenta Dilma assegurou na campanha e em seu mais recente pronunciamento. Nesse sentido, é necessário formalizar o processo de diálogo tripartite entre governo, partido e movimento sindical e popular, principalmente no que se refere às Medidas 664 e 665, bem como a definição de uma agenda comum pelas reformas democrático-populares”.

A resolução da CEN alterou o sentido do que foi aprovado pelo DN. Ao incluir a palavra “aperfeiçoar” e, principalmente, ao falar de “apoio”, a maioria da Executiva nacional comprometeu o PT com medidas provisórias de ajuste recessivo.

O que explica esta mudança de opinião? Entre outras coisas, a pressão do PMDB, que mandou dizer que só votaria a favor das MPs se o PT capitulasse. E a maioria da executiva nacional –contra o voto de três dirigentes, entre os quais Bruno Elias, da Articulação de Esquerda – aceitou capitular, ainda que sem nenhuma convicção.

Ou seja: a maioria da executiva nacional do Partido dos Trabalhadores apoia as MPs contra as quais a Central Única dos Trabalhadores está convocando uma jornada de lutas. Em qualquer tempo este tipo de contradição seria grave. Na atual conjuntura, em que a oposição de direita está em plena ofensiva, inclusive convocando manifestações pelo impedimento da presidenta, este tipo de confusão é extremamente perigoso. E no fundo da confusão, está a “mãe de todos os problemas”: a estratégia do Partido.

Este é o tema central do Segundo Congresso da tendência petista Articulação de Esquerda (AE), responsável pela publicação do jornal Página 13. O Congresso da AE vai realizar-se entre os dias 2 e 5 de abril de 2015, no Instituto Cajamar (Via Anhanguera, km 46,5 – Jordanésia/SP).

Para nós, quatro coisas estão totalmente claras: 1) estamos diante de uma ofensiva nacional e também regional da direita; 2) existe uma saída política para a situação em que estamos; 3) a saída passa por adotar uma tática ofensiva e mudar de estratégia; 4) insistir na velha estratégia e adotar uma tática amedrontada equivale a colocar em risco a sobrevivência do PT.

Parte da atual direção nacional do PT não se deu conta disto e, ao invés de reagir à altura, parece entregar-se ao desânimo e a depressão. A nossa escolha é outra: com a política no comando, combater em defesa de nosso Partido e de nossa classe trabalhadora.

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Página 13 publica nesta edição homenagem a três companheiras vítimas de um brutal acidente automobilístico. Lurdinha, Célia e Rosângela: presentes!!!


Baixe aqui o jornal:

Página13 nº 140 mar 2015

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