Página 13 nº 143 junho 2015
Editorial
Esperanças em jogo
Nos dias 12 a 14 de dezembro de 2013, em Brasília, foi realizada a primeira etapa do 5º Congresso do Partido dos Trabalhadores, que homenageou os companheiros Luiz Gushiken e Marcelo Déda. No mês anterior, o partido havia realizado o Processo de Eleição Diretas, em que foram eleitas as novas direções partidárias em todos os níveis, bem como as delegações ao 5º Congresso.
Além de aprovar resoluções e moções, aquela primeira etapa remeteu propostas ao 14º Encontro Nacional do PT, realizado nos dias 2 e 3 de maio de 2014, e à segunda etapa do Congresso, que ainda não tinha data marcada.
Ao longo dos meses de março, abril e maio de 2015, foram realizadas diversas etapas preparatórias (municipais, estaduais e etapas livres) e cinco debates nacionais para que a militância discutisse os temas do Congresso e encaminhasse propostas à plenária final.
O Diretório Nacional do PT, no dia 29 de novembro de 2014, havia aprovado uma resolução contendo a pauta da segunda etapa do Congresso:
1.Estratégia e programa do PT
- Atualização do projeto partidário
- Desafios dos novos tempos
- Situação política internacional e nacional
- Quarto governo do PT e perspectivas futuras
2.Aprimoramento da organização partidária
- Renovar o modelo de organização do PT
- Alteração do estatuto
- Processo de eleição das direções partidárias
Na programação presente naquela mesma resolução, que previa 4 dias de atividades, estava prevista a realização de painéis e debates para cada item e subitem da pauta, bem como um momento dedicado a debater um plano de ação partidária para os próximos 4 anos.
Na programação atual, com 3 dias, os painéis foram suprimidos e incluiu-se um seminário internacional, uma noite para reunião interna das correntes e uma manhã dedicada a trabalhos em grupo.
Haverá dois momentos de votação, abrindo e encerrando o Congresso. O primeiro votará o regimento interno e o texto que será a base da resolução final. O segundo votará as emendas ao texto base e moções.
De acordo com o regimento interno, a Comissão de Textos e Debates deveria apresentar até o dia 5 de junho um texto “sintetizando as diversas contribuições e os textos e propostas recebidos”. As emendas ao texto base aprovado na primeira sessão plenária da segunda etapa do 5º Congresso podem ser apresentadas por 10% dos delegados e delegadas eleitas e pelas chapas nacionais.
No PED 2013 foram eleitos 1600 delegados e delegadas indicadas pelas chapas. Mas a etapa de Salvador (11 a 13 de junho de 2015) será realizada com apenas 800 dos delegados e delegadas eleitas há um ano e meio, com a proporção apresentada na tabela abaixo.
De novembro de 2013 a junho de 2015, a conjuntura sofreu consideráveis alterações. É ilustrativo a este respeito que uma das chapas que disputaram o último PED tenha decidido sair do partido, talvez o menor dos vários indicativos de que o ambiente no qual se consolidou a correlação de forças entre as chapas é muito distinto do atual, no qual serão votadas as resoluções da instância máxima do partido.
Se a delegação à segunda etapa do 5º Congresso tivesse sido eleita durante a atual crise do PT, a aplicação do ajuste fiscal e a falência da coalizão de governo, haveria uma maioria absoluta? Jamais saberemos.
Nossa esperança, dos signatários da tese Um partido para tempos de guerra, é que as expectativas depositadas pela base militante petista neste 5º Congresso exerçam significativa pressão sobre os delegados e delegadas para que votem resoluções que permitam ao PT encontrar um novo mapa do caminho capaz de superar o momento difícil e aprofundar as mudanças que o país e a classe trabalhadora precisam.
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