segunda-feira, 22 de junho de 2015

Nota da AE sobre incidente com senadores brasileiros na Venezuela

Tendência petista Articulação de Esquerda aprova Nota sobre o caso dos senadores brasileiros na Venezuela. O texto será apresentado como projeto de resolução na próxima reunião da direção nacional do PT


Sobre o incidente com os senadores brasileiros na Venezuela

Uma comitiva de Senadores da oposição brasileira, formada pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), José Agripino Maia (DEM-RN), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), José Medeiros (PPS-MT) e Sérgio Petecão (PSD-AC), viajou à Venezuela, em um avião da FAB, numa tentativa de visitar Leopoldo López, político oposicionista venezuelano, que se encontra preso há 15 meses no país vizinho.

Leopoldo López foi um dos principais articuladores do Golpe de Estado em 2002 contra o então Presidente Hugo Chávez. O referido golpe fracassou graças à mobilização do povo venezuelano.

Leopoldo López também foi responsável por liderar a invasão da embaixada cubana em Caracas, infringindo todas as convenções internacionais sobre a imunidade das embaixadas e embaixadores, no mesmo episódio.

Mesmo tendo a marca do golpismo em seu passado, Leopoldo López foi pré-candidato à presidência da República Bolivariana da Venezuela em 2012, sendo derrotado ainda nas prévias de seu partido.

Este fato demonstra a existência de liberdade de expressão e de organização no país vizinho, acusado injustamente, de maneira incessante, de falta de democracia interna pelo oligopólio da mídia.

Em 2014, Leopoldo López passou mais uma vez a articular e a liderar as forças do golpismo venezuelano, criando o movimento La Salida, responsável por tentar desestabilizar o governo do Presidente Nicolás Maduro, através de atos terroristas e de sabotagem, responsáveis por dezenas de mortes no ano passado.

Por seu envolvimento direto nestes atos criminosos, Leopoldo López encontra-se hoje preso na Venezuela. Não é portanto um preso por delito de opinião, ao contrário do que propaga a grande mídia internacional – no Brasil representada pela Rede Globo , Revista Veja, Grupo Folha, Grupo Estado, dentre outros.

Trata-se de um prisioneiro condenado por atos de sabotagem e pela morte de dezenas de compatriotas seus, preso pelas autoridades competentes venezuelanas, responsáveis legítimas por julgar e incriminar qualquer infração que fira a ordem constitucional daquele país.

Da forma como foi pensada e feita, a ida de uma comitiva de senadores brasileiros à Venezuela constitui uma intromissão nos assuntos internos daquele país. Não envolve cidadãos brasileiros, tampouco trata-se de uma comissão internacional. Trata-se de uma tentativa de questionar e pressionar o país vizinho, membro do Mercosul, e constitui-se em grave ingerência à política daquele país, inadmissível para qualquer país soberano do mundo. Não havendo justificativa ligada à segurança nacional, sequer justifica o uso de um avião da FAB para esta missão ilegítima.

A Venezuela é um país livre e soberano, com um Presidente eleito de forma regular, por maioria de votos, em um processo cuja lisura foi reconhecida internacionalmente. Além disso, a Venezuela possui uma Constituição, elaborada em 1999, aprovada por mais de 70% da população, que deve ser respeitada por todas as nações do mundo.

A comitiva de senadores brasileiros, lideradas por Aécio Neves, assumiu a responsabilidade por seus atos na medida em que, em posse de suas razões, viajaram à Venezuela para encontrar-se com um criminoso comum, reprovado nas urnas e nas ruas pela maioria dos venezuelanos, e encarcerado pelo sistema judicial daquele país.

Trata-se de mais uma tentativa do senador Aécio Neves buscar algum protagonismo após ter sido derrotado nas eleições presidenciais de 2014.

Ainda inconformado com a derrota, faz um simulacro de condutor da política internacional do Brasil, afrontando, assim, a autoridade do Ministério das Relações Exteriores, do Itamaraty e da presidenta Dilma Rousseff.

Esta missão não tinha senão a intenção de reavivar os ânimos golpistas daquele país e o de causar, com isto, uma crise diplomática entre os governos brasileiro e venezuelano.

Entendemos que a atitude correta do governo brasileiro frente a esta ação deve ser denunciar publicamente as intenções desta missão e não permitir qualquer tipo de sanção ou constrangimento ao governo da República Bolivariana da Venezuela.

Além disso, o Partido dos Trabalhadores deve exigir do Senado brasileiro desculpas ao governo e ao povo venezuelanos, pelo mau exemplo dado por parte de uma ínfima minoria de seus membros, em missão não-oficial, bem como censura pública aos parlamentares participantes desta missão golpista.

O povo venezuelano, como todos aqueles que são invadidos por forças externas, tem todo o direito de manifestar sua contrariedade e seu descontentamento em relação a esta missão. As ruas do mundo são do povo e devem ser ocupadas sempre que se sentirem ameaçados em seus direitos.


Direção Nacional da Articulação de Esquerda
19 de junho de 2015



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