Publicado no Jornal Página 13, n° 113 - 2ª edição, Outubro de 2012
*Por Rafael Tomyama
O resultado eleitoral do primeiro turno contrariou os prognósticos pessimistas sobre o desempenho do PT e seus aliados na disputa em Fortaleza. Dizia-se que o peso do desgaste de oito anos de administração petista não permitiria emplacar um candidato "desconhecido" do eleitorado. O que se verificou foi exatamente o inverso: tanto a avaliação da gestão e do desempenho pessoal da prefeita Luizianne Lins melhoraram com a campanha.
Além disso, o advogado e candidato do PT, Elmano de Freitas, saiu dos últimos lugares nas pesquisas e foi consagrado com uma votação de mais de 300 mil votos (25,44%) e com uma vantagem de aproximadamente 20 mil votos a frente do segundo colocado, o deputado estadual Roberto Cláudio (23,32%) do PSB do governador Cid Gomes, irmão do ex-deputado federal Ciro Gomes.
A estratégia das campanhas adversárias mostrou-se ineficaz ao desferir críticas e ataques à gestão municipal. Ao contrário do que previam, o PT não assumiu a tática de "esconder" a Prefeita. O meio popular, principal beneficiado pelos programas da prefeitura, começou a compreender o que está em jogo: a continuidade ou não da inversão de prioridades com participação democrática e inclusão social.
O mapa da votação ao lado revela a expressão territorial da luta de classes: a votação do candidato do PT predomina nos bairros mais pobres e periféricos de Fortaleza, enquanto que os candidatos das frações do capital oligárquico se concentram nos bairros (das classes) dominantes.
Sintomaticamente, os candidatos derrotados partiram para expressões desqualificadoras e discriminatórias do eleitorado pobre. E - pasmem - até uma tentativa de anulação judicial do processo eleitoral que acabaram de perder.
Segundo turno
O embate no segundo turno se anuncia bastante acirrado, sob os auspícios do poder econômico e do autoritarismo do clã Ferreira Gomes.
Para além das questões paroquiais, pesa sobre a conjuntura atual as sobredeterminações dos projetos locais e nacional em 2014, as quais colocaram o PSB em rota de colisão com o PT em várias capitais, como: Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte, Maceió, João Pessoa, Recife, Teresina, Natal e Fortaleza, entre outras.
Evidentemente que o menos interessado nesta instabilidade na "governabilidade" é o Planalto central. Por isso a reticência da Presidenta Dilma em se envolver nos embates em que os partidos da base se encontra dividida.
Assim, a expectativa recai sobre a vinda de Lula em apoio ao candidato do PT, mesmo com as pressões do grupo do mandatário do governo estadual para que tal visita não se configure e apesar do candidato socialista não demonstrar o mesmo pudor em se utilizar dos nomes dos petistas Lula e Dilma em sua propaganda.
Considerando o contexto de divisão da base aliada em várias grandes cidades, apontando uma série de resultados desfavoráveis ao partido, a confirmação da vitória em Fortaleza joga um papel decisivo no desenho nacional dos cenários de futuro para o PT e para a esquerda.
*Rafael Tomyama é militante do PT em Fortaleza
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Proporcional
Na chapa de vereadores o PT em Fortaleza não saiu coligado com outros partidos e manteve quatro vereadores eleitos, ou seja, o mesmo número que elegeu há quatro anos. O PT continua com a maior votação de legenda dentre todos os partidos concorrentes: 24.482 votos. Mas este resultado representa menos da metade do que o partido recebeu em 2008.
A novidade desta vez foi a eleição do advogado e ex-titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano, Deodato Ramalho. Com o apoio da Articulação de Esquerda no Ceará, ele alcançou 6.964 votos, sendo o quarto mais votado do PT e o vigésimo segundo dentre os 43 eleitos. Os demais: Acrísio, Guilherme e Ronivaldo, já eram parlamentares.
Interior
Num balanço preliminar o PT no Ceará mais que dobrou o número de prefeitos eleitos, passando de 13 para 30 novos prefeitos. O PT compôs cerca de 45 alianças vitoriosas pelo interior do estado, além de disputar o segundo turno na capital. No cariri cearense, em Juazeiro do Norte e no Crato, as candidaturas petistas foram derrotadas, mantendo, o Partido, apenas a Prefeitura de Barbalha.
Em Iguatu, cidade-pólo da região Centro Sul do estado, cujo DM é dirigido pela AE, segue a indefinição quanto ao resultado final, já que o registro da candidatura do aliado PRB permanece aguardando julgamento de recurso no TSE. Caso seja aprovado, a coligação com o PT tem maioria. Do contrário haverá nova eleição. O PT elegeu dois vereadores no município.
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