quarta-feira, 3 de junho de 2015

Tese Reconquistar a UNE ao 54º CONUNE


A tese Reconquistar a UNE é construída pelos estudantes organizados na Articulação de Esquerda, tendência do Partido dos Trabalhadores (PT).

Baixe aqui na íntegra: Tese Reconquistar a UNE ao 54º CONUNE

Confira abaixo a apresentação da tese:

APRESENTAÇÃO

Uma UNE e um CONUNE para tempos de guerra

Milhares de estudantes de universidades públicas e particulares se encontrarão entre os dias 03 e 07 de junho na cidade de Goiânia-GO para debater os rumos da União Nacional dos Estudantes.

Será um espaço de debate acerca da situação política do país, da educação e do papel do movimento estudantil. Irá também deliberar as diretrizes que nortearão as ações da UNE nos próximos dois anos, bem como eleger a nova direção da UNE.

Não faltará assunto para debatermos e muito menos motivos para organizar e articular as nossas lutas. No país vivemos um momento de grande efervescência do debate político e da luta social.

Tem gente indo às ruas pedindo a volta da Ditadura Militar; tem deputado achacador tentando aprovar a lei de terceirização (PL 4330) para tirar direitos dos trabalhadores; tem deputado golpista querendo receber dinheiro de empresa; tem ministro da fazenda dizendo que é preciso ajuste fiscal recessivo (MPs 664 e 665) para solucionar a crise; e entre tantas outras coisas, tem a maldita crise.

Nas universidades a situação não é diferente. O ano já iniciou com corte de recursos para a educação, problemas no FIES, atrasos nas bolsas, greves nas estaduais e uma necessidade emergencial de assistência estudantil.

Será nestas circunstâncias que a UNE realizará seu 54º Congresso. A UNE que tem na sua história marcas profundas da defesa pela educação pública, do combate à ditadura, da luta pela redemocratização, pela criação da Petrobrás e na defesa dos estudantes e das trabalhadoras e dos trabalhadores que com sangue e suor, vão construindo o nosso país.

É por tudo isso que a cada nova manifestação e ataque à classe trabalhadora e aos estudantes ouvimos um grito de alerta feito à UNE. Uma de nossas mais antigas ferramentas de luta, forjada em pleno ano de 1938, precisa ter o fio de sua lâmina afiado para enfrentar os novos combates.

É com o desejo de escrever uma nova página na história da União Nacional dos Estudantes, que nos colocamos novamente à disposição de todas e todos que querem Reconquistar a UNE para a luta e para as/os estudantes.

Reconquistar a UNE para a Luta e Para as/os estudantes!

O movimento estudantil é uma ferramenta importante para transformar a educação e incidir nos rumos do país. A UNE, entidade máxima do movimento estudantil, durante anos serviu a estes objetivos.

Ela tem história. Criada em 1938, a UNE ajudou a combater o fascismo, fez a grande campanha “o petróleo é nosso”; defendeu as reformas de base, lutou e perdeu lutadoras e lutadores na guerra contra a ditadura; impulsionou as “diretas já” e pintou a cara da juventude no “fora Collor”.

Mas há tempos nossa entidade distanciou-se das ruas e da vida dos estudantes. Por isso estamos aqui, falando mais uma vez que precisamos Reconquistar a UNE.

Queremos a UNE viva, atual, discutindo os problemas do cotidiano dos estudantes. Queremos a UNE combatendo o conservadorismo e enfrentando qualquer tipo de opressão.

Entretanto, uma política burocrática e autoritária há mais de duas décadas se encontra encastelada na maioria da diretoria da UNE, que nesse Congresso apresenta a tese “Abre Alas”. É só olharmos para a apatia, para a falta de democracia, e o controle fechado dos rumos da entidade.

Indignados com o estado das coisas, militantes do movimento estudantil de todos os cantos do Brasil, que constroem desde 1998 a tese Reconquistar a UNE se organizam novamente. É também mediante essa indignação e da necessidade de apontar uma nova perspectiva para a UNE que nos somamos na criação do Campo Popular, forjado no Conselho Nacional de Entidades de Base de Recife em fevereiro de 2013.

O objetivo da Reconquistar a UNE é construir uma nova dinâmica para o cotidiano da entidade, que aponte para um movimento estudantil combativo e diverso – mas coeso no encaminhamento das lutas; que construa um projeto transformador para a universidade brasileira; que faça o debate na sala de aula, que seja referência para os estudantes.

Para tanto é necessário derrotar a atual maioria, e, ao mesmo tempo, começar a reconstruir e revolucionar o movimento estudantil. Para essa tarefa – que não começou e não vai acabar em Goiânia – é preciso unificar todos os que defendam uma entidade de luta e democrática para se somarem conosco e construírem o Campo Popular.

Queremos trazer de volta as melhores tradições da UNE. Fazer diferente, mudar a cara do movimento estudantil e Reconquistar a UNE para o conjunto dos estudantes e para a luta.

Contamos com você nessa batalha.

E quem ousa falar e fazer isso?

Somos aquelas e aqueles que não param de sonhar. Que herdaram o sangue de quem foi perseguida, escravizada, torturada e que morreu defendendo um mundo mais justo, livre de todas as formas de exploração e opressão.

Somos aquelas e aqueles que seguem as palavras do poema de autoria desconhecida que segue nos inspirando e dizendo:

“… não mudamos de lado. E continuamos chamando as coisas pelo seu nome. Direita é direita, esquerda é esquerda. Todo projeto e toda ação está a serviço de uma classe. Tirar direito não é fazer justiça. O neoliberalismo não acabou. [...] Ah, e é bom escrever: a luta de classes continua, crudelíssima! E nosso lado é o dos de baixo. Por isso, continuamos socialistas. Por isso, nosso lugar é o mesmo de sempre. Dele nunca saímos. E nem pretendemos. Nosso lugar é junto aos estudantes, junto às ruas, junto às greves, no meio das ocupações, na luta nossa de cada dia. Metendo o dedo em cada ferida, apontando de novo cada injustiça. Por isso avisamos aos navegantes desavisados: o sonho não acabou. Aos que desfraldaram as bandeiras e trocaram a camiseta surrada por gravata listrada, relatório e fala empolada: boa viagem. Mas não contem conosco. O nosso caminho é outro. O de sempre. E por isso estamos aqui de novo. Para fazer acontecer mais um encontro de gente rebelde!”

Sigamos todas e todos rumo ao 54º CONUNE, pois se o presente é de luta, o futuro nos pertence!

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