quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Já saiu o Página 13 de novembro

Para baixar o jornal na íntegra: Página 13 nº 148, nov. 2015 


Editorial

Um ano depois

A presidenta Dilma Rousseff compareceu ao 12º Congresso da Central Única dos Trabalhadores e fez um firme discurso contra o golpismo.

Todo apoio à presidenta Dilma contra o golpismo. Entretanto, para que o combate ao golpismo tenha maiores chances de êxito, é preciso mudar a política econômica.

Foi nesta linha a entrevista que (tardiamente, muito tardiamente) o presidente nacional do PT Rui Falcão concedeu, no dia 18 de outubro de 2015, para o jornal Folha de S. Paulo.

Infelizmente, a presidenta Dilma esclareceu que esta era a opinião do PT, não a opinião do governo. E no momento do fechamento desta edição, mister Levy continua na Fazenda.

A presidenta Dilma acredita que o ajuste conduzido pelos ministros Levy & Barbosa é necessário para o reequilíbrio fiscal, depois do que viria a transição para um novo ciclo de desenvolvimento.

A presidenta Dilma está equivocada, por dois motivos principais. Este ajuste não está provocando, nem vai provocar equilíbrio, entre outros motivos devido à política de juros e a queda na arrecadação. E o desgaste político causado por este ajuste ajuda as forças golpistas, agora e/ou em 2018.

Em seu discurso no Concut, a presidenta Dilma disse que o ajuste é necessário, porque no combate aos efeitos da crise internacional chegamos a um limite orçamentário.

Em certo sentido, isto é verdade. Mas a presidenta Dilma deveria responder por qual motivo, desde 2006 e até agora, mesmo nos melhores momentos do ponto de vista econômico e político, não fizemos as reformas estruturais que permitiriam ampliar os tais “limites orçamentários”.

Sem reformas estruturais, a nossa capacidade de melhorar a vida do povo estará sempre limitada não apenas pelo orçamento, mas pelo conjunto de “circunstâncias” estruturais que caracterizam o capitalismo brasileiro.

Se quando estamos fortes não tentamos fazer reformas; e se quando estamos fracos não podemos fazer reformas, então não faremos reformas nunca. E sem fazer reformas, nos converteremos em administradores do status quo. E nossa capacidade de fazer diferente será definida pela elasticidade tolerada pela própria ordem das coisas, maior em algumas conjunturas, menor em outras.

E por falar em reformas estruturais, causa espanto que a presidente fale duro contra o golpismo, mas não diga uma palavra acerca da postura do grande capital e do oligopólio da mídia. Coube ao plenário do Congresso da CUT, para quem a presidenta Dilma discursava, lembrar que “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”.

O golpismo não é um fenômeno conjuntural, nem limitado à oposição partidária. É o conjunto da classe dominante brasileira que não tem compromisso com a democracia. Mas se é assim, fica novamente a questão: desde 2003, fizemos tudo o que poderia ter sido feito para ampliar a democracia?

Aliás, neste ano de 2015 estamos fazendo tudo o que deve e pode ser feito contra os que instrumentalizam e partidarizam a ação da Justiça, do Ministério Público, da Polícia Federal e das concessões públicas de Rádio e TV?

Sem isto, sem agir como governo contra os que atropelam a Constituição, de que adianta o duro ataque que a presidenta fez contra o ódio e a intolerância da oposição? O ódio e a intolerância não serão derrotados com bons modos, nem com acenos à “classe média”. É da consciência e luta da classe trabalhadora que depende nosso futuro.

O discurso da presidenta Dilma no Concut foi muito importante. Estamos juntos na luta contra o golpismo, pela manutenção e ampliação das liberdades democráticas. E a melhor maneira de defender as liberdades democráticas, a legalidade e o governo Dilma, é mudar a política econômica de ajuste fiscal recessivo e neoliberal.

Qualquer outra maneira pode conduzir a vitórias, mas serão de Pirro.


Página 13

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