terça-feira, 8 de setembro de 2015

Saiu o Página 13 de setembro!


Editorial

Desafios da Conferência Nacional Popular

O debate atual sobre a organização de uma frente democrática e popular nos remete ao polarizado segundo turno das eleições gerais de 2014 e à retomada de grandes manifestações sociais nos últimos meses, tanto dos setores progressistas e movimentos sociais quanto dos conservadores.

Naquele momento e desde então, a unidade popular tem sido uma necessidade diante da ofensiva conservadora na sociedade brasileira, da agenda regressiva do Congresso Nacional e da opção do governo federal por uma política econômica que agrava o quadro de crise, recessão e desemprego atuais.

O sucesso desta unidade depende de sabermos articular a defesa da democracia contra o golpismo, com a luta pela mudança da política econômica. Noutras palavras: Os trabalhadores têm se mobilizado para não pagarem a conta da crise, ao mesmo tempo em que denunciam as saídas conservadoras presentes na agenda Brasil de Renan, nas pautas bomba de Cunha e no plano Levy.

A realização em Belo Horizonte, dia 5 de setembro, da “Conferência Nacional Popular em defesa da democracia e por uma nova política econômica” se insere nessa mobilização e debate por saídas à esquerda para a crise.

Ao mesmo tempo, BH sediará uma reunião de comunicadores populares e um encontro da campanha do Plebiscito Constituinte. A Conferência deve constituir a Frente Brasil Popular, que não é uma frente eleitoral, não substitui outras organizações da classe trabalhadora, nem tampouco visa ser um partido alternativo para os que hoje não tem partido.

Precisamos de uma frente representativa de amplos setores da esquerda e do movimento popular, a exemplo de experiências anteriores, como o Fórum Nacional de Lutas, criado na década de 1990, e de articulações populares nacionais como a Campanha contra a ALCA e o Plebiscito da Constituinte do sistema político.

A unidade deve ser construída a partir da plataforma mínima da convocatória da Conferência: Defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, Defesa dos direitos sociais do povo brasileiro, Defesa da democracia Defesa da soberania nacional, Luta por reformas estruturais e populares, Defesa dos processos de integração latino-americana.

A Frente Brasil Popular é um fórum de lutas do campo democrático e popular contra a direita, por outra política econômica e por reformas estruturais populares. Deve reunir movimentos sociais, centrais sindicais, partidos políticos e outras organizações populares, e abrir espaços para a participação de parlamentares, governantes, artistas, juristas, intelectuais, comunicadores, ativistas etc. O sucesso da Frente depende em boa medida de sabermos preservar o método das deliberações por consenso e o protagonismo da CUT, da UNE e do MST. Por isto, a organização da FBP, nacionalmente e nos estados, deve estar baseada em instâncias flexíveis e abertas, que ampliem a participação e respeitem o tempo político das diversas iniciativas de frentes e fóruns de lutas nos estados.

Neste entender, os trabalhos da Frente devem ser coordenados por grupos de trabalho compostos pelas organizações nacionais e por representações das frentes estaduais que apoiem a iniciativa. O método de decisão por consenso e execução através de grupos de trabalho se combina com a criação de secretarias operativas e com as entidades integrantes assumirem tarefas específicas, como comunicação, organização de atividades, formação, entre outras. Estes e outros debates serão realizados ao seu tempo, na Conferência de Belo Horizonte e nos dias que seguirão.

O fundamental é fazer prevalecer a decisão política de amplos setores da esquerda social do país, de criar um fórum para enfrentar conjuntamente os problemas de curto, médio e longo prazo. E convocar, ao final da Conferência, jornadas unificadas de lutas, pois da reação das classes trabalhadoras dependerá a derrota do golpismo expresso por Cunha, Renan e Levy.


Jandyra Uehara, da executiva da CUT

Bruno Elias, secretário nacional de movimentos populares do PT

Valter Pomar, editor de Página 13


Baixe aqui a nova edição do jornal:

Página 13 nº 146 set 2015

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