sábado, 27 de setembro de 2014

Saiu o Página 13 de outubro


Editorial

Demarcar o campo de classe

Página 13 de outubro deve chegar aos leitores antes do primeiro turno das eleições presidenciais de 2014. Este editorial está sendo escrito no dia 22 de setembro.

Os dados disponíveis nesta data indicam que a disputa presidencial será resolvida no segundo turno. E que este segundo turno será disputado entre a presidenta Dilma Rousseff e a candidata Marina Silva, com o apoio do PSDB de Aécio Neves.

Evidentemente, não se pode descartar totalmente a hipótese de uma (nova) reviravolta, que leve Aécio Neves ao segundo turno. Mas em qualquer caso, estamos diante de uma disputa duríssima, em que o principal “programa” da oposição será tentar derrotar o Partido dos Trabalhadores.

Para derrotar este “programa”, precisamos politizar, polarizar, mobilizar, ter disposição para vencer e não subestimar os inimigos.

É preciso lembrar que a disputa não é apenas contra Marina Silva e/ou Aécio Neves. Disputamos contra uma “coalizão do mal”, integrada pelo conservadorismo de direita, pelo oligopólio da mídia, pelo grande capital e por potências internacionais que pretendem desintegrar a América Latina e os Brics.

Trata-se de uma disputa política, com p maiúsculo: um conflito entre dois grandes blocos sociais, entre diferentes caminhos de desenvolvimento para o Brasil.

A eleição de 2014 é parecida e ao mesmo tempo diferente das anteriores. Como em 1989, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, há dois projetos em disputa. Mas a correlação de forças entre as grandes classes sociais brasileiras é distinta, em cada um destes momentos e hoje.

Do ponto de vista das classes sociais, o que há de novo em 2014?  Por um lado, cresceu no grande empresariado capitalista e nos setores médios, a disposição de derrotar o PT. Por outro lado, cresceu o número de trabalhadores que estão em dúvida sobre seu voto.

Frente a esta situação, a campanha Dilma e o PT devem adotar uma tática muito clara: priorizar a conquista dos votos da nossa base social, especialmente os votos da juventude trabalhadora. Os objetivos de disputar os setores médios e neutralizar setores do grande empresariado devem estar presentes, mas nosso foco está em ganhar a maioria do povo e do eleitorado, que é trabalhadora.

Devemos continuar fazendo o que começamos logo depois de 13 de agosto: mostrar quais interesses estão por trás da oposição, lembrar como era o país até 2002, falar das mudanças que fizemos a partir de 2003, mas acima de tudo deixar claro o que faremos a partir de 2015, com destaque para os seguintes temas:

a) a reforma política, através de uma Constituinte exclusiva seguida de uma consulta oficial à população, para que esta referende ou não as decisões da Constituinte;

b) a Lei da Mídia Democrática;

c) a Política Nacional de Participação Social;

d) negociar a aplicação da agenda reivindicada pela Central Única dos Trabalhadores, onde se destacam o fim do fator previdenciário e a implantação da jornada de 40 horas sem redução de salários;

e) implementar as reformas estruturais, como a já citada reforma política, a reforma tributária, as reformas agrária e urbana;

f) maior oferta e maior qualidade dos serviços oferecidos ao povo brasileiro, especialmente  na educação, no transporte, na segurança e na saúde, com repasse efetivo e integral de 10% das receitas correntes brutas da União para a saúde pública;

g) ampliar a importância e os recursos destinados às áreas da comunicação, da educação, da cultura e do esporte;

h) defesa dos direitos das mulheres, criminalizar a homofobia, valorizar os movimentos sociais, rever a Lei da Anistia de 1979 e punir os torturadores;

i) reforma das polícias e a urgente desmilitarização das Polícias Militares;

i) manter total soberania sobre as riquezas nacionais –entre as quais o Pré-Sal— e controle democrático sobre as instituições que administram a economia brasileira –entre as quais o Banco Central.

Podemos vencer as eleições de 2014 de diversas maneiras. Mas só há uma maneira de ganhar criando as condições para um segundo mandato superior. E esta maneira é demarcando o campo de classe.

Os editores

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Página 13

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