Militantes cutistas diante da sede da Petrobrás. Foto: Luiz Carvalho |
Durante ato em São Paulo, Central aponta que leilões previstos para os próximos dias 14 e 15 afetarão também investimento em cultura e educação
Por: Luiz Carvalho
Dirigentes da CUT e representantes dos movimentos sociais se reuniram nesta quinta-feira (9), diante da sede da Petrobrás, em São Paulo, para cobrar do governo federal o cancelamento do leilão de 289 blocos de petróleo.
Marcado para os dias 14 e 15 de maio, no Rio de Janeiro, a rodada de negociação entregará às multinacionais a exploração de uma reserva de 30 bilhões de barris, que representa um patrimônio em torno de três trilhões de dólares. Em troca, pagarão um bilhão de dólares.
“A Europa e os Estados Unidos estão em crise e querem buscar lucro aqui no Brasil pelo mesmo petróleo que causou a guerra na Líbia e recentes ameaça à Argélia pelos EUA. Estamos mobilizando nossas bases para dizer novamente que o petróleo é nosso”, disse o diretor Executivo da CUT, Júlio Turra.
O dirigente afirmou ainda que o repasse da riqueza para mãos estrangeiras impactam diretamente sobre o preço que o cidadão paga pelo que consome.
“Como é controlada pelo governo, a Petrobrás pode e vem praticando uma política de controle dos preços do petróleo, abrindo mão de parte dos lucros. Porém, quanto mais você internacionalizar a economia, mais permitirá que empresas estrangeiras tenham acesso ao nosso produto e optem por exportar porque é mais lucrativo. Um cenário que gera menor oferta e pressiona a inflação, porque os produtos dependem do combustível para o transporte”, avaliou.
Diante disso, o presidente da CGTB, Ubiraci de Oliveira, o Bira, a classe trabalhadora está mobilizada para defender o patrimônio nacional.
“Nós enfrentamos a ditadura, botamos para fora um presidente que queria acabar com o país e colocamos um operário na presidência. Não custará nada invadir um leilão no Rio de Janeiro para defender nossas riquezas”, alertou.
Grande negócio para as multinacionais – Para o vice-presidente da Associação de Engenheiros da Petrobrás, Fernando Siqueira, os leilões não se justificam.
“O Brasil descobriu no pré-sal 54 bilhões de barris. Somados aos 14 bilhões que já tínhamos, teremos 62 bilhões e isso nos dá autossuficiência para os próximos 60 anos. Então, por que precisamos realizar leilões para atrair investidores em pesquisa?”, questiona.
Paralisados desde 2008 por conta da pressão dos movimentos sociais, os leilões representam um grande negócio para as multinacionais.
Em 1997, uma lei no governo Fernando Henrique Cardoso quebrou o monopólio da Petrobrás na exploração petrolífera por meio da Lei 9.478. A mesma lei determina que 100% do que é extraído vai para a exploradora e, no máximo, 10% dos royalties – valor sobre o que é produzido – chega às mãos do Estado.
Para piorar, a Lei Kandhir ainda garante a isenção de impostos para a exportação de matéria-prima, o que significa enviar o petróleo gratuitamente para as matrizes. Fator que explica as 60 transnacionais interessadas.
“Isso é um crime de lesa-pátria. No mundo todo, ao menos 80% da produção fica com o Estado. Inclusive, porque o governo brasileiro estrangula a Petrobrás a importar combustível e vender mais barato, mas não faz o mesmo com a Chevron, com a Shell. Temos que ir para as ruas dar respaldo à presidenta Dilma para que possa cancelar esse leilão”, defendeu.
Todos às ruas
Os movimentos sociais planejam organizar atividades em Fortaleza, Curitiba, Belo Horizonte e Brasília no dia 13. A grande manifestação, com a participação de diversas categorias cutistas, acontece no dia 14, data do leilão.
Algumas das organizações que participarão dessas atividades aproveitaram para destacar os prejuízos da entrega do patrimônio brasileiro a empresas estrangeiras.
Caso da União Nacional dos Estudantes, representada pela secretária-geral, Michele Bressan, que defendeu a manutenção do recurso nas mãos da Petrobrás para que os lucros sejam investidos em educação e no fortalecimento da indústria.
Coordenador geral do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-NF), Itamar Sanches, disse que, ao invés de privatizar, o governo federal deveria investir no aperfeiçoamento da produção. “Temos que agregar valor ao refinamento e tirar propriedade do que extraímos ao invés de deixarmos que essa riqueza vá para o estrangeiro.”
Diretora regional de São Paulo do Partido Pátria Livre, Lidia Correa, lembra o papel da Petrobras para o desenvolvimento o país.
“A indústria naval voltou a crescer, voltamos a investir em plataformas e sondas. O que está em jogo é nosso desenvolvimento. Shell e Chevron não querem exploração planejada, visam somente o lucro.”
Porque somos Petrobrás – A CUT grafa Petrobrás, com acento, em repúdio à tentativa de mudança de nome da estatal pelas mãos do ex-presidente FHC, em 2000. Ele queria transformar a empresa em Petrobrax para tornar o nome mais palatável a fim de vender ao capital estrangeiro um dos maiores patrimônios brasileiros. Graças à mobilização da classe trabalhadora e ao fim do governo tucano, felizmente, só perdermos o acento.
CUT
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