12/04/2012
Plenária Nacional da Coordenação dos Movimentos Sociais defende que é hora de estancar a sangria especulativa
Escrito por: Leonardo Severo
É chegada a hora do povo brasileiro ir às ruas e dar um basta nos juros altos e no parasitismo do sistema financeiro sobre a sociedade, estancando a sangria de recursos do Orçamento para favorecer banqueiros e especuladores. Esta foi a principal decisão da 10ª Plenária Nacional da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), realizada nesta quinta-feira, no Sindicato dos Bancários de São Paulo, com a participação de mais de 50 dirigentes de vários estados. Para dar maior projeção à reivindicação, a plenária aprovou a data de 5 de junho para a realização de um Dia Nacional de Luta contra os abusos do sistema financeiro.
“Sem colocarmos o bloco na rua, continuarão as tragédias do superávit primário e do fator previdenciário, enquanto a saúde e a educação públicas continuarão à míngua, a reforma agrária não se efetivará, a jornada de trabalho não será reduzida, e tudo ficará mais difícil”, declarou Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT e da direção operativa da CMS, que coordenou a mesa de abertura do evento. Na avaliação de Rosane Bertotti, “os juros altos e o câmbio sobrevalorizado têm sido o foco dos recentes protestos que tomam as ruas das principais cidades do país, ecoando um sentimento cada vez mais generalizado contra a sangria de recursos ao exterior”. A sobrevalorização artificial do real e a consequente desvalorização das moedas estrangeiras, destacou a dirigente cutista, “vêm encarecendo a produção nacional e barateando as importações, que acabam desindustrializando e tirando os nossos empregos”.
CRISE ABRE OPORTUNIDADES
CRISE ABRE OPORTUNIDADES
Valter Pomar fez a análise de conjuntura na Plenária Nacional da CMS |
A análise de conjuntura da Plenária ficou a cargo de Valter Pomar, dirigente nacional do PT e secretário-executivo do Foro de São Paulo (coordenação de partidos de esquerda da América Latina e do Caribe), que fez uma exposição histórica bastante rica sobre os desafios colocados no cenário internacional e seus desdobramentos internos. De acordo com Pomar, a crise dos países capitalistas centrais abre a possibilidade de um novo ciclo de crescimento para o Brasil e para a América Latina, que nos possibilita enfrentar a brutal desigualdade ainda existente com o fortalecimento do papel do Estado e o incentivo a políticas públicas redistributivas.
Pomar alertou para a gravidade da crise em que se vê mergulhada a Europa, “onde o passivo externo da Espanha é igual à dívida externa de todo o Terceiro Mundo, impagável”. Na sua avaliação, a Alemanha, com alta tecnologia e investimentos em bens de capital, com uma indústria pesada e de alta produtividade, está subordinando as economias menores que compravam com o dinheiro que os bancos alemães emprestavam. “O problema é que agora a periferia europeia não tem como pagar e para os bancos alemães não falirem precisam cobrar dos países”. É desta forma, denunciou, que estão sendo impostos governos de ocupação: “na prática, é um governo supranacional, que não é eleito”. O exemplo do aposentado grego que se suicidou aos 77 anos, após ter contribuído por 35 anos com a Previdência, pois se negava a viver revolvendo as lixeiras foi citada por Pomar para dar a dimensão do esfacelamento do Estado de bem-estar social europeu.
Em relação ao Brasil, acredita, a crise internacional abre condições concretas para um crescimento sustentado do mercado interno, desde que haja independência política e ideológica frente às chantagens dos banqueiros. Para efetivarmos o compromisso da última campanha presidencial de “continuar e aprofundar as mudanças”, ressaltou o líder petista, é essencial que o governo enfrente de uma vez por todas o sistema financeiro, sem o que continuará refém de uma lógica perversa, jogando no ralo parte superlativa da riqueza nacional. “Os bancos são o que Brecht dizia, grandes ladrões”, enfatizou.
Leia o restante da notícia no site da CUT Nacional
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