terça-feira, 16 de agosto de 2016

Confira o Página 13 de agosto!

Para download: Página 13, n. 155, ago. 2016


Editorial

Nem farsa, nem tragédia. Luta!

Agosto é conhecido, na história do Brasil, por ser mês trágico. Pois bem: está marcado para o final do mês de agosto de 2016, antes ou até os dias 29 de agosto e 2 de setembro, a votação final do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.

Nossa opinião sobre isto está contida na entrevista de Jandyra Uehara e na resolução da direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda. Dito em perspectiva: qualquer que seja o desenlace da votação no Senado, a luta de classes no Brasil terá entrado em uma nova dinâmica.

Frente a isto, a esquerda brasileira terá que “reprogramar” a si mesma. Especialmente o Partido dos Trabalhadores, que corre iminente risco de vida. Risco que não é causado principalmente pela ofensiva da direita, nem tampouco pelos concorrentes de esquerda. O que principalmente ameaça a sobrevivência do PT são os erros cometidos pelo petismo ou por setores dele.

Para os que são de esquerda, mas não são (ou nunca foram) petistas, o problema se coloca de uma forma. Para nós de Página 13 e da tendência Articulação de Esquerda, que somos e queremos continuar sendo petistas, a questão coloca-se de outra forma.

Óbvio que nenhum partido é eterno, seguro que há diversas formas de contribuir para a luta pelo socialismo, verdade que a degeneração avançou muito e que há segmentos do petismo que são irrecuperáveis. Por tudo isto não é despropositado falar que um ciclo acabou ou pode estar acabando.

Entretanto, mesmo que fosse correta a tese do fim do ciclo, mesmo supondo que estivéssemos de acordo acerca de qual ciclo é este, ainda assim a maneira como cada militante e cada corrente de opinião se comporta frente a isto tem uma importância político-pedagógica imensa.

Pois caso tenha êxito a operação que o capital, a direita e o oligopólio da mídia fazem para destruir e interditar o PT e importantes lideranças da esquerda, operação que está bastante avançada, isto provocará danos profundos para a classe trabalhadora. Por isto, não aceitamos aqueles que falam de “fim de ciclo” como se estivessem falando da passagem das estações, frente a qual adotamos uma postura de fatalismo expectante (com o outono e inverno) ou de ingênuo otimismo (pois depois virão primavera e verão).

Até porque dar como “concluído o ciclo” pode pacificar consciências individuais, mas está longe de resolver os problemas reais postos para a classe trabalhadora brasileira e latino-americana, entre os quais definir com qual política vamos, simultaneamente, resistir à contraofensiva reacionária & criar as condições para retomar a ofensiva em favor de mudanças democráticas, populares e socialistas.

Deste ponto de vista, do ponto de vista dos interesses históricos da classe trabalhadora, Página 13 segue acreditando que a melhor posição é aquela que busca criar as condições para, ao mesmo tempo, preservar o conquistado e voltar a acumular forças. Isto significa, entre outras coisas, preservar o PT e ao mesmo tempo mudar sua estratégia, seu funcionamento, sua relação com a classe trabalhadora e com os mandatos que encabeça.

Aliás, dizendo de forma mais direta: se quisermos preservar o PT, é preciso mudar o PT. E mudar o PT é, em primeiro lugar, mudar a estratégia do Partido, abandonando a linha política de conciliação. Do contrário, caso não se altere esta linha política, preservar o conquistado resultará em desacumular forças.


Página 13

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