sábado, 8 de agosto de 2015

Página 13 de agosto: "No olho do furacão"


Reagir já! (antes que seja tarde)

1. O juiz Moro mandou prender José Dirceu com base em acusações que teriam sido feitas no âmbito de delações premiadas, no curso da chamada Operação Lava Jato;

2. José Dirceu já estava submetido a severas restrições, devido a sua condição de condenado na AP 470. Suas atividades políticas e profissionais já foram submetidas a total esquadrinhamento. E poderia ser convocado a depor a qualquer momento. Portanto, sua prisão não tem nenhuma relação com as necessidades da investigação realizada no âmbito da Operação Lava Jato;

3. A decisão do juiz Moro, de mandar prender José Dirceu, está relacionada a motivações políticas. Não por acaso ela ocorre na véspera de um programa de televisão do PT, pouco antes da mobilização das forças da direita convocada publicamente pelo PSDB e quando o ainda solto Eduardo Cunha retoma suas atividades desestabilizadoras;

4. O sentido político da prisão de José Dirceu, entretanto, transcende a agenda político-midiática deste mês de agosto. O objetivo principal é outro: trata-se de um passo a mais no sentido de tentar criminalizar o ex-presidente Lula;

5. Não por acaso a prisão coincide com declarações amplamente divulgadas do ex-presidente FHC, cujo objetivo é claro: exigir a capitulação do PT e atacar o ex-presidente Lula;

6. Ao mesmo tempo, a grande mídia deixa de lado ou empurra para baixo do tapete os escândalos que a envolvem (Swissleaks-HSBC) e o teor das delações premiadas que incriminam fortemente Aécio Neves, Aloysio Nunes, FHC e outras lideranças do PSDB. O que deixa ainda mais à vontade o juiz Moro para agir seletivamente ao decidir quem será indiciado ou preso;

7. Por tudo isto, reiteramos nossa opinião, já manifesta em documentos divulgados nos dias 18 de julho ("No olho do furacão") e 1 de agosto ("É preciso reagir, já!!!"): a direção nacional do Partido dos Trabalhadores e o governo encabeçado pela presidenta Dilma precisam sair da postura de espectadores e convocar uma mobilização em defesa das liberdades democráticas. Mobilização que só terá capacidade de convocatória junto aos setores populares se for acompanhada de uma mudança imediata e total na política econômica;

8. Os graves erros cometidos pelo PT (na estratégia, na relação com o oligopólio da comunicação, com setores da direita e do capital, ao aceitar receber financiamento empresarial, bem como no retardo e na timidez com que setores do Partido fazem autocrítica e mudam sua atitude frente a estes erros) facilitam a ofensiva conservadora. Mas neste momento, prosseguir com tal incoerência, passividade e vacilação não seria apenas um grave erro: constituiriam criminoso suicídio;

9. A Operação Lava Jato não é mais uma investigação judicial. É uma operação política, cujo alvo principal é o PT. Esperamos que a direção nacional do PT se manifeste a respeito destes temas e, principalmente, que convoque uma jornada nacional de mobilização. Antes que seja tarde

(Nota da Direção Nacional da AE no Editorial)

Para baixar a edição completa: Página 13 nº 145 ago 2015

Para ler online: Página 13 nº 145 ago 2015


Página 13

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