sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Carta sobre a situação da AE na composição da Executiva Nacional do PT


À presidenta Gleisi
Aos/às integrantes da comissão executiva nacional do PT
Aos representantes das chapas inscritas no 6º Congresso

Como é de vosso conhecimento, a chapa A esperança vermelha – impulsionada pela tendência petista Articulação de Esquerda – elegeu 5 integrantes no Diretório Nacional do PT, dos quais 1 também integra a Comissão Executiva Nacional do PT.

Entretanto, devido a divergências sobre o método e sobre o resultado do processo de composição da CEN, ainda não indicamos nosso nome para a CEN, tampouco aceitamos assumir o cargo que nos foi proposto.

Nos dias 5 e 6 de agosto, fizemos uma reunião da direção nacional da Articulação de Esquerda e, entre outros assuntos, discutimos a composição da executiva nacional.

Nossa maior preocupação é com a aplicação da paridade; esperamos que este impasse seja solucionado na reunião que o Diretório Nacional do PT fará nos dias 22 e 23 de setembro.

A este respeito, nossa opinião é que 8 cargos devem ser ocupados por mulheres e 8 cargos ocupados por homens. Entendemos que esta é a única "fórmula" coerente com o termo paridade.

Consideramos que a outra possibilidade – que 5 cargos sejam ocupados por mulheres e 6 cargos mais 5 vices sejam ocupados por homens – é uma distorção total do que aprovamos no Congresso partidário acerca da paridade.

Além de garantir a aplicação da paridade, estamos preocupados também em garantir o direito que a tendência petista Articulação de Esquerda tem –  direito conquistado com nossa votação no Congresso do Partido – de participar da Executiva nacional.

Reiteramos nossa intenção de continuar desempenhando uma tarefa executiva, com profissionalização de dirigente, assessoria e equipe, como ocorre há cerca de 24 anos.

Vale lembrar que militantes da AE já exerceram a secretaria de movimentos populares (Sonia Hypólito, Bruno Elias), a secretaria de relações internacionais (Valter Pomar, Iriny Lopes, Iole Iliada), a secretaria de formação política (Iriny Lopes) e a terceira vice-presidência (Valter Pomar), sem que nunca nosso desempenho tenha sido avaliado negativamente, sem que nunca fossemos acusados de “aparelhamento” da instância em favor dos interesses da tendência de que fazemos parte.

Até por este histórico, nos sentimos a vontade para reiterar que o método adotado para distribuir as funções na CEN não foi, em nossa opinião, o mais adequado. Noutras vezes, o Partido conduziu diferente e melhor a composição da CEN.

Se tivesse ocorrido uma discussão coletiva, teríamos podido apresentar nossa opinião acerca da denominada “secretaria de mobilização”; teríamos explicado por quais motivos não nos sentimos a vontade para assumir tal secretaria; teríamos buscado demonstrar que temos dirigentes e experiência acumulada para melhor contribuir com o Partido em outras tarefas. E teríamos, quem sabe, sido convencidos do contrário.

Mas, na ausência de uma discussão coletiva, prevaleceu o método dos contatos bilaterais, onde o que nos foi dito, proposto, sugerido e insinuado nem sempre pode ser afirmado abertamente ou por escrito.

O PT não adota a proporcionalidade qualificada, mas tampouco devemos adotar uma proporcionalidade desqualificada.

Seja como for, temos mais de um mês, até a reunião do Diretório Nacional – a quem cabe eleger os integrantes e atribuir tarefas as/aos integrantes da CEN – para construir coletivamente uma solução consensual para o contencioso.

Se não for possível uma solução consensual, decidiremos acerca de nossa participação ou não na CEN, bem como acerca de assumir ou não o que nos for proposto.

Confiamos, sinceramente, que é possível encontrar uma solução, especialmente se isto não for deixado para a véspera da reunião, como ocorreu tanto no DN quanto no planejamento da CEN. Esperamos que o pior não ocorra. De toda forma, ninguém precisa de cargo nem de profissionalização para construir o PT.

A direção nacional da AE
13 de agosto de 2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário