Resolução aprovada pela Direção Nacional da tendência petista Articulação de Esquerda.
1. Os próximos dias, semanas e meses serão marcados por um agravamento da situação internacional e nacional. A classe trabalhadora, as organizações populares e cada militante devem preparar-se para enfrentar e vencer batalhas cada vez mais duras e perigosas.
Nosso pior inimigo são os que subestimam a gravidade da situação: vivemos tempos de guerra e, por isto, precisamos de um partido para tempos de guerra.
2. No cenário internacional, falar de guerra não é uma metáfora. Como aconteceu em outros momentos de predomínio e crise do capitalismo, a guerra econômica entre classes e nações deriva para conflitos militares cada vez mais intensos. O atentado terrorista cometido na França e a derrubada de um avião russo pela força aérea turca são peças de um quebra-cabeças cujo desdobramento lógico – que, portanto, ainda pode ser evitado– será um conflito militar em larga escala, cujo principal motor é o esforço desesperado que as potências imperialistas fazem para reverter seu declínio e restaurar sua plena hegemonia. Como naqueles outros momentos da história, há muitos que dizem ser impossível ou improvável um conflito militar em larga escala. De nossa parte, cerramos fileiras com aqueles que lutam pela paz, mas não temos nenhuma ilusão acerca dos propósitos do imperialismo, nem dúvidas acerca dos desdobramentos cada vez mais prováveis desta escalada da insensatez.
3. No cenário regional, falar de tempos de guerra pode deixar de ser metáfora. A vitória da direita nas eleições presidenciais argentinas — por uma diferença menor do que a apregoada pelos meios — foi acompanhada imediatamente de uma exibição pública dos cavernícolas. Um exemplo disto foi o editorial do jornal La Nacion, que de fato faz uma defesa aberta dos responsáveis pelo genocídio de 30 mil argentinos durante a ditadura militar naquele país. Setores da oposição de direita venezuelana dão sinais de que também pretendem, a depender do resultado das eleições parlamentares de 6 de dezembro, subir o tom e a forma de seu combate contra a República Bolivariana da Venezuela. A integração regional autônoma frente aos EUA corre sérios riscos.
4. No Brasil, os setores de ultradireita seguem ganhando destaque no discurso hegemônico na coalizão de forças responsável pela ofensiva conservadora. Os direitos dos pobres, das juventudes, dos negros e negras, das mulheres, da classe trabalhadora, os direitos humanos e democráticos, os direitos civis, a liberdade de organização sindical e partidária, os direitos sociais, tudo vai sendo empacotado e apresentado como parte de uma grande conspiração “lulo-petista-comunista-bolivariana” que precisa ser extirpada, para que o Brasil possa seguir adiante. Com este discurso, prepara-se o terreno não apenas para uma vitória neoliberal nas eleições de 2016 e 2018, não apenas para uma supressão dos direitos previstos pela Constituição de 1988, mas também para o regresso de traços típicos do Brasil pré-revolução de 1930.
5. Os principais traços da presente conjuntura são, portanto:
a contraofensiva conservadora no plano nacional e no regional, num contexto internacional marcado pela crise do capitalismo e por ações do Estados Unidos e aliados em busca de reverter o declínio de sua hegemonia global. Nesta conjuntura,
o centro da nossa tática consiste em deter a ofensiva conservadora no Brasil, recuperar protagonismo em âmbito regional e contribuir com outros BRICS, especialmente no sentido de interromper a tendência dos EUA de buscar uma saída militar para os conflitos internacionais.