O Governo Federal enviou uma Proposta de Emenda Constitucional à Câmara dos Deputados, no dia 24 de julho - PEC 87/2015 - que altera o artigo das Disposições Transitórias no âmbito da Desvinculação das Receitas da União (DRU). A PEC objetivamente corta 30% dos recursos dos Fundos Constitucionais - FNE, FCO e FNO - por um período de 9 anos, já a partir desse ano. No caso específico da região Nordeste, para 2015, conforme a programação orçamentária do FNE [Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste], está previsto repasse de recursos na ordem de R$ 7,2 bi. Nos termos da PEC, o corte seria de R$ 2,16 bi.
A proposta vai de encontro ao que a AFBNB tem defendido ao longo de anos: um Brasil justo, um Nordeste melhor, um BNB fortalecido e trabalhadores valorizados. Pela iniciativa da PEC 87, o Governo Federal fere a Constituição no seu conceito principal, considerando o objetivo fundamental de reduzir as desigualdades regionais: garantir recursos diferenciados, não contingenciados, para o planejamento e execução de políticas públicas que beneficiem populações de regiões menos desenvolvidas, na perspectiva do desenvolvimento econômico-social.
Além de ser uma medida que precariza os recursos destinados a uma política de desenvolvimento, representa uma ameaça às instituições criadas para este fim como o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), gestor do FNE. A AFBNB defende, ao contrário, o fortalecimento dessas instituições, a implantação do recorte regional em todos os programas, projetos e ações do Governo Federal na perspectiva de se garantir mais recursos e mais sustentabilidade aos bancos regionais, como o BNB e Banco da Amazônia (BASA).
A PEC não se justifica haja vista que a distribuição de receitas aos Fundos Constitucionais objetiva contribuir para o desenvolvimento econômico e social das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através das instituições financeiras de caráter regional mediante a execução de programas de financiamento aos setores produtivos em consonância com os respectivos planos regionais de desenvolvimento. No caso do FNE, além dos estados nordestinos, também o norte dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, sob o escopo da Política Nacional de Desenvolvimento Regional - PNDR.
Retirar recursos das regiões que mais precisam de investimentos para fins, de fato, de ajuste nas contas públicas, é uma temeridade para um país que apresenta indicadores sociais tão díspares em seu território nacional, e especialmente no Norte e Nordeste, na perspectiva de geração de emprego e renda.
Como a AFBNB já afirmou anteriormente - citando Magabeira Unger - "Não há solução para o Brasil sem solução para o Nordeste, e não há solução para o Nordeste sem solução para o semiárido", ou o Brasil assume a sua dívida histórica com essas regiões numa perspectiva de igualdade e dignidade para seu povo - independente da região em que viva - ou nunca avançará enquanto nação.
Os ataques são recorrentes. É preciso estar a todo o momento alerta quanto às ameaças; articular as bancadas no Congresso Nacional para que cumpra o seu papel; exigir da sociedade o posicionamento firme e cobrar publicamente das autoridades um Projeto Nacional de Desenvolvimento em que seja dado o devido respeito e valorização às regiões menos desenvolvidas, como o Norte e o Nordeste, e às instituições indutoras do desenvolvimento regional, a exemplo do BNB, BASA, Sudene, SUDAM, DNOCS etc.
A AFBNB não medirá esforços em fomentar uma maior discussão e posicionamentos sobre o assunto. Assim, buscará interlocução juntos a diversas outras entidades que defendem o desenvolvimento, a exemplo da Associação dos Empregados do Basa (AEBA) no sentido de realizar ações conjuntas em contraponto a essa matéria, bem como abordará o assunto por ocasião da realização do seminário "Nordeste, sem ele não há solução para o Brasil", na Câmara Federal, em Brasília, no dia 18 de agosto.
Todos juntos contra a PEC 87!
AFBNB ao lado dos trabalhadores!
Gestão autonomia e Luta
AFBNB
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