TUDO FORA DE LUGAR
O lugar do PT não é hotel. Nem o PT é lugar de coronel.
Ao longo de seus 33 anos, o PT tem se mantido como a alma viva da luta da classe trabalhadora no Brasil. Neste período, o PT tomou parte das conquistas populares, do amadurecimento democrático e participativo e do aprendizado coletivo dos movimentos reivindicatórios no país.
Há que se reconhecer que, o PT, como resultado do processo histórico de seu tempo, com seus erros e acertos, se constitui numa das mais bem sucedidas experiências históricas de organização consciente do povo explorado.
Se as preocupações iniciais, sobre as quais se debruçaram a militância do PT nos anos 1980 e 1990, foram superadas por novas demandas concretas do presente, segue o desafio de se reinventar como alternativa para militância de esquerda no século XXI.
Mais do que um partido compromissado com a governabilidade institucional, para tentar conduzir uma máquina projetada para manter o status quo, o PT não pode perder ou descaracterizar seu vínculo com as lutas sociais emergentes.
Neste sentido, algumas das reflexões necessárias do Partido encontram-se: nas concepções associadas ao modo petista de governar, nos modelos de desenvolvimento e nas reformas emancipatórias e no papel do partido no enfrentamento das questões das lutas de classes, para superação da ordem capitalista e para construção do socialismo.
Assim sendo, é parte deste aprendizado um balanço acerca da trajetória do PT vitoriosa até aqui. Avaliar o porquê das opções trilhadas, que nos exigem um alto preço para manter um "projeto de poder dos trabalhadores".
Ao ponto de ter que se questionar: de que "projeto" se trata mesmo afinal?
Não poucos atribuirão o sucesso à gradual flexibilização de sua linha programática, cujo ápice se materializou na "Carta aos Brasileiros", na qual se ofereceram as garantias da domesticação aos interesses do capital financeiro internacional, para se obter a "permissão" patronal para o inevitável ascenso do governo operário.
"Mas o povo tem dinheiro no bolso", dirão, "pode comprar casa, consumir eletrodomésticos, automóveis, passagens de avião e fazer faculdade, etc. Não é isso que importa?"
Toda esta "pujança econômica", na verdade, pode se revelar bem limitada a médio prazo.
Em que pesem os avanços, em relação ao desastroso neoliberalismo tucano, a atual política dos governos do PT, que tem se mantido por meio de concessões para garantir a governabilidade, está acumulando erros táticos e estratégicos que podem nos levar à derrota política total e/ou ao fim do projeto de esquerda enquanto tal.
É por conta disso que, apesar de 10 anos de governo petista, as principais reformas que ferem os maiores interesses conservadores (das classes) dominantes, como: democratização das eleições e das comunicações, progressividade de tributos sobre propriedades, agrária, entre outras, andam a passo de tartaruga.
Enquanto isso, ao custo do endividamento público pela alta dos juros e dos sacrifícios do PIB, do câmbio e da balança de pagamentos para conter a inflação, os lucros dos bancos e corporações oligopólicas multinacionais seguem estratosféricos.
Isso ocorre porque sem mudanças estruturais, a classe dominante re-captura a maior parte da riqueza re-distribuída.
O objetivo da crítica não é fazer coro com a torcida dos sem-projeto da oposição e sim nos alertar para corrigir rumos.
Mas ainda há tempo e condições de mudar e seguir por outro caminho.
É preciso avançar bem mais: desprivatizar e desburo-cratizar o Estado, aumentar a empregabilidade conquistando a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, rever o marco regulatório e as concessões da imprensa, legalizar rádios comunitárias, vencer o déficit habitacional e de saneamento, taxar especuladores e grandes fortunas e distribuir muito mais renda e terras, entre outras medidas.
Aumentar o caráter socializante das reformas em curso somente será possível com intensa mobilização popular. O que é o papel da esquerda em geral e do partido em particular.
Implementar estas medidas significa romper com parte da base conservadora que lhe dá sustentação e, ao mesmo tempo, amarra o governo conforme seus interesses próprios. Isto é, deixar de aliar-se às oligarquias nos estados, que alimentam o ciclo vicioso do retrocesso político.
Assim como Sarney, Calheiros e outras figuras emblemáticas da carcomida elite do atraso, no Ceará, por exemplo, a maioria do Diretório Estadual do PT tem se curvado ao domínio imperial dos Ferreira Gomes.
Aqui, o governador Cid Gomes se mete em "rolos" com recursos públicos: inaugura estádio megalomaníaco pra Copa que não servirá para campeonatos locais, quer estaleiro e aquário na orla mas não consegue colocar clínicas médicas para funcionar, paga cachê milionário à artista pra inaugurar hospital que desmorona. Tudo com a conivência da mídia oficialesca que, diferentemente do golpismo que acontece nacionalmente, só "descobriu" que havia hospital público quebrado e falta d'água no sertão após as eleições municipais.
É um governo que permite a enganação dos empréstimos consignados para servidores, retira direitos dos trabalhadores, não cumpre o piso da educação, massacra os professores em protesto dentro do prédio da assembleia legislativa, persegue grevistas, etc.
Seria exaustivo enumerar toda incompetência, fisiologismo e desmantelo perpretado pelo clã Gomes no Ceará e tolerado indiferente pela maioria do PT local, que é usada e colabora graciosamente com ele, compondo secretarias no governo estadual.
Esta história começou na aliança em Sobral, quando ainda trafegavam pelo ninho tucano. Já em 2006, embora o PT representasse uma força importante, porque quase elegeu o governador na eleição anterior, o que derrotaria o tassismo, o PT-CE abriu mão de lançar candidatura em 2006, para catapultar a retrógrada família travestida de esquerda.
Seis anos depois está aí a resultado: o PT derrotado por eles nos principais colégios eleitorais do estado e na capital, Fortaleza, onde protagonizaram um criminoso assalto à democracia.
No contraponto, o PT até obteve resultados eleitorais em outros municípios. Seja na cabeça-de-chapa ou aliados à situação governista. Os eleitos, em sua maioria originários de outras legendas e ideologias, enquanto vão tentando decifrar o blá-blá-blá petista, estão atados pelo conta-gotas clientelista dos recursos governamentais, manejados de acordo com o mapa de fidelidades e votos.
A todos, petistas recentes ou antigos, dizemos: É possível para o PT se construir como uma alternativa de poder qualitativamente superior ao modelo tecnocrático dos modernosos coronéis.
O PT hoje tem a chance de renovar democraticamente sua direção e refazer sua trajetória com autonomia e independência.
É preciso fortalecer a sintonia com os movimentos estudantis, sindicais e populares e a construção dos diretórios municipais do PT na capital e por todo interior do estado.
Por tudo isso, defendemos também que o PT no Ceará inicie o debate em torno da apresentação de uma candidatura própria do PT para eleição ao governo do Estado em 2014. Podendo ainda constituir uma aliança com movimentos sociais e partidos realmente de esquerda, articulados nacionalmente com o propósito de reeleger Dilma presidenta da República.
Acreditamos que, desta forma, com ousadia e esperança podemos de novo vencer o medo e atingir todos os nossos objetivos: derrotar a direita, contribuir para a correção de rumos da atuação partidária e apertar o passo em direção ao socialismo.
Articulação de Esquerda - Ceará
Fortaleza, 28 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Nota da DNAE sobre notícia falsa
Portal do IG publica informação incorreta sobre eleições internas do PT
A coluna Poder Online, editada por Clarissa Oliveira, Juliana Granjeia e Marcel Frota, publicou nesta terça-feira, 26 de fevereiro, uma informação incorreta acerca das eleições internas que o PT realizará em novembro deste ano
Segundo a coluna do IG, as “Correntes do PT avançam na negociação de candidatura contra Rui Falcão”.
O texto fala o seguinte: Avançou no PT a negociação para a formação de uma candidatura para disputar a presidência do partido, contra o atual detentor do cargo, Rui Falcão. As correntes Mensagem ao Partido e Articulação de Esquerda já conseguiram abrir um diálogo com o grupo Movimento PT para tentar uma união para a eleição interna marcada para novembro. Por enquanto, petistas ainda enxergam uma chance reduzida de o Movimento PT aderir à chapa. Se isso ocorrer, o nome escolhido para enfrentar Falcão teria uma candidatura muito mais competitiva. Até a semana passada, falava-se principalmente nos nomes do deputado Paulo Teixeira e do ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra para encabeçar a chapa. Nesta semana, começou a circular também o nome de Raul Pont (PT-RS).
O mesmo texto traz um link para outra matéria, que afirma o seguinte: Um grupo de petistas começou a articular nos bastidores a formação de uma chapa que reúna várias correntes em torno de uma candidatura única para rivalizar com o atual presidente Rui Falcão. Com o apoio do ex-presidente Lula e da ala majoritária do PT, Falcão disputará mais um mandato na presidência do PT na eleição interna marcada para novembro. A corrente Mensagem ao Partido vem tratando do assunto silenciosamente com a Articulação de Esquerda. A primeira é capitaneada pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. A segunda é um dos mais tradicionais grupos da chamada “esquerda petista” e, nas últimas eleições internas, teve como candidato o ex-secretário da sigla Valter Pomar. A Mensagem cita dois possíveis nomes para encabeçar a chapa – o deputado Paulo Teixeira e o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra. Juntas, as duas correntes dificilmente teriam força para rivalizar com Falcão. Mas os mais ambiciosos falam em tentar atrair também o grupo Movimento PT, integrado por nomes como o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia e a ministra Maria do Rosário. Aliados estimam que o atual presidente do PT tenha algo em torno de 60% dos votos no diretório nacional petista. Estão com o deputado os grupos Construindo um Novo Brasil, PT de Luta e de Massa e Novo Rumo para o PT.
Um terceiro link afirma que a corrente petista Mensagem ao Partido marcou para o próximo dia 22 de março uma reunião na qual vai definir se lançará um candidato à presidência do partido na eleição interna marcada para novembro. A corrente fundada pelo hoje governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, tem dois possíveis nomes para a disputa: o deputado Paulo Teixeira (SP) e o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra. Se optar pela candidatura, o grupo vai se contrapor ao atual presidente Rui Falcão, que disputa a reeleição para a vaga com aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ala majoritária do PT, composta pelos grupos Construindo um Novo Brasil (CNB), Novo Rumo para o PT e PT de Luta e de Massa.
Tudo indica que os autores da nota acreditaram nas suas fontes, deixando de ouvir parte dos que são citados. No caso específico da Articulação de Esquerda, cujas posições são públicas e encontram-se disponíveis neste site (www.pagina13.org.br), não cometeríamos o equívoco de negociar candidatura e chapa “contra” alguém. E não por mera formalidade ou protocolo.
A questão é que só participaríamos de chapa e candidatura com outros setores do Partido, se fosse com base num programa comum. E, como sabe todo mundo que acompanha a vida partidária, as posições defendidas pelas tendências Mensagem e Movimento PT são distintas das nossas. Assim como são distintas as nossas posições e as posições defendidas pelo setor que apoia a candidatura de Rui Falcão, especialmente a tendência Construindo um Novo Brasil.
Por isto, ao menos no caso da Articulação de Esquerda, falar de chapa e/ou de candidatura com qualquer outra tendência, suporia um debate preliminar acerca da estratégia, da tática e do funcionamento do Partido, que pudesse convergir para uma posição comum. E no caso das tendências citadas na nota, este debate simplesmente não existiu.
Vale dizer que a Articulação de Esquerda decidiu, em reunião realizada em novembro de 2012, cujas deliberações como já se disse são públicas e publicadas, que reunir-se-á com absolutamente todas as tendências e setores partidários, para apresentar nossas posições, exatamente para verificar pontos de convergência que, mesmo não resultando em chapas e candidaturas comuns, contribuam para o fortalecimento do Partido dos Trabalhadores.
Mas, até agora, as respectivas reuniões entre a direção nacional da AE e as direções da Mensagem e do Movimento PT não foram nem mesmo agendadas.
Portanto, a notícia publicada no IG simplesmente não procede. Até porque, da mesma forma como nos recusamos a participar de “chapas únicas”, tampouco aceitaríamos participar de chapas “contra”, cujo único efeito prático seria empobrecer o debate de que o PT está tão necessitado. Para este debate qualificado, capaz de construir alternativas programáticas, estratégicas, táticas e organizativas para o PT, a Articulação de Esquerda está, como sempre estivemos, à disposição.
Direção Nacional da Articulação de Esquerda
26 de fevereiro de 2013
A coluna Poder Online, editada por Clarissa Oliveira, Juliana Granjeia e Marcel Frota, publicou nesta terça-feira, 26 de fevereiro, uma informação incorreta acerca das eleições internas que o PT realizará em novembro deste ano
Segundo a coluna do IG, as “Correntes do PT avançam na negociação de candidatura contra Rui Falcão”.
O texto fala o seguinte: Avançou no PT a negociação para a formação de uma candidatura para disputar a presidência do partido, contra o atual detentor do cargo, Rui Falcão. As correntes Mensagem ao Partido e Articulação de Esquerda já conseguiram abrir um diálogo com o grupo Movimento PT para tentar uma união para a eleição interna marcada para novembro. Por enquanto, petistas ainda enxergam uma chance reduzida de o Movimento PT aderir à chapa. Se isso ocorrer, o nome escolhido para enfrentar Falcão teria uma candidatura muito mais competitiva. Até a semana passada, falava-se principalmente nos nomes do deputado Paulo Teixeira e do ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra para encabeçar a chapa. Nesta semana, começou a circular também o nome de Raul Pont (PT-RS).
O mesmo texto traz um link para outra matéria, que afirma o seguinte: Um grupo de petistas começou a articular nos bastidores a formação de uma chapa que reúna várias correntes em torno de uma candidatura única para rivalizar com o atual presidente Rui Falcão. Com o apoio do ex-presidente Lula e da ala majoritária do PT, Falcão disputará mais um mandato na presidência do PT na eleição interna marcada para novembro. A corrente Mensagem ao Partido vem tratando do assunto silenciosamente com a Articulação de Esquerda. A primeira é capitaneada pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. A segunda é um dos mais tradicionais grupos da chamada “esquerda petista” e, nas últimas eleições internas, teve como candidato o ex-secretário da sigla Valter Pomar. A Mensagem cita dois possíveis nomes para encabeçar a chapa – o deputado Paulo Teixeira e o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra. Juntas, as duas correntes dificilmente teriam força para rivalizar com Falcão. Mas os mais ambiciosos falam em tentar atrair também o grupo Movimento PT, integrado por nomes como o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia e a ministra Maria do Rosário. Aliados estimam que o atual presidente do PT tenha algo em torno de 60% dos votos no diretório nacional petista. Estão com o deputado os grupos Construindo um Novo Brasil, PT de Luta e de Massa e Novo Rumo para o PT.
Um terceiro link afirma que a corrente petista Mensagem ao Partido marcou para o próximo dia 22 de março uma reunião na qual vai definir se lançará um candidato à presidência do partido na eleição interna marcada para novembro. A corrente fundada pelo hoje governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, tem dois possíveis nomes para a disputa: o deputado Paulo Teixeira (SP) e o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra. Se optar pela candidatura, o grupo vai se contrapor ao atual presidente Rui Falcão, que disputa a reeleição para a vaga com aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ala majoritária do PT, composta pelos grupos Construindo um Novo Brasil (CNB), Novo Rumo para o PT e PT de Luta e de Massa.
Tudo indica que os autores da nota acreditaram nas suas fontes, deixando de ouvir parte dos que são citados. No caso específico da Articulação de Esquerda, cujas posições são públicas e encontram-se disponíveis neste site (www.pagina13.org.br), não cometeríamos o equívoco de negociar candidatura e chapa “contra” alguém. E não por mera formalidade ou protocolo.
A questão é que só participaríamos de chapa e candidatura com outros setores do Partido, se fosse com base num programa comum. E, como sabe todo mundo que acompanha a vida partidária, as posições defendidas pelas tendências Mensagem e Movimento PT são distintas das nossas. Assim como são distintas as nossas posições e as posições defendidas pelo setor que apoia a candidatura de Rui Falcão, especialmente a tendência Construindo um Novo Brasil.
Por isto, ao menos no caso da Articulação de Esquerda, falar de chapa e/ou de candidatura com qualquer outra tendência, suporia um debate preliminar acerca da estratégia, da tática e do funcionamento do Partido, que pudesse convergir para uma posição comum. E no caso das tendências citadas na nota, este debate simplesmente não existiu.
Vale dizer que a Articulação de Esquerda decidiu, em reunião realizada em novembro de 2012, cujas deliberações como já se disse são públicas e publicadas, que reunir-se-á com absolutamente todas as tendências e setores partidários, para apresentar nossas posições, exatamente para verificar pontos de convergência que, mesmo não resultando em chapas e candidaturas comuns, contribuam para o fortalecimento do Partido dos Trabalhadores.
Mas, até agora, as respectivas reuniões entre a direção nacional da AE e as direções da Mensagem e do Movimento PT não foram nem mesmo agendadas.
Portanto, a notícia publicada no IG simplesmente não procede. Até porque, da mesma forma como nos recusamos a participar de “chapas únicas”, tampouco aceitaríamos participar de chapas “contra”, cujo único efeito prático seria empobrecer o debate de que o PT está tão necessitado. Para este debate qualificado, capaz de construir alternativas programáticas, estratégicas, táticas e organizativas para o PT, a Articulação de Esquerda está, como sempre estivemos, à disposição.
Direção Nacional da Articulação de Esquerda
26 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Fortaleza sedia seminário sobre 10 anos do governo petista
Ex-presidente Lula e lideranças do PT e dos partidos da base aliada discutirão nesta quinta-feira (28) os avanços dos últimos 10 anos e os desafios para os próximos
Fortaleza será a primeira das dez cidades que receberão o seminário “O Decênio que Mudou o Brasil”, que faz parte das comemorações de 10 anos do Governo Democrático e Popular no Brasil.
Nesta quinta-feira (28), o ex-presidente Lula, as principais lideranças do PT nacional e estadual, e dos partidos da base aliada discutirão, na capital cearense, “Políticas de bem-estar, direitos humanos e desafio da inclusão social”. Além deles, Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, Roberto Amaral (PSB), cientista político e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, e Tereza Campello, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome estarão presentes para participar do debate sobre combate à pobreza.
O seminário, que é fruto da parceria entre o Instituto Lula, o Partido dos Trabalhadores e a Fundação Perseu Abramo, está marcado para as 18 horas, no Hotel Oásis Atlântico. A ideia do evento é fazer um balanço dos 10 anos dos governos petistas e discutir os desafios a serem enfrentados nos próximos anos.
Serviço
Seminário “O Decênio que Mudou o Brasil - Políticas de bem-estar, direitos humanos e desafio da inclusão social”
Dia 28 de fevereiro de 2013, às 18 horas
Hotel Oasis Atlântico (Av. Beira Mar, 2500 - Meireles - Fortaleza-CE)
Mais informações no Portal do PT-CE
Saiba mais:
Ato político e exposição integram comemorações dos 33 anos - PT na Câmara
Fortaleza será a primeira das dez cidades que receberão o seminário “O Decênio que Mudou o Brasil”, que faz parte das comemorações de 10 anos do Governo Democrático e Popular no Brasil.
Nesta quinta-feira (28), o ex-presidente Lula, as principais lideranças do PT nacional e estadual, e dos partidos da base aliada discutirão, na capital cearense, “Políticas de bem-estar, direitos humanos e desafio da inclusão social”. Além deles, Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, Roberto Amaral (PSB), cientista político e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, e Tereza Campello, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome estarão presentes para participar do debate sobre combate à pobreza.
O seminário, que é fruto da parceria entre o Instituto Lula, o Partido dos Trabalhadores e a Fundação Perseu Abramo, está marcado para as 18 horas, no Hotel Oásis Atlântico. A ideia do evento é fazer um balanço dos 10 anos dos governos petistas e discutir os desafios a serem enfrentados nos próximos anos.
Serviço
Seminário “O Decênio que Mudou o Brasil - Políticas de bem-estar, direitos humanos e desafio da inclusão social”
Dia 28 de fevereiro de 2013, às 18 horas
Hotel Oasis Atlântico (Av. Beira Mar, 2500 - Meireles - Fortaleza-CE)
Mais informações no Portal do PT-CE
Saiba mais:
Ato político e exposição integram comemorações dos 33 anos - PT na Câmara
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Direção Nacional da CUT
Pauta da reunião da direção nacional da CUT que ocorre em 27 e 28 de fevereiro, em São Paulo
DIA 27/2
Manhã - Novotel Jaraguá (Rua Martins Fontes, nº 71)
9h - Abertura: Sergio Nobre e Maria Aparecida Faria
9h30 - Abertura das comemorações dos 30 anos da CUT e homenagem aos ex-dirigentes nacionais: Vagner Freitas
10h - Palestra: Luiz Inácio Lula da Silva
Tarde - Hotel Confort Downtown (R. Araújo, nº 141)
12h - Almoço
13h30 - Análise de conjuntura, Professor João Sicsú - UFRJ
15h - 30 anos da CUT
- Campanha de sindicalização
- Marcha das Centrais a Brasília
- Situação financeira da CUT
DIA 28/2
Manhã
9h - Planejamento da CUT e Plano de Ação 2012-2015
- Campanha de sindicalização
- Planejamento das Estaduais da CUT
Tarde
12h - Almoço
13h30 – Informes e encaminhamentos
- Terceirização: SRT
- Mesa Nacional da Indústria de Construção: SRT
- MP 595: Guterra
ATUALIZAÇÕES (Em 27/2):
Lula pede atuação unificada da comunicação sindical para garantir autonomia perante a velha mídia - CUT
Lula defende comunicação alternativa: 'Não vou mais reclamar de falta de espaço' - Rede Brasil Atual
DIA 27/2
Manhã - Novotel Jaraguá (Rua Martins Fontes, nº 71)
9h - Abertura: Sergio Nobre e Maria Aparecida Faria
9h30 - Abertura das comemorações dos 30 anos da CUT e homenagem aos ex-dirigentes nacionais: Vagner Freitas
10h - Palestra: Luiz Inácio Lula da Silva
Tarde - Hotel Confort Downtown (R. Araújo, nº 141)
12h - Almoço
13h30 - Análise de conjuntura, Professor João Sicsú - UFRJ
15h - 30 anos da CUT
- Campanha de sindicalização
- Marcha das Centrais a Brasília
- Situação financeira da CUT
DIA 28/2
Manhã
9h - Planejamento da CUT e Plano de Ação 2012-2015
- Campanha de sindicalização
- Planejamento das Estaduais da CUT
Tarde
12h - Almoço
13h30 – Informes e encaminhamentos
- Terceirização: SRT
- Mesa Nacional da Indústria de Construção: SRT
- MP 595: Guterra
Foto: Ricardo Stuckert / IL |
ATUALIZAÇÕES (Em 27/2):
Lula pede atuação unificada da comunicação sindical para garantir autonomia perante a velha mídia - CUT
Lula defende comunicação alternativa: 'Não vou mais reclamar de falta de espaço' - Rede Brasil Atual
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Calendário atualizado das Plenárias do PT
Participe das Plenárias de formação para novos(as) filiados(as) do PT em Fortaleza:
Fevereiro
26/2, terça, 18:30h
TRANSFERIDA PARA SEDE DO PT-CE
28/2, quinta - CANCELADA
Março
2/3, sábado, 14:30h - Edileusa's Buffet
R. Dr. Perilo Teixeira, 254 - Próx. ao depósito Centro da Construção do Genibaú
4/3, segunda, 18:30h - sede do PT Ceará
Av. Universidade, 2189 - Benfica
5/3, terça, 18:30h - Auditório da Câmara de Vereadores
Rua Thompson Bulcão, 830 - Luciano Cavalcante
6/3, quarta, 18:30h - Colégio Cearense Total
Av. D, 83 - Vizinho ao Pólo do Conj. Esperança
7/3, quinta, 18:30h - Conselho das Comunidades
Rua Piauí, 1331 - Próx. Supermercado Pinheiro do Pan Americano
9/3, sábado, 16h - sede do PT Ceará
Av. Universidade, 2189 - Benfica
Fevereiro
26/2, terça, 18:30h
TRANSFERIDA PARA SEDE DO PT-CE
28/2, quinta - CANCELADA
Março
2/3, sábado, 14:30h - Edileusa's Buffet
R. Dr. Perilo Teixeira, 254 - Próx. ao depósito Centro da Construção do Genibaú
4/3, segunda, 18:30h - sede do PT Ceará
Av. Universidade, 2189 - Benfica
5/3, terça, 18:30h - Auditório da Câmara de Vereadores
Rua Thompson Bulcão, 830 - Luciano Cavalcante
6/3, quarta, 18:30h - Colégio Cearense Total
Av. D, 83 - Vizinho ao Pólo do Conj. Esperança
7/3, quinta, 18:30h - Conselho das Comunidades
Rua Piauí, 1331 - Próx. Supermercado Pinheiro do Pan Americano
9/3, sábado, 16h - sede do PT Ceará
Av. Universidade, 2189 - Benfica
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Segunda parte da entrevista de Valter Pomar
Esta é a segunda parte da entrevista concedida ao Página 13 que será publicada impressa na edição de março, juntamente com a primeira parte.
Baixe a entrevista completa no encarte especial do jornal mensal impresso Página 13
O Brasil conta com uma grande população de jovens. Parte importante desta juventude viveu apenas os governos do PT no país. Quais são os desafios do Partido em relação ao diálogo com as lutas destas novas gerações, em sua maioria trabalhadora?
Para responder estas questões, eu sinto necessidade de distinguir, pelo menos para fins didáticos, o que é desafio estritamente do PT, daquilo que é desafio digamos nacional, do Brasil. Como se dizia antigamente, o PT tem o desafio de conquistar os corações e mentes das novas gerações. Claro que parcelas da juventude vão se manter apolíticas, assim como outras parcelas vão adotar posições de centro-direita. Mas o PT pode conquistar a maior parte da juventude, que é filha da classe trabalhadora. Hoje, em termos relativos está ocorrendo o contrário: estamos perdendo espaço, para a direita e para a despolitização. O desafio de conquistar a juventude para o PT não é única, nem exclusivamente um desafio da juventude petista. É um desafio de todo o PT, que precisa fazer duas ações articuladas, de natureza político-cultural e ideológica. Uma ação é reafirmar nossa dimensão de movimento político-social, com presença na batalha cultural de comunicação e educacional. Não podemos aceitar como irreversível nossa conversão em um partido tradicional, convencional, eleitoral, meramente institucional. A outra ação é reafirmar nosso compromisso com o socialismo, com o anticapitalismo, com a construção de outro mundo. As duas ações, combinadas, tornarão o PT um partido amigável para a juventude de esquerda e evitarão a proliferação desta praga que é o jovem-burocrata, o jovem-velho, que copia desde novinho as práticas dominantes na política brasileira. Isto que falei até agora diz respeito aos desafios do PT para consigo mesmo. Mas o PT tem desafios mais amplos, que dizem respeito à implantação de políticas públicas que garantam bem-estar social e futuro para a população jovem que existe no Brasil. Trata-se de ter políticas públicas que formem gerações com alto compromisso social e com alto nível educacional, técnico, tecnológico, produtivo. Lembrando que o futuro visível precisa ser de jornadas menores de trabalho e com entrada mais tardia no processo produtivo. Infelizmente, por conta do massacre de jovens das periferias, tantas vezes por obra das PMs, é preciso lembrar que entre as políticas públicas para a juventude, está a garantia do direito a vida, além das oportunidades de trabalho, estudo, cultura e lazer.
Sobre juventude, no PED deste ano teremos, no mínimo, 20% de jovens e 20% de negros e/ou indígenas nas chapas. Qual a importância de se garantir este percentual?
O primeiro a reconhecer é por quais motivos fomos obrigados a estabelecer estas cotas, assim como as cotas de gênero, nos espaços de decisão. A verdade é que, se não existirem regras que garantam a pluralidade, nossos diretórios serão compostos basicamente por homens brancos de meia-idade para cima. Tem quem critique este tipo de cota, por considerar que a política vem em primeiro lugar, na hora de compor as direções, e que há o risco das cotas serem preenchidas de maneira burocrática, formal. Este risco existe, mas também é verdade que, na ausência das cotas, entre duas pessoas com as mesmas posições políticas, muitas vezes se priorizava os homens brancos de meia-idade... Portanto, vejo as cotas como positivas, sempre lembrando que elas só vão servir ao nosso projeto se houver um amplo esforço de ampliar a presença, no Partido, de indígenas, de negros, de jovens e de mulheres. E não apenas ampliar a presença, mas qualificar por meio da formação política e do exercício de atividades dirigentes. Embora, cá entre nós, esta necessidade de qualificação também se aplique aos tais homens brancos e de meia idade.
Este ano também será o primeiro PED com a regra de paridade entre homens e mulheres. O que isto muda no processo de eleições diretas?
É como eu disse antes, a exigência de cotas aproxima o Partido da realidade social que temos e da realidade política que queremos. Se as mulheres são em torno da metade da população, elas deveriam constituir a metade do Congresso Nacional e dos demais postos eletivos do Brasil, e do mundo, certo? E se o PT defende isto para a sociedade, nada melhor que darmos o exemplo em casa. Claro que isto criará dificuldades para algumas chapas, especialmente naquelas cidades ou estados nos quais o percentual de mulheres filiadas é relativamente baixo; e onde o machismo imperante reprime a presença mais ativa das mulheres na política. A aprovação da paridade é uma conquista das mulheres e sua implementação é um desafios de todos nós. Mas isto, como diria um grande filósofo campineiro, faz parte.
A presidente Dilma sancionou a Lei de Cotas nas Universidades Públicas Federais. Qual é a sua opinião a respeito das cotas universitárias?
É a mesma opinião que tenho a respeito das cotas em geral. Sem políticas afirmativas, a desiguldade sobreviverá eternamente. Claro que as políticas afirmativas, assim como as chamadas políticas compensatórias, não podem ser para sempre, pois isto significaria que a desigualdade prossegue. Mas na situação em que estamos no Brasil, ou adotávamos cotas ou as universidades públicas federais continuariam reproduzindo a exclusão. E um projeto democrático-popular para o Brasil precisa se apoiar em uma geração universitária proveniente principalmente dos setores excluídos.
Ainda sobre educação, tramita no Congresso Medida Provisória que trata da destinação dos 100% dos royalties de petróleo para educação. Voce é favorável a isto? No que esta medida favorece e muda a educação pública?
Eu sou favorável. Em minha opinião, se não revolucionarmos a cultura, a comunicação e a educação, vamos dar com os burros nágua, como país, como esquerda e como partido. Veja, não sou adepto daquele discurso segundo o qual é a educação que muda tudo blá blá blá. O que muda é a luta política, é a consciência organizada e mobilizada. A questão é que para termos dezenas de milhões conscientes, organizados e mobilizados, é preciso mudar completamente o funcionamento da educação pública, da comunicação social e da indústria cultural. E isso exige dinheiro, investimento público maciço. Mas este investimento deve servir para implantar outro projeto pedagógico, outro projeto educacional. E, é bom lembrar, projeto educacional de massas que não envolva a cultura e a comunicação não é de massas. Claro que há setores na direita e mesmo na esquerda que não tem muito interesse em debater a questão deste ponto de vista. Taí o PNE ainda pendente de aprovação para confirmar isto que digo.
Qual é o grande diferencial do PT perante os demais partidos de esquerda no Brasil?
Bom, esta pergunta é uma pegadinha clássica, pois é óbvio que como filiado desde 1985 e como dirigente nacional do PT desde 1997, eu só posso responder coisa boa acerca do Partido. Mas antes de falar da parte boa, deixa eu insistir em algo que já disse na primeira parte desta entrevista. O PT não pode viver do seu passado glorioso, nem dos êxitos do presente. Nossa sobrevivência, nossa utilidade para a classe trabalhadora brasileira, depende de sermos capazes de articular a solução dos problemas do presente, com a construção de um futuro diferente. E não está garantido que consigamos fazer isto. É uma luta cotidiana contra os hábitos e costumes da política tradicional, contra a influência da direita e do grande capital, contra a acomodação e a adaptação que afeta cada um de nós. Isto posto, eu acho que o grande diferencial do PT está em termos conseguido construir e manter um partido de esquerda, popular, de massas, com forte raiz entre os trabalhadores e trabalhadoras. E isto é produto de opções políticas. Fizemos isto nos anos 80, radicalizando, enquanto alguns partidos de esquerda apostaram na conciliação com a transição democrática. Fizemos isto nos anos 90, quando não abrimos mão de ser, ao mesmo tempo, oposição ao neoliberalismo e alternativa de governo. E seguimos fazendo isto depois de 2003, quando não abrimos mão de ser partido e de governar. Claro que, com o passar dos anos, acumulam-se também fatores negativos. Por exemplo, se dependesse de alguns setores, o PT deixaria de existir como Partido e se tornaria apenas governo. Embora, é verdade, também haja setores muito minoritários que gostariam de ver o PT fazendo oposição a seu próprio governo. Outro exemplo: se o PT continuar dependente do financiamento privado empresarial, nossos vínculos com a classe trabalhadora podem se tornar apenas eleitorais: deixaremos de ser o Partido da classe trabalhadora e nos converteremos em partido que busca o voto dos trabalhadores, como fazem outros partidos.
Para além do financiamento público de campanha, que outras medidas devem ser tomadas para uma profunda reforma política?
Bom, se é para ser profunda, precisa ampliar o controle social sobre o Estado. Exige estabelecer o primado de uma pessoa, um voto, que hoje é amplamente desrespeitado na composição do Congresso Nacional. Exige acabar com o Senado ou pelo menos eliminar seu poder revisor e legislador sobre temas não federativos, além de reduzir mandatos para quatro anos e eliminar a figura do suplente. Uma reforma política profunda exige, ainda, formalizar mecanismos de participação popular, consulta popular e controle social sobre o Executivo, em seus três níveis. Exige, também, democratizar o judiciário, o único dos três poderes poderes que não se submete nem ao sufrágio popular nem a mecanismos de controle social. Do ponto de vista mais eleitoral, reforma política para valer implica em financiamento público exclusivo para campanhas eleitorais, criminalizar o financiamento privado empresarial, adotar o voto em lista fechada e a paridade na composição das listas, assim como o fim das coligações proporcionais. Salvo engano, acho que estas posições coincidem, ao menos em grande parte, com o que o PT já deliberou a respeito.
Em sua opinião, uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política é viável?
Não sei se é viável, mas certamente é indispensável. O atual Congresso nunca fará uma reforma política profunda, pelo simples motivo de que uma reforma deste tipo afeta as bases de poder de quem hoje é maioria no Congresso. Por donos, refiro-me não apenas aos parlamentares ideologicamente de centro-direita, que são maioria no Congresso, mas principalmente aos que pagam as contas das campanhas deles. Por outro lado, uma reforma política não pode ser feita por gente que logo em seguida vai disputar eleições com base nas regras que acabou de elaborar. Por isto tem que ser Constituinte exclusiva. Agora, se olharmos o tema de um ponto de vista mais amplo, podemos dizer o seguinte: a construção de um Brasil democrático-popular exige uma profunda mudança nas instituições e um bom e conhecido jeito de fazer isto é através de uma Assembléia Constituinte. Venezuela, Equador e Bolívia tiveram as suas, e mesmo no Chile de hoje já há quem fale da necessidade de uma. Agora, será viável? Aí se trata de um problema de correlação de forças, que pelo menos hoje não está pra peixe. Mas na vida e na história tem tanta coisa que parecia inviável e que se tornou viável, não é verdade?
Falando em correlação, vamos aos aliados. Dos partidos de esquerda que estão na base do governo (PCdoB, PDT e PSB), dois - o PSB e o PDT - têm se distanciado ou por vezes adotado uma postura independente. Existe risco destes dois partidos não estarem conosco em 2014?
Claro que existe. Aliás, acho que só estivemos coligados ao mesmo tempo com os três partidos citados, no primeiro turno das eleições de 1994 e 2010. Isto posto, acho que devemos trabalhar para que eles estejam conosco no primeiro ou no segundo turno de 2014. E acho que devemos construir uma aliança mais orgânica entre os partidos da esquerda brasileira, algo meio parecido com o que é a Frente Ampla do Uruguai. Mas o tempo conspira contra esta possibilidade. Voce não pode pedir ao PT que abra mão de sua hegemonia. E tampouco pode pedir aos aliados que abram mão de seu direito de buscar tornar-se hegemônicos. Por outro lado, no mundo real a burguesia opera, a direita opera, e neste momento o PSB está sendo seduzido para lançar candidatura presidencial. E há setores do PSB decididos a fazer isto. Pessoalmente, a preços de hoje, eu diria que Eduardo Campos é candidato presidencial. Se será candidato em outubro de 2014 é outra história.
Que partidos avalia que deveriam ser prioritários no nosso arco de alianças?
Na prática, estamos condenados a tentar repetir em 2014 a aliança PT-PMDB, com os demais partidos da atual base do governo. Agora, o tema é que esta aliança e este tipo de governabilidade está esgotada e tornou-se um perigo – pensem no que significa ter Temer como vice, Eduardo Alves à frente da Câmara, e, no Senado, Renam presidindo, para citar só estes três. Nossa preocupação, hoje, é tripla. Por um lado, impedir que esta aliança federal implique em concessões nas campanhas estaduais ou, ao inverso, devemos trabalhar para ampliar a presença do PT nos governos estaduais e senadores eleitos em 2014. Por outro lado, construir as bases de uma governabilidade social, que compense a deterioração crescente da governabilidade institucional, que na minha opinião vai se complicar crescentemente, agora e depois de 2014. E em terceiro lugar, recompor o chamado bloco democrático-popular, entre partidos, movimentos e intelectualidade. Um dos grandes erros cometidos desde 2003 foi confundir e priorizar as alianças táticas com partidos de centro-direita, frente à aliança estratégica com setores político-sociais de esquerda. Este erro, se não for corrigido, terá como consequência lógica abrirmos mão da cabeça de chapa na disputa presidencial de 2018.
Uma questão sobre os tucanos: recentemente o governo do Estado de São Paulo resolveu implantar a internação compulsória de maneira indiscriminada para dependentes químicos. A medida é controversa e gerou muitas críticas, o que acha?
Infelizmente, neste caso tem gente de esquerda que pensa a mesma coisa que o Alckmin. Veja, eu não sou especialista no tema, sou apenas um curioso mais ou menos informado, mas acho que a internação involuntária deve ser a exceção da exceção da exceção. Agora, o que o governo tucano está fazendo é internação compulsória, ou seja, está transformando em regra o que deveria ser uma exceção cercada de cuidados médicos e legais. Para mim, a internação compulsória tucana está mais para medida higienista, sendo totalmente ineficaz como terapia. Ou seja: é uma medida que não vai resolver a situação de quem é, por exemplo, dependente extremo do crack. Mas serve como instrumento de luta política, pois o tema das drogas, tanto do consumo quanto do tráfico, se presta a todo tipo de manipulação por parte de um setor da direita.
A grande imprensa repercutiu pouco a reeleição no Equador do Correa e a volta de Chavez à Venezuela, ao mesmo tempo que repercutiu muito a passagem da blogueira cubana Yoani Sánchez pelo Brasil. O que voce pode nos dizer a respeito?
A reeleição do Correa confirmou uma tese: em todos os países que a esquerda ganhou a partir de 1998, ela segue ganhando pelo voto. E os únicos casos em que fomos derrotados, foi através de golpe: Honduras e Paraguai. A volta de Chavez, para além dos aspectos humanos envolvidos, ajudará a confirmar aquela tese: com a presença do presidente venezuelano no país, será mais fácil eleger seu sucessor, Nicolás Maduro. Quanto à blogueira, eu acho ela uma fraude, para a qual não se deveria ter dar muita importância, nem muita atenção. Ela se apresenta como vítima do governo cubano, e tentou posar de vítima da suposta intolerancia da esquerda aqui e noutros países. Minha recomendação a quem acredita nesta lenda, como parece ser o caso do senador Suplicy, é pedir a blogueira que revele sua opinião acerca dos Estados Unidos e acerca do bloqueio. Uma cubana que se preze, seja ou não adepta do governo comunista, não pode silenciar sobre estes assuntos.
Publicado no Página 13
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O Brasil conta com uma grande população de jovens. Parte importante desta juventude viveu apenas os governos do PT no país. Quais são os desafios do Partido em relação ao diálogo com as lutas destas novas gerações, em sua maioria trabalhadora?
Para responder estas questões, eu sinto necessidade de distinguir, pelo menos para fins didáticos, o que é desafio estritamente do PT, daquilo que é desafio digamos nacional, do Brasil. Como se dizia antigamente, o PT tem o desafio de conquistar os corações e mentes das novas gerações. Claro que parcelas da juventude vão se manter apolíticas, assim como outras parcelas vão adotar posições de centro-direita. Mas o PT pode conquistar a maior parte da juventude, que é filha da classe trabalhadora. Hoje, em termos relativos está ocorrendo o contrário: estamos perdendo espaço, para a direita e para a despolitização. O desafio de conquistar a juventude para o PT não é única, nem exclusivamente um desafio da juventude petista. É um desafio de todo o PT, que precisa fazer duas ações articuladas, de natureza político-cultural e ideológica. Uma ação é reafirmar nossa dimensão de movimento político-social, com presença na batalha cultural de comunicação e educacional. Não podemos aceitar como irreversível nossa conversão em um partido tradicional, convencional, eleitoral, meramente institucional. A outra ação é reafirmar nosso compromisso com o socialismo, com o anticapitalismo, com a construção de outro mundo. As duas ações, combinadas, tornarão o PT um partido amigável para a juventude de esquerda e evitarão a proliferação desta praga que é o jovem-burocrata, o jovem-velho, que copia desde novinho as práticas dominantes na política brasileira. Isto que falei até agora diz respeito aos desafios do PT para consigo mesmo. Mas o PT tem desafios mais amplos, que dizem respeito à implantação de políticas públicas que garantam bem-estar social e futuro para a população jovem que existe no Brasil. Trata-se de ter políticas públicas que formem gerações com alto compromisso social e com alto nível educacional, técnico, tecnológico, produtivo. Lembrando que o futuro visível precisa ser de jornadas menores de trabalho e com entrada mais tardia no processo produtivo. Infelizmente, por conta do massacre de jovens das periferias, tantas vezes por obra das PMs, é preciso lembrar que entre as políticas públicas para a juventude, está a garantia do direito a vida, além das oportunidades de trabalho, estudo, cultura e lazer.
Sobre juventude, no PED deste ano teremos, no mínimo, 20% de jovens e 20% de negros e/ou indígenas nas chapas. Qual a importância de se garantir este percentual?
O primeiro a reconhecer é por quais motivos fomos obrigados a estabelecer estas cotas, assim como as cotas de gênero, nos espaços de decisão. A verdade é que, se não existirem regras que garantam a pluralidade, nossos diretórios serão compostos basicamente por homens brancos de meia-idade para cima. Tem quem critique este tipo de cota, por considerar que a política vem em primeiro lugar, na hora de compor as direções, e que há o risco das cotas serem preenchidas de maneira burocrática, formal. Este risco existe, mas também é verdade que, na ausência das cotas, entre duas pessoas com as mesmas posições políticas, muitas vezes se priorizava os homens brancos de meia-idade... Portanto, vejo as cotas como positivas, sempre lembrando que elas só vão servir ao nosso projeto se houver um amplo esforço de ampliar a presença, no Partido, de indígenas, de negros, de jovens e de mulheres. E não apenas ampliar a presença, mas qualificar por meio da formação política e do exercício de atividades dirigentes. Embora, cá entre nós, esta necessidade de qualificação também se aplique aos tais homens brancos e de meia idade.
Este ano também será o primeiro PED com a regra de paridade entre homens e mulheres. O que isto muda no processo de eleições diretas?
É como eu disse antes, a exigência de cotas aproxima o Partido da realidade social que temos e da realidade política que queremos. Se as mulheres são em torno da metade da população, elas deveriam constituir a metade do Congresso Nacional e dos demais postos eletivos do Brasil, e do mundo, certo? E se o PT defende isto para a sociedade, nada melhor que darmos o exemplo em casa. Claro que isto criará dificuldades para algumas chapas, especialmente naquelas cidades ou estados nos quais o percentual de mulheres filiadas é relativamente baixo; e onde o machismo imperante reprime a presença mais ativa das mulheres na política. A aprovação da paridade é uma conquista das mulheres e sua implementação é um desafios de todos nós. Mas isto, como diria um grande filósofo campineiro, faz parte.
A presidente Dilma sancionou a Lei de Cotas nas Universidades Públicas Federais. Qual é a sua opinião a respeito das cotas universitárias?
É a mesma opinião que tenho a respeito das cotas em geral. Sem políticas afirmativas, a desiguldade sobreviverá eternamente. Claro que as políticas afirmativas, assim como as chamadas políticas compensatórias, não podem ser para sempre, pois isto significaria que a desigualdade prossegue. Mas na situação em que estamos no Brasil, ou adotávamos cotas ou as universidades públicas federais continuariam reproduzindo a exclusão. E um projeto democrático-popular para o Brasil precisa se apoiar em uma geração universitária proveniente principalmente dos setores excluídos.
Ainda sobre educação, tramita no Congresso Medida Provisória que trata da destinação dos 100% dos royalties de petróleo para educação. Voce é favorável a isto? No que esta medida favorece e muda a educação pública?
Eu sou favorável. Em minha opinião, se não revolucionarmos a cultura, a comunicação e a educação, vamos dar com os burros nágua, como país, como esquerda e como partido. Veja, não sou adepto daquele discurso segundo o qual é a educação que muda tudo blá blá blá. O que muda é a luta política, é a consciência organizada e mobilizada. A questão é que para termos dezenas de milhões conscientes, organizados e mobilizados, é preciso mudar completamente o funcionamento da educação pública, da comunicação social e da indústria cultural. E isso exige dinheiro, investimento público maciço. Mas este investimento deve servir para implantar outro projeto pedagógico, outro projeto educacional. E, é bom lembrar, projeto educacional de massas que não envolva a cultura e a comunicação não é de massas. Claro que há setores na direita e mesmo na esquerda que não tem muito interesse em debater a questão deste ponto de vista. Taí o PNE ainda pendente de aprovação para confirmar isto que digo.
Qual é o grande diferencial do PT perante os demais partidos de esquerda no Brasil?
Bom, esta pergunta é uma pegadinha clássica, pois é óbvio que como filiado desde 1985 e como dirigente nacional do PT desde 1997, eu só posso responder coisa boa acerca do Partido. Mas antes de falar da parte boa, deixa eu insistir em algo que já disse na primeira parte desta entrevista. O PT não pode viver do seu passado glorioso, nem dos êxitos do presente. Nossa sobrevivência, nossa utilidade para a classe trabalhadora brasileira, depende de sermos capazes de articular a solução dos problemas do presente, com a construção de um futuro diferente. E não está garantido que consigamos fazer isto. É uma luta cotidiana contra os hábitos e costumes da política tradicional, contra a influência da direita e do grande capital, contra a acomodação e a adaptação que afeta cada um de nós. Isto posto, eu acho que o grande diferencial do PT está em termos conseguido construir e manter um partido de esquerda, popular, de massas, com forte raiz entre os trabalhadores e trabalhadoras. E isto é produto de opções políticas. Fizemos isto nos anos 80, radicalizando, enquanto alguns partidos de esquerda apostaram na conciliação com a transição democrática. Fizemos isto nos anos 90, quando não abrimos mão de ser, ao mesmo tempo, oposição ao neoliberalismo e alternativa de governo. E seguimos fazendo isto depois de 2003, quando não abrimos mão de ser partido e de governar. Claro que, com o passar dos anos, acumulam-se também fatores negativos. Por exemplo, se dependesse de alguns setores, o PT deixaria de existir como Partido e se tornaria apenas governo. Embora, é verdade, também haja setores muito minoritários que gostariam de ver o PT fazendo oposição a seu próprio governo. Outro exemplo: se o PT continuar dependente do financiamento privado empresarial, nossos vínculos com a classe trabalhadora podem se tornar apenas eleitorais: deixaremos de ser o Partido da classe trabalhadora e nos converteremos em partido que busca o voto dos trabalhadores, como fazem outros partidos.
Para além do financiamento público de campanha, que outras medidas devem ser tomadas para uma profunda reforma política?
Bom, se é para ser profunda, precisa ampliar o controle social sobre o Estado. Exige estabelecer o primado de uma pessoa, um voto, que hoje é amplamente desrespeitado na composição do Congresso Nacional. Exige acabar com o Senado ou pelo menos eliminar seu poder revisor e legislador sobre temas não federativos, além de reduzir mandatos para quatro anos e eliminar a figura do suplente. Uma reforma política profunda exige, ainda, formalizar mecanismos de participação popular, consulta popular e controle social sobre o Executivo, em seus três níveis. Exige, também, democratizar o judiciário, o único dos três poderes poderes que não se submete nem ao sufrágio popular nem a mecanismos de controle social. Do ponto de vista mais eleitoral, reforma política para valer implica em financiamento público exclusivo para campanhas eleitorais, criminalizar o financiamento privado empresarial, adotar o voto em lista fechada e a paridade na composição das listas, assim como o fim das coligações proporcionais. Salvo engano, acho que estas posições coincidem, ao menos em grande parte, com o que o PT já deliberou a respeito.
Em sua opinião, uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política é viável?
Não sei se é viável, mas certamente é indispensável. O atual Congresso nunca fará uma reforma política profunda, pelo simples motivo de que uma reforma deste tipo afeta as bases de poder de quem hoje é maioria no Congresso. Por donos, refiro-me não apenas aos parlamentares ideologicamente de centro-direita, que são maioria no Congresso, mas principalmente aos que pagam as contas das campanhas deles. Por outro lado, uma reforma política não pode ser feita por gente que logo em seguida vai disputar eleições com base nas regras que acabou de elaborar. Por isto tem que ser Constituinte exclusiva. Agora, se olharmos o tema de um ponto de vista mais amplo, podemos dizer o seguinte: a construção de um Brasil democrático-popular exige uma profunda mudança nas instituições e um bom e conhecido jeito de fazer isto é através de uma Assembléia Constituinte. Venezuela, Equador e Bolívia tiveram as suas, e mesmo no Chile de hoje já há quem fale da necessidade de uma. Agora, será viável? Aí se trata de um problema de correlação de forças, que pelo menos hoje não está pra peixe. Mas na vida e na história tem tanta coisa que parecia inviável e que se tornou viável, não é verdade?
Falando em correlação, vamos aos aliados. Dos partidos de esquerda que estão na base do governo (PCdoB, PDT e PSB), dois - o PSB e o PDT - têm se distanciado ou por vezes adotado uma postura independente. Existe risco destes dois partidos não estarem conosco em 2014?
Claro que existe. Aliás, acho que só estivemos coligados ao mesmo tempo com os três partidos citados, no primeiro turno das eleições de 1994 e 2010. Isto posto, acho que devemos trabalhar para que eles estejam conosco no primeiro ou no segundo turno de 2014. E acho que devemos construir uma aliança mais orgânica entre os partidos da esquerda brasileira, algo meio parecido com o que é a Frente Ampla do Uruguai. Mas o tempo conspira contra esta possibilidade. Voce não pode pedir ao PT que abra mão de sua hegemonia. E tampouco pode pedir aos aliados que abram mão de seu direito de buscar tornar-se hegemônicos. Por outro lado, no mundo real a burguesia opera, a direita opera, e neste momento o PSB está sendo seduzido para lançar candidatura presidencial. E há setores do PSB decididos a fazer isto. Pessoalmente, a preços de hoje, eu diria que Eduardo Campos é candidato presidencial. Se será candidato em outubro de 2014 é outra história.
Que partidos avalia que deveriam ser prioritários no nosso arco de alianças?
Na prática, estamos condenados a tentar repetir em 2014 a aliança PT-PMDB, com os demais partidos da atual base do governo. Agora, o tema é que esta aliança e este tipo de governabilidade está esgotada e tornou-se um perigo – pensem no que significa ter Temer como vice, Eduardo Alves à frente da Câmara, e, no Senado, Renam presidindo, para citar só estes três. Nossa preocupação, hoje, é tripla. Por um lado, impedir que esta aliança federal implique em concessões nas campanhas estaduais ou, ao inverso, devemos trabalhar para ampliar a presença do PT nos governos estaduais e senadores eleitos em 2014. Por outro lado, construir as bases de uma governabilidade social, que compense a deterioração crescente da governabilidade institucional, que na minha opinião vai se complicar crescentemente, agora e depois de 2014. E em terceiro lugar, recompor o chamado bloco democrático-popular, entre partidos, movimentos e intelectualidade. Um dos grandes erros cometidos desde 2003 foi confundir e priorizar as alianças táticas com partidos de centro-direita, frente à aliança estratégica com setores político-sociais de esquerda. Este erro, se não for corrigido, terá como consequência lógica abrirmos mão da cabeça de chapa na disputa presidencial de 2018.
Uma questão sobre os tucanos: recentemente o governo do Estado de São Paulo resolveu implantar a internação compulsória de maneira indiscriminada para dependentes químicos. A medida é controversa e gerou muitas críticas, o que acha?
Infelizmente, neste caso tem gente de esquerda que pensa a mesma coisa que o Alckmin. Veja, eu não sou especialista no tema, sou apenas um curioso mais ou menos informado, mas acho que a internação involuntária deve ser a exceção da exceção da exceção. Agora, o que o governo tucano está fazendo é internação compulsória, ou seja, está transformando em regra o que deveria ser uma exceção cercada de cuidados médicos e legais. Para mim, a internação compulsória tucana está mais para medida higienista, sendo totalmente ineficaz como terapia. Ou seja: é uma medida que não vai resolver a situação de quem é, por exemplo, dependente extremo do crack. Mas serve como instrumento de luta política, pois o tema das drogas, tanto do consumo quanto do tráfico, se presta a todo tipo de manipulação por parte de um setor da direita.
A grande imprensa repercutiu pouco a reeleição no Equador do Correa e a volta de Chavez à Venezuela, ao mesmo tempo que repercutiu muito a passagem da blogueira cubana Yoani Sánchez pelo Brasil. O que voce pode nos dizer a respeito?
A reeleição do Correa confirmou uma tese: em todos os países que a esquerda ganhou a partir de 1998, ela segue ganhando pelo voto. E os únicos casos em que fomos derrotados, foi através de golpe: Honduras e Paraguai. A volta de Chavez, para além dos aspectos humanos envolvidos, ajudará a confirmar aquela tese: com a presença do presidente venezuelano no país, será mais fácil eleger seu sucessor, Nicolás Maduro. Quanto à blogueira, eu acho ela uma fraude, para a qual não se deveria ter dar muita importância, nem muita atenção. Ela se apresenta como vítima do governo cubano, e tentou posar de vítima da suposta intolerancia da esquerda aqui e noutros países. Minha recomendação a quem acredita nesta lenda, como parece ser o caso do senador Suplicy, é pedir a blogueira que revele sua opinião acerca dos Estados Unidos e acerca do bloqueio. Uma cubana que se preze, seja ou não adepta do governo comunista, não pode silenciar sobre estes assuntos.
Publicado no Página 13
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Encontro Nacional de Mulheres Eleitas pelo PT
Brasília, Hotel San Marco, 15 e 16 de março de 2013
A Secretaria Nacional de Mulheres convida todas as mulheres eleitas pelo PT a participarem do Encontro Nacional de Mulheres Eleitas pelo PT. O encontro será realizado nos dias 15 e 16 de março, a partir das 9h, no Hotel San Marco, em Brasília.
O encontro reunirá prefeitas, vice-prefeitas e vereadoras eleitas em 2012, que terão a oportunidade de discutir sobre a importância do planejamento na administração pública; de debater sobre o modo petista de governar e legislar, além de conhecer e discutir os programas do Governo Federal que podem ser desenvolvidos pelos municípios.
As inscrições estão sendo feitas pelo Portal do PT. Para participar do Encontro Nacional de Mulheres Eleitas é imprescindível preencher toda a ficha de inscrição até o dia 25/02. As primeiras 300 inscritas terão direito à refeição e hospedagem em quarto duplo.
A programação completa será divulgada nos próximos dias.
Informações pelo fone: (61) 3213-1400.
Secretaria Nacional de Mulheres do PT
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Nota do Setorial de Educação do PT-CE
UM PACTO CONTRA A EDUCAÇÃO E CONTRA OS PROFESSORES
Veio à luz, nos últimos dias, a primeira manifestação da política educacional da nova administração Roberto Cláudio (PSB) em Fortaleza: o “Pacto de Responsabilidade Social e Educacional”.
O “Pacto” tem sido proclamado, com o apoio da grande imprensa, como a redenção da educação municipal, mas suas proposições indicam um retrocesso no direito à educação e nas conquistas do professorado.
LDB, ECA E LEI DO PISO BURLADAS E CALENDÁRIO DESUMANO
O “pacto” prevê o encerramento do ano letivo de 2012 sem que se cumpram os 200 dias letivos e as 800 horas-aula e, pior, sem que se concluam os conteúdos programáticos.
Um desrespeito ao ECA e a LDB, e um ataque ao direito dos alunos à educação, que foi uma conquista popular arrancada contra as forças conservadoras. É preciso dizer que a reposição de aulas é produto do respeito ao direito legítimo dos professores à greve, que efetivamente ocorreu nos anos anteriores.
Mas, esta medida viria em benefício de regularizar o calendário e aliviar a carga, realmente pesada, dos professores, como diz o secretário de educação? Outra mentira! Na verdade, as horas não dadas no ano letivo de 2012 (o documento do “Pacto” não fala dos conteúdos) seriam repostas no calendário apresentado pela SME para 2013.
Este calendário é desumano. Os professores trabalhariam nos feriados (dia de São José e quinta-feira santa, por exemplo), aos sábados e entrariam pelas férias de julho, em flagrante desrespeito à Lei do Piso que estabelece 40 horas-aula semanais, com o terço de hora-atividade. Sobraria aos professores para preparar aulas, estudar ou para o lazer apenas o domingo.
“PACTO” QUEBRA A UNIDADE DA CATEGORIA
Como se disse acima, o “Pacto” institui um quinto tempo que, ao lado da volta dos sábados letivos (ditos lúdicos), traz a carga horária de volta às 48h semanais em desrespeito à Lei do Piso. Além disso, a prefeitura promete dar 30% a mais aos professores que aderirem ao quinto tempo e às aulas aos sábados e feriados, para o 1º e 2º anos.
Isso divia categoria em dois segmentos: os que trabalham na carga-horária fora da lei e os demais que mantêm a carga normal, quebrando a unidade dos trabalhadores em educação. Ainda mais, o “Pacto” não diz sobre o que incidem os tais 30%, se sobre o salário base, se sobre o valor da hora-aula, ou se se refere ao que está dito no site da Prefeitura que fala em elevação em 30% dos gastos da SME, o que não significa gasto com salário. De qualquer maneira, a medida atenta contra o reajuste justo dos salários para toda a categoria.
TODO APOIO À SOCIEDADE QUE REAJE AO DESMONTE DA EDUCAÇÃO
A sociedade, todavia, reage. Os pais de alunos do município já se manifestaram publicamente contra o ataque ao direito à educação representada pela redução do ano letivo e dos conteúdos ministrados, apresentados pela SME como “regularização do calendário”.
Nesta segunda-feira, dia 18 de fevereiro, professores reunidos em assembléia geral do SINDIUTE votaram a retirada deste sindicato do “Pacto”, e reafirmou a campanha salarial da categoria, cuja data-base, aliás, já ficou para trás.
O Setorial de Educação do PT apóia e se une a estas manifestações de resistência da sociedade ao desmonte da educação e aos ataques contra direitos adquiridos, na luta social, por alunos, pais e professores. E se posiciona contrariamente a essas e a toda e qualquer proposta que fira a ECA, a LDB, e a Lei do Piso; que divida a categoria dos professores e retroceda nas conquistas dos trabalhadores duramente alcançadas através das lutas da categoria.
Coordenação do Setorial de Educação do PT-CE
Veio à luz, nos últimos dias, a primeira manifestação da política educacional da nova administração Roberto Cláudio (PSB) em Fortaleza: o “Pacto de Responsabilidade Social e Educacional”.
O “Pacto” tem sido proclamado, com o apoio da grande imprensa, como a redenção da educação municipal, mas suas proposições indicam um retrocesso no direito à educação e nas conquistas do professorado.
LDB, ECA E LEI DO PISO BURLADAS E CALENDÁRIO DESUMANO
O “pacto” prevê o encerramento do ano letivo de 2012 sem que se cumpram os 200 dias letivos e as 800 horas-aula e, pior, sem que se concluam os conteúdos programáticos.
Um desrespeito ao ECA e a LDB, e um ataque ao direito dos alunos à educação, que foi uma conquista popular arrancada contra as forças conservadoras. É preciso dizer que a reposição de aulas é produto do respeito ao direito legítimo dos professores à greve, que efetivamente ocorreu nos anos anteriores.
Mas, esta medida viria em benefício de regularizar o calendário e aliviar a carga, realmente pesada, dos professores, como diz o secretário de educação? Outra mentira! Na verdade, as horas não dadas no ano letivo de 2012 (o documento do “Pacto” não fala dos conteúdos) seriam repostas no calendário apresentado pela SME para 2013.
Este calendário é desumano. Os professores trabalhariam nos feriados (dia de São José e quinta-feira santa, por exemplo), aos sábados e entrariam pelas férias de julho, em flagrante desrespeito à Lei do Piso que estabelece 40 horas-aula semanais, com o terço de hora-atividade. Sobraria aos professores para preparar aulas, estudar ou para o lazer apenas o domingo.
“PACTO” QUEBRA A UNIDADE DA CATEGORIA
Como se disse acima, o “Pacto” institui um quinto tempo que, ao lado da volta dos sábados letivos (ditos lúdicos), traz a carga horária de volta às 48h semanais em desrespeito à Lei do Piso. Além disso, a prefeitura promete dar 30% a mais aos professores que aderirem ao quinto tempo e às aulas aos sábados e feriados, para o 1º e 2º anos.
Isso divia categoria em dois segmentos: os que trabalham na carga-horária fora da lei e os demais que mantêm a carga normal, quebrando a unidade dos trabalhadores em educação. Ainda mais, o “Pacto” não diz sobre o que incidem os tais 30%, se sobre o salário base, se sobre o valor da hora-aula, ou se se refere ao que está dito no site da Prefeitura que fala em elevação em 30% dos gastos da SME, o que não significa gasto com salário. De qualquer maneira, a medida atenta contra o reajuste justo dos salários para toda a categoria.
TODO APOIO À SOCIEDADE QUE REAJE AO DESMONTE DA EDUCAÇÃO
A sociedade, todavia, reage. Os pais de alunos do município já se manifestaram publicamente contra o ataque ao direito à educação representada pela redução do ano letivo e dos conteúdos ministrados, apresentados pela SME como “regularização do calendário”.
Nesta segunda-feira, dia 18 de fevereiro, professores reunidos em assembléia geral do SINDIUTE votaram a retirada deste sindicato do “Pacto”, e reafirmou a campanha salarial da categoria, cuja data-base, aliás, já ficou para trás.
O Setorial de Educação do PT apóia e se une a estas manifestações de resistência da sociedade ao desmonte da educação e aos ataques contra direitos adquiridos, na luta social, por alunos, pais e professores. E se posiciona contrariamente a essas e a toda e qualquer proposta que fira a ECA, a LDB, e a Lei do Piso; que divida a categoria dos professores e retroceda nas conquistas dos trabalhadores duramente alcançadas através das lutas da categoria.
Coordenação do Setorial de Educação do PT-CE
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Ninguém precisa receber dossiês para saber quem é Yoani Sánchez, diz dirigente do PT
Valter Pomar afirma que blogueira cubana não tem relevância e busca apenas repercussão midiática
O dirigente nacional do PT e secretário executivo do Foro de São Paulo, Valter Pomar, falou ao Portal do PT sobre a visita da blogueira cubana Yoani Sánchez e as acusações de veículos da mídia na tentativa de envolver o PT em uma suposta “conspiração” contra ela.
Pomar afirma que a ativista cubana busca repercussão midiática e que ela não tem relevância que justifique a realização de atos contra a sua presença no Brasil. Para ele seria melhor a tática de insistir para que Sánchez respondesse a uma série de perguntas demolidoras que colocam em cheque as suas ações e revelam a sua real posição política.
Confira abaixo a entrevista com o dirigente petista:
Parte da mídia tem repercutido reportagem de uma revista, na qual se afirma que o PT teria sido convidado a participar de uma reunião na Embaixada de Cuba, onde teria sido distribuído um “dossiê” contra a blogueira e se articulado uma campanha contra a presença da blogueira cubanaYoani Sánchez no Brasil. Isto é verdade?
Não, não é verdade. O PT não foi convidado, nem participou de nenhuma reunião com este propósito. Aliás, ninguém precisa receber dossiês para saber quem é Yoani Sánchez. Basta ler o que publicou a respeito dela a revista Veja, por um lado, e o site Opera Mundi, por outro lado. Alias, recomendo ler as 40 perguntas de Lamrani Salim para Yoani Sánchez em sua turnê mundial http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/27260/40+perguntas+para+yoani+sanchez+em+sua+turne+mundial.shtml. É demolidor.
De toda forma, a passagem dela pelo Brasil tem provocado vários protestos e a grande mídia insiste em citar o PT, ou militantes petistas, como parte das manifestações contrárias à presença dela em nosso País. Qual a sua posição?
Esta senhora está fazendo uma tourné mundial. O que ela mais deseja é repercussão mídiatica. Acho que ela não tem relevância que justifique fazer atos contra a presença dela. Na minha opinião, não compensa. Até porque alguns desses atos podem acabar ajudando a mídia a apresentá-la como uma frágil vítima de gente que a estaria impedindo de falar. Penso que compensa muito mais insistir que ela responda as tais 40 perguntas que já citei, todas de autoria de Lamrani Salim. Por exemplo: Quem organiza e financia sua turnê mundial? Quem se esconde atrás de seu site desdecuba.net, cujo servidor está hospedado na Alemanha pela empresa Cronos AG Regensburg, registrado sob o nome de Josef Biechele, que hospeda também sites de extrema direita? Como pôde fazer seu registro de domínio por meio da empresa norte-americana GoDady, já que isto está formalmente proibido pela legislação sobre as sanções econômicas? Por que cerca de seus 50 mil seguidores são na verdade contas fantasmas ou inativas? Você continua pensando que “havia uma liberdade de imprensa plural e aberta, programas de rádio de toda tendência política” sob a ditadura de Fulgencio Batista entre 1952 e 1958?
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) tem participado de atividades com a presença da blogueira. Como vê essa participação?
O senador é maior de idade e vacinado, logo penso que ele não corre perigo. Como dirigente petista, acho um erro. E como seu eleitor, é claro que lamento profundamente que ele empreste sua credibilidade para uma pessoa como Yoani Sanchez. Espero, contudo, que Suplicy use suas táticas Columbo e consiga dela as respostas para perguntas tão simples como as que fez Lamrani Salim. Espero, especialmente, que Suplicy pegunte para Yoani se ela condena a imposição de sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba? Se ela está a favor da extradição de Luis Posada Carriles, exilado cubano e ex-agente da CIA, responsável por mais de uma centena de assassinatos, que reconheceu publicamente seus crimes e que vive livremente em Miami graças à proteção de Washington? Se ela está a favor da devolução da base naval de Guantánamo que os Estados Unidos ocupam? Se ela é favorável à libertação dos cinco presos políticos cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998 por se infiltrarem em organizações terroristas do exílio cubano na Florida? Quem sabe Suplicy não consegue dela as respostas para isto. Seria um grande favor que ele prestaria a verdade e, por tabela, a Cuba. Claro que, neste caso, a revista Veja acusaria o PT de ter conspirado contra a presença de Yoani, destacando Suplicy para acompanhá-la.
Por Geraldo Ferreira, do Portal do PT
Valter Pomar |
Pomar afirma que a ativista cubana busca repercussão midiática e que ela não tem relevância que justifique a realização de atos contra a sua presença no Brasil. Para ele seria melhor a tática de insistir para que Sánchez respondesse a uma série de perguntas demolidoras que colocam em cheque as suas ações e revelam a sua real posição política.
Confira abaixo a entrevista com o dirigente petista:
Parte da mídia tem repercutido reportagem de uma revista, na qual se afirma que o PT teria sido convidado a participar de uma reunião na Embaixada de Cuba, onde teria sido distribuído um “dossiê” contra a blogueira e se articulado uma campanha contra a presença da blogueira cubanaYoani Sánchez no Brasil. Isto é verdade?
Não, não é verdade. O PT não foi convidado, nem participou de nenhuma reunião com este propósito. Aliás, ninguém precisa receber dossiês para saber quem é Yoani Sánchez. Basta ler o que publicou a respeito dela a revista Veja, por um lado, e o site Opera Mundi, por outro lado. Alias, recomendo ler as 40 perguntas de Lamrani Salim para Yoani Sánchez em sua turnê mundial http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/27260/40+perguntas+para+yoani+sanchez+em+sua+turne+mundial.shtml. É demolidor.
De toda forma, a passagem dela pelo Brasil tem provocado vários protestos e a grande mídia insiste em citar o PT, ou militantes petistas, como parte das manifestações contrárias à presença dela em nosso País. Qual a sua posição?
Esta senhora está fazendo uma tourné mundial. O que ela mais deseja é repercussão mídiatica. Acho que ela não tem relevância que justifique fazer atos contra a presença dela. Na minha opinião, não compensa. Até porque alguns desses atos podem acabar ajudando a mídia a apresentá-la como uma frágil vítima de gente que a estaria impedindo de falar. Penso que compensa muito mais insistir que ela responda as tais 40 perguntas que já citei, todas de autoria de Lamrani Salim. Por exemplo: Quem organiza e financia sua turnê mundial? Quem se esconde atrás de seu site desdecuba.net, cujo servidor está hospedado na Alemanha pela empresa Cronos AG Regensburg, registrado sob o nome de Josef Biechele, que hospeda também sites de extrema direita? Como pôde fazer seu registro de domínio por meio da empresa norte-americana GoDady, já que isto está formalmente proibido pela legislação sobre as sanções econômicas? Por que cerca de seus 50 mil seguidores são na verdade contas fantasmas ou inativas? Você continua pensando que “havia uma liberdade de imprensa plural e aberta, programas de rádio de toda tendência política” sob a ditadura de Fulgencio Batista entre 1952 e 1958?
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) tem participado de atividades com a presença da blogueira. Como vê essa participação?
O senador é maior de idade e vacinado, logo penso que ele não corre perigo. Como dirigente petista, acho um erro. E como seu eleitor, é claro que lamento profundamente que ele empreste sua credibilidade para uma pessoa como Yoani Sanchez. Espero, contudo, que Suplicy use suas táticas Columbo e consiga dela as respostas para perguntas tão simples como as que fez Lamrani Salim. Espero, especialmente, que Suplicy pegunte para Yoani se ela condena a imposição de sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba? Se ela está a favor da extradição de Luis Posada Carriles, exilado cubano e ex-agente da CIA, responsável por mais de uma centena de assassinatos, que reconheceu publicamente seus crimes e que vive livremente em Miami graças à proteção de Washington? Se ela está a favor da devolução da base naval de Guantánamo que os Estados Unidos ocupam? Se ela é favorável à libertação dos cinco presos políticos cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998 por se infiltrarem em organizações terroristas do exílio cubano na Florida? Quem sabe Suplicy não consegue dela as respostas para isto. Seria um grande favor que ele prestaria a verdade e, por tabela, a Cuba. Claro que, neste caso, a revista Veja acusaria o PT de ter conspirado contra a presença de Yoani, destacando Suplicy para acompanhá-la.
Por Geraldo Ferreira, do Portal do PT
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Lula em Fortaleza - 10 anos de PT no governo
Seminários sobre os 10 anos do PT no governo federal começam em Fortaleza
Numa realização conjunta do Instituto Lula, do Partido dos Trabalhadores e da Fundação Perseu Abramo, está sendo programada uma série de 13 seminários em diferentes cidades brasileiras para abordar temas relacionados à transformação que o país vive nestes 10 anos com o PT à frente do governo federal. Nesses seminários, além de ajudar os participantes a entenderem melhor de que forma ocorreu essa transformação, também serão apontados os desafios colocados para os próximos anos.
Um grande ato no dia 20/02, em São Paulo, dá início à série de eventos e contará com as presenças do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff
Fortaleza/CE
O primeiro seminário será realizado em Fortaleza em 28/02, com um grande ato político que contará com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de dirigentes petistas locais e nacionais do PT. Às 16h começa a mesa temática – Combate à Pobreza, com exposição de Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e comentários de Roberto Amaral, cientista político e ex-ministro da Ciência e Tecnologia. A coordenação da mesa fica a cargo de Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo.
Dia/horário/local: 28/2, às 14h30, no Hotel Oasis Atlântico (Avenida Beira-Mar 2500)
Fundação Perseu Abramo
Setorial de Mulheres realiza plenária
As Secretarias Municipal e Estadual de Mulheres do PT realizam plenária nesta quarta-feira (20/2), às 18h. Na pauta: conjuntura, 8 de março e informes. A reunião será na sede do PT Ceará (Av. da Universidade, 2189 – Benfica).
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Yoani Sánchez, a blogueira mais rica do mundo, começa turnê mundial pelo Brasil
Chegou ao Brasil, sob protestos em Recife e Salvador, a blogueira mais rica do mundo. Apesar de sua renda anual milionária, financiada pelos maiores grupos de mídia do mundo, e pelos melhores lobistas defensores das grandes fortunas do mundo, Yoani Sánchez não precisará gastar um tostão em sua turnê mundial anti-Cuba, pois seus muitos patrocinadores bancarão viagens e hotéis de luxo.
VIVA A LIBERDADE!!!
Blog da Maria Frô
Blog under the Creative Commons Attribution - Non Commercial - No Derivs 3.0 License
Leia mais:
Opera Mundi: 40 perguntas para Yoani Sánchez em sua turnê mundial
Carta Maior: Yoani Sánchez (ou como promover uma dissidente cubana)
Prestando contas: Senadora Ana Rita (PT-ES)
A senadora Ana Rita (PT-ES) convida a todos e todas para participar da abertura do planejamento de seu mandato, no qual será realizada a prestação de contas de suas atividades no Senado.
O economista e presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, atende ao convite da senadora, para fazer um balanço dos “10 anos de Governo Lula e Dilma”.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Rafael Correa é reeleito presidente do Equador
De Monica Yanakiew
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Quito – O presidente do Equador, Rafael Correa, foi reeleito neste domingo (17) para um terceiro mandato consecutivo, que terminará em 2017, quando ele completar uma década no poder – um recorde em um país marcado por crises econômicas e políticas. Os 11,6 milhões de eleitores equatorianos também escolheram um novo vice-presidente, Jorge Glas, do Movimento Aliança Pais, de Correa, e 137 parlamentares da Assembleia Legislativa, além de cinco representantes do Parlamento Andino.
Correa não esperou os resultados oficiais para comemorar. Mal fecharam as urnas, saíram os primeiros resultados de boca de urna, confirmando a sua reeleição no primeiro turno. Correa tinha 58,80% dos votos, quase três vezes mais do que os 23,1% obtidos pelo segundo colocado, o ex-banqueiro Guillermo Lasso. Meia hora depois do fechamento das urnas, Correa saiu ao balcão do palácio presidencial para agradecer ao povo, que o esperava na Praça da Independência.
“Obrigado pela confiança”, disse Correa, que prometeu aprofundar a revolução cidadã iniciada por ele em 2006, quando foi eleito presidente pela primeira vez com a promessa de uma reforma constitucional. A nova Constituição, aprovada pela Assembleia Constituinte e submetida a um plebiscito popular, convocou novas eleições presidenciais para 2009 e estabeleceu o direito a dois mandatos consecutivos. Correa candidatou-se e ganhou seu segundo mandato – mas como era o primeiro, com a nova Constituição, teve direito a uma segunda reeleição.
O presidente votou de manhã e depois acompanhou sua filha, Anne Correa, de 16 anos, a votar. É a primeira vez, no Equador, que adolescentes de 16 a 18 anos, além de policiais e militares na ativa, podem votar.
Agência Brasil
Publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil
Saiba mais:
Bom desempenho da economia no Equador favorece reeleição de Rafael Correa
Dilma parabeniza Rafael Correa por reeleição no Equador
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Rafael Correa |
Correa não esperou os resultados oficiais para comemorar. Mal fecharam as urnas, saíram os primeiros resultados de boca de urna, confirmando a sua reeleição no primeiro turno. Correa tinha 58,80% dos votos, quase três vezes mais do que os 23,1% obtidos pelo segundo colocado, o ex-banqueiro Guillermo Lasso. Meia hora depois do fechamento das urnas, Correa saiu ao balcão do palácio presidencial para agradecer ao povo, que o esperava na Praça da Independência.
“Obrigado pela confiança”, disse Correa, que prometeu aprofundar a revolução cidadã iniciada por ele em 2006, quando foi eleito presidente pela primeira vez com a promessa de uma reforma constitucional. A nova Constituição, aprovada pela Assembleia Constituinte e submetida a um plebiscito popular, convocou novas eleições presidenciais para 2009 e estabeleceu o direito a dois mandatos consecutivos. Correa candidatou-se e ganhou seu segundo mandato – mas como era o primeiro, com a nova Constituição, teve direito a uma segunda reeleição.
O presidente votou de manhã e depois acompanhou sua filha, Anne Correa, de 16 anos, a votar. É a primeira vez, no Equador, que adolescentes de 16 a 18 anos, além de policiais e militares na ativa, podem votar.
Agência Brasil
Publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil
Saiba mais:
Bom desempenho da economia no Equador favorece reeleição de Rafael Correa
Dilma parabeniza Rafael Correa por reeleição no Equador
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Oficina da OIT recomenda instrumento normativo para preencher lacunas da Convenção 29
Especialistas de todo o mundo somam esforços para a erradicação do trabalho escravo e todas as suas formas
Terminou nesta sexta-feira (15) a oficina tripartite de especialistas sobre trabalho escravo e tráfico de pessoas para exploração laboral realizada pela Organização Internacional do Trabalho, em Genebra.
Participaram da atividade 24 representantes de todo o mundo, com destaque para o secretário de Políticas Sociais da CUT, Expedito Solaney, que representou os trabalhadores brasileiros.
Os pontos discutidos na reunião foram: tráfico de pessoas; prevenção de trabalho escravo; proteção e indenização para as vítimas de trabalho escravo; cumprimento efetivo das leis; coerência e coordenação das políticas, cooperação internacional e diálogo social; adoção de um novo instrumento pela OIT.
O relatório final da oficina destaca a adoção de um novo instrumento normativo na forma de um protocolo ou recomendação com o objetivo de preencher as lacunas da Convenção 29 da OIT (determina a eliminação do trabalho forçado ou obrigatório em todas as suas formas).
Esta decisão se baseou na seguinte orientação: ‘houve consenso entre os especialistas que as falhas de implementação devem ser abordadas para avançar nos medidores de proteção, prevenção e compensação das vítimas para efetivamente alcançar a eliminação do trabalho escravo no mundo. Os peritos consideraram que uma configuração padrão na forma de um protocolo ou uma recomendação é o instrumento adequado para responder, preencher as lacunas da convenção 29. Os especialistas não consideram a opção de uma nova convenção apropriada.’
O relatório seguirá para conselho de administração da entidade onde será debatido em reunião convocada para março deste ano. “A oficina foi concluída com um excelente documento, refletindo um debate de fundo sobre trabalho escravo e tráfico de pessoas para exploração do trabalho. Para nós, trabalhadores, foi muito importante e uma vitória a conclusão sugerindo a adoção de um novo instrumento, que atualize ou preencha as lacunas da convenção 29, já que os empregadores e governos como os EUA iniciaram o debate também entendendo que a convenção era suficiente e que era preciso somente a sua aplicação pelo estados membros. Nós, ao contrário, afirmávamos que para responder as questões atuais de proteção, prevenção e indenização das vítimas era preciso adotar um novo instrumento. Para isso que o conselho de administração sabidamente convocou essa reunião de especialistas do mundo todo, destacando que o mandato dado a esses representantes deve ser respondido de forma propositiva, apontando um novo instrumento eficaz, capaz de responder a altura o que o mundo espera da OIT”, salientou Solaney.
Os especialistas presentes reconheceram que os instrumentos da OIT sobre trabalho forçoso (convenção nº 29 e a convenção nº 105) tem tido repercussão considerável com vistas a erradicação do trabalho escravo e todas as suas atuais formas.
Vale observar que a Convenção 29 foi ratificada por 177 países, sendo a convenção com maior amplitude dentre todas da OIT. “No entanto, estima-se hoje em torno de 21 milhões de pessoas na condição de trabalho escravo incluindo crianças, mulheres, indígenas. A crise capitalista e as novas formas de trabalho escravo, incluso o tráfico de pessoas para exploração da força de trabalho, estão diretamente ligadas ao crescimento do contingente de pessoas nessa condição, uma agressão ao mais elementar direito da pessoa humana que é ter um emprego digno. Neste sentido, o resultado da reunião atende o chamado do conselho de administração da OIT quando convocou 24 especialistas ao redor do mundo para debater e construir com base no diálogo social e no tripartismo saídas para essa barbárie”, exaltou o dirigente CUTista.
O documento aprovado irá consubstanciar o conselho de administração da OIT em reunião convocada para março a fim de decidir se questão entrará na ordem do dia na 113ª Conferência Internacional do trabalho marcada para 2014.
CUT Nacional
Terminou nesta sexta-feira (15) a oficina tripartite de especialistas sobre trabalho escravo e tráfico de pessoas para exploração laboral realizada pela Organização Internacional do Trabalho, em Genebra.
Participaram da atividade 24 representantes de todo o mundo, com destaque para o secretário de Políticas Sociais da CUT, Expedito Solaney, que representou os trabalhadores brasileiros.
Os pontos discutidos na reunião foram: tráfico de pessoas; prevenção de trabalho escravo; proteção e indenização para as vítimas de trabalho escravo; cumprimento efetivo das leis; coerência e coordenação das políticas, cooperação internacional e diálogo social; adoção de um novo instrumento pela OIT.
O relatório final da oficina destaca a adoção de um novo instrumento normativo na forma de um protocolo ou recomendação com o objetivo de preencher as lacunas da Convenção 29 da OIT (determina a eliminação do trabalho forçado ou obrigatório em todas as suas formas).
Esta decisão se baseou na seguinte orientação: ‘houve consenso entre os especialistas que as falhas de implementação devem ser abordadas para avançar nos medidores de proteção, prevenção e compensação das vítimas para efetivamente alcançar a eliminação do trabalho escravo no mundo. Os peritos consideraram que uma configuração padrão na forma de um protocolo ou uma recomendação é o instrumento adequado para responder, preencher as lacunas da convenção 29. Os especialistas não consideram a opção de uma nova convenção apropriada.’
O relatório seguirá para conselho de administração da entidade onde será debatido em reunião convocada para março deste ano. “A oficina foi concluída com um excelente documento, refletindo um debate de fundo sobre trabalho escravo e tráfico de pessoas para exploração do trabalho. Para nós, trabalhadores, foi muito importante e uma vitória a conclusão sugerindo a adoção de um novo instrumento, que atualize ou preencha as lacunas da convenção 29, já que os empregadores e governos como os EUA iniciaram o debate também entendendo que a convenção era suficiente e que era preciso somente a sua aplicação pelo estados membros. Nós, ao contrário, afirmávamos que para responder as questões atuais de proteção, prevenção e indenização das vítimas era preciso adotar um novo instrumento. Para isso que o conselho de administração sabidamente convocou essa reunião de especialistas do mundo todo, destacando que o mandato dado a esses representantes deve ser respondido de forma propositiva, apontando um novo instrumento eficaz, capaz de responder a altura o que o mundo espera da OIT”, salientou Solaney.
Os especialistas presentes reconheceram que os instrumentos da OIT sobre trabalho forçoso (convenção nº 29 e a convenção nº 105) tem tido repercussão considerável com vistas a erradicação do trabalho escravo e todas as suas atuais formas.
Vale observar que a Convenção 29 foi ratificada por 177 países, sendo a convenção com maior amplitude dentre todas da OIT. “No entanto, estima-se hoje em torno de 21 milhões de pessoas na condição de trabalho escravo incluindo crianças, mulheres, indígenas. A crise capitalista e as novas formas de trabalho escravo, incluso o tráfico de pessoas para exploração da força de trabalho, estão diretamente ligadas ao crescimento do contingente de pessoas nessa condição, uma agressão ao mais elementar direito da pessoa humana que é ter um emprego digno. Neste sentido, o resultado da reunião atende o chamado do conselho de administração da OIT quando convocou 24 especialistas ao redor do mundo para debater e construir com base no diálogo social e no tripartismo saídas para essa barbárie”, exaltou o dirigente CUTista.
O documento aprovado irá consubstanciar o conselho de administração da OIT em reunião convocada para março a fim de decidir se questão entrará na ordem do dia na 113ª Conferência Internacional do trabalho marcada para 2014.
CUT Nacional
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Florianópolis em toque de recolher
Já se passaram 16 dias desde o primeiro ataque aos ônibus em Santa Catarina e a capital, Florianópolis, é a que vive os piores momentos, uma vez que a população está tendo de amargar um toque de recolher desde antes do carnaval. Oito horas da noite encerram-se as linhas de ônibus normais. Depois, apenas algumas funcionam com trajeto alterado e com escolta policial. Essa é a atitude dos governantes, deixar a deriva mais de 200 mil usuários do transporte público. As causas dos ataques parecem ser as mesmas que provocaram o primeiro desse tipo de ação organizada em novembro de 2012: a tortura e a violência nos presídios do Estado. No ano passado, uma série de atentados teve início em função de problemas na penitenciária de São Pedro de Alcântara. Naqueles dias, a situação chegou a tal ponto que foi ordenada a morte do diretor. O plano não deu certo e quem acabou morrendo foi a esposa dele, uma agente prisional. Como as violências dentro dos presídios não cederam, os chefes do crime organizado deram a ordem para ataques sistemáticos e pontuais visando os ônibus urbanos.
Um acordo com o governo sobre o fim da tortura colocou ponto final no problema e a vida seguiu seu rumo. Agora, em janeiro, no penúltimo dia do ano, uma segunda sequência de ataques começou outra vez. Segundo fontes de dentro dos presídios, divulgadas através de gravações na mídia comercial, a situação continuou a mesma, com novas cenas de tortura e violências de toda a ordem. Nessa segunda leva de ataques também o interior do Estado foi atingido e a queima de ônibus e ataques a bases policiais já passa dos 90 casos.
Enquanto os trabalhadores do transporte amargam cenas de completo terror, tendo armas apontadas para suas cabeças, e a população precisa se virar para chegar em casa depois do trabalho, as autoridades insistem em dizer que tudo está sob controle. Só não dizem de quem. Ao que parece, o controle é do chamado "Primeiro Grupo Catarinense", grupo organizado a partir de dentro das penitenciárias com ramificações em todo o Estado. A secretária de segurança, Ada de Luca, tem tido uma atuação bastante omissa e quando finalmente falou com a imprensa, limitou-se a dizer que há uma batalha interna contra ela na segurança pública, uma vez que as fitas que vazaram para a imprensa foram encaminhadas - segundo informações correntes - por agentes prisionais. Sobre as torturas, nada a declarar. Enquanto isso o "salve geral" dado desde dentro dos presídios aos que estão fora chegou ao ponto de atingir a garagem do centro administrativo do Estado, com dois carros queimados. E os jornais locais reproduzindo notícias de que tudo estava sob controle no carnaval e divulgando informações de exaltação ao sistema de segurança estadual dizendo que este possui as melhores tecnologias de inteligência (sic), numa tentativa de minimizar a completa derrota do estado.
Apenas ontem, dia 13, o governo se reuniu com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que esteve no Estado para discutir a situação. A proposta que vinha sendo aventada, mas não foi confirmada pelo ministro, por "questões de segurança", era a de envio de forças nacionais e a transferência de presos para presídios federais. Tanto uma como a outra parece carecer de eficácia. A primeira porque é paliativa e não garante que os ataques cessem e a segunda porque pode gerar ainda mais revolta. O que os presos querem é que cessem as torturas dentro das penitenciárias e essa opção é a que parece mais distante.
Cenas em vídeo distribuídas pela mídia mostram um cotidiano bastante perverso nos locais onde os chamados criminosos deveriam estar sendo ressocializados. O Estado, que deveria primar pelo cuidado das vidas que estão sob sua custódia é o que acaba fomentando mais violência. E aí não se trata de querer que os presos sejam tratados a pão de ló, apenas com a dignidade que merece uma vida humana. O que pouca gente mostra é que a maioria dos apenados não é formada por gente que tenha praticado crimes bárbaros. Pelo contrário, são delitos mais leves. Tanto que na vistoria feita aos 49 estabelecimentos penais do Estado durante o carnaval, o Departamento de Administração Prisional levantou o número de 20 pessoas que seriam as responsáveis pelos chamado aos ataques. Vinte pessoas, num universo de mais de 12 mil presos. Assim, fica claro que as condições dentro das cadeias acabam criando uma espécie de escola do crime e a pessoa geralmente sai pior do que entrou. Para se ter uma ideia, segundo estudo da Corregedoria Geral de Justiça, em 2009, o sistema em Santa Catarina poderia abrigar apenas a metade do número que hoje abriga, gerando superlotação. Naqueles dias já havia um excesso de 5.050 presos no sistema. E são justamente essas condições que fazem brotar "fraternidades" , as quais prestam serviços importantes aos presos e aos familiares (no geral pessoas empobrecidas, sem condições de dar assistência ao familiar) gerando um código de honra que se expressa em momentos como esse, de crise.
Durante os festejos do carnaval o vereador Tiago Silva se movimentou e conseguiu reunir as assinaturas necessárias para convocar a secretária Ada de Luca a dar esclarecimentos sobre a situação na Câmara de Vereadores, em reunião convocada para hoje, dia 14. Ainda não há confirmação da presença. No geral, as forças políticas da cidade estão anestesiadas ou desinteressadas. Talvez estejam esperando passar o carnaval ou quem sabe estejam mais preocupadas em definir planos para a sucessão governamental do próximo ano. Não se vê movimentação no mundo sindical, exceto entre os trabalhadores do transporte público que já delineiam uma greve e do sindicato dos professores que pediram o adiamento do início das aulas, o qual foi olimpicamente ignorado pela Secretaria de Educação. As aulas começaram hoje e ninguém sabe como as pessoas que estudam à noite vão voltar para casa. Uma ou outra nota pública circula, mas não há uma mobilização junto aos trabalhadores para discutir o problema na sua causa e não apenas a consequência.
Também se percebe nas ruas o velho ranço conservador que exige mais violência contra a violência. A população, nos ônibus, nas ruas, nas esquinas, reproduz os discursos de que é preciso uma mão mais dura junto aos apenados, sem se dar conta de que é justamente isso que está levando o Estado a esse caos. Sem a mídia para fazer o debate e sem os sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais informando e esclarecendo, a tendência é de que esse pensamento siga florescendo, avançando inclusive para bandeiras mais reacionárias como a diminuição da maioridade penal. Como a maioria dos atentados está sendo protagonizado por menores, a grita geral é que é preciso dar cadeia a esses garotos. De novo, as causas ficam encobertas.
Publicado em Palavras Insurgentes, por Elaine Tavares
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
sábado, 9 de fevereiro de 2013
Valter Pomar: PT, um partido ímpar
“Temos quer voltar a ser um partido que atua também nos anos ímpares e que sabe combinar luta social, luta ideológica, construção e partidária, com disputa eleitoral, ação parlamentar e governamental”
Valter Pomar, membro do Diretório Nacional do PT e Secretário Executivo do Foro de São Paulo, faz uma análise da trajetória do partido que completa 33 anos, no dia 10 de fevereiro. Ele fala sobre os dez anos do partido frente ao Governo Federal; e a necessidade de que o Processo de Eleições Diretas - PED, que será realizado este ano, seja capaz de formular uma nova estratégia para o PT enfrentar a atual situação política nacional e mundial.
O PT completa 33 anos no dia 10 de fevereiro. Qual é a diferença do PT de 1980 e de hoje?
A principal diferença é que hoje somos governo nacional e temos melhores condições para materializar nossas propostas. Mas conquistamos a presidência de República em condições muito diferentes daquelas que existiam em 1980 ou em 1989. O PT é diferente, o Brasil é diferente, a América Latina e o mundo são diferentes.
O que mudou desde fundação do PT para cá?
De maneira geral, a onda neoliberal que começou nos anos 1970 afetou negativamente o mundo do trabalho, as nações em desenvolvimento, o estado de bem estar europeu, o socialismo de tipo soviético e causou imensos estragos na cultura progressista, democrática, de esquerda em todo o mundo. Tudo isto constrange o potencial de um governo de esquerda.
Como, apesar deste contexto negativo, o PT ganhou as eleições presidenciais?
Há várias causas. O neoliberalismo chegou tardiamente no Brasil, quando já estava refluindo no resto do mundo. Em parte por isto, em parte por nossas virtudes, conseguimos impedir os tucanos de implementar o neoliberalismo até o fim: por exemplo, preservamos estatais importantes, como o Banco do Brasil e a Petrobras. O que quer dizer que correlação de forças aqui não era tão negativa quanto em outras partes. Por outro lado, apesar de também ter sido impactado, o PT conseguiu ampliar sua influência eleitoral nos anos 90, o que funcionou como um contraponto ao refluxo das lutas sociais naquele mesmo período e funcionou como um acúmulo de forças fundamental para entender a vitória de 2002. E, por fim, há um fato importantíssimo: uma parte da burguesia brasileira estava descontente com o fundamentalismo neoliberal de FHC e não fez contra Lula 2002 o que havia feito contra o Lula 1989. Essas são algumas das causas que nos levaram a vencer. A correlação de forças não impediu o PT de ganhar as eleições presidenciais de 2002, mas produziu um governo muito diferente do que faríamos, por exemplo, se tivéssemos vencido em 1989. Naquela época teríamos um governo de esquerda, já a partir de 2003 tivemos um governo de centro-esquerda.
Em que o PT avançou?
Aqui é preciso distinguir as coisas. O PT nos anos 80 era o partido da luta contra a ditadura e contra a transição conservadora, um partido de oposição, ancorado nas lutas sociais e no socialismo como objetivo. Já nos 90 nos convertemos em alternativa de governo contra o neoliberalismo. E a partir de 2003, viramos o partido do presidente da República. Assim, do ponto de vista de massa, nossos êxitos se confundem com os êxitos do governo, que de maneira muito resumida consistem em ter melhorado a vida do povo, recuperado o papel do Estado e adotado uma política de integração regional. Numa frase, estamos nos desfazendo da herança maldita do neoliberalismo. Mas o Partido não pode ser avaliado apenas pelo que fez ou deixou de fazer enquanto governo. Temos objetivos históricos que vão muito além daquilo que um governo é capaz de fazer. E, neste aspecto, o balanço é mais contraditório.
Você acha que nesses anos o PT retrocedeu?
As pesquisas, inclusive as nossas, mostram que o PT segue sendo o partido com maior apoio popular, 24%, muito à frente do segundo colocado, que é o PMDB, com 6%. Mas somos os maiores, num ambiente em que cai o número de brasileiros e brasileiras que manifestam preferência por algum partido: 61% em 1988, 44% em 2012. De maneira geral, podemos dizer que nos últimos dez anos melhoraram as condições materiais de vida do povo brasileiro, mas a subjetividade popular não acompanhou o ritmo. Por subjetividade, eu me refiro ao ambiente cultural em geral, à postura dos meios de comunicação e da indústria cultural, à qualidade da educação pública, à auto-organização social, à democratização da política e à vida interna dos partidos. No concreto: hoje no PT temos mais filiados-eleitores que filiados-militantes. E nossa vida interna, nosso debate, está longe, muito longe, da que necessitamos para governar e principalmente transformar profundamente o país.
Apesar disto, podemos falar que o PT é hoje o maior partido de esquerda da América Latina e um dos maiores do mundo?
Eu evito usar esta expressão, porque me recorda uma frase de um ministro da ditadura militar acerca da Arena. Brincadeiras a parte, o PT não é dos maiores partidos do ponto de vista numérico. Pode ser que esteja enganado, mas acho que o percentual de brasileiros filiados ao PT é inferior ao de uruguaios filiados à Frente Ampla. Aliás, o PT precisa crescer muito em número de filiados, o que exigirá garantir a existência de núcleos, de formação e de comunicação partidária. Mas voltando a tua pergunta, embora numericamente possamos não ser os maiores, ao menos proporcionalmente, do ponto de vista político o PT é visto hoje como um dos partidos mais importantes do mundo e da América Latina. Não apenas porque governamos o Brasil, com os êxitos já citados, mas também porque expressamos uma esquerda que soube resistir relativamente bem à crise do socialismo soviético e da social-democracia.
Quais os principais desafios do Partido para o próximo período?
Um dos desafios é não viver do passado glorioso, nem se conformar com o presente exitoso. Noutras palavras: o PT não pode virar um partido que tem um grande passado pela frente. Até porque, se fizermos isto, seremos derrotados pela direita, que está se renovando, se reciclando, nos atacando e experimentando caminhos para nos derrotar. Outro desafio é deixar de ser um partido de anos pares, ou seja, um partido que vive fundamentalmente em função dos processos eleitorais, dos governos, dos mandatos parlamentares e do pagamento das dívidas das campanhas anteriores. Temos quer voltar a ser um partido que atua também nos anos ímpares e que sabe combinar luta social, luta ideológica, construção e partidária, com disputa eleitoral, ação parlamentar e governamental. Foi com esta combinação de formas de luta que acumulamos forças para vencer em 2002. Um terceiro desafio é construir uma estratégia que nos permita passar para uma nova etapa, uma etapa de reformas estruturais no país. Aqui, em minha opinião, trata-se de atualizar o programa e a estratégia democrático-popular e socialista que o PT elaborou nos anos 80. Até porque, o sucesso relativo de nossa ação governamental está recolocando os dilemas estratégicos que o Brasil viveu naquela época. Evidentemente, um quarto desafio é a reeleição para a presidência em 2014, ampliar nossa presença nos governos estaduais e nos parlamentos.
Neste ano, além das comemorações dos 33 anos do PT, o partido realiza o Processo de Eleições Diretas. Qual é a importância do PED?
Depende. Se o regulamento do PED for respeitado, ou seja, se houver debate, democracia interna e, principalmente, se pararmos de importar para dentro da nossa vida interna práticas oriundas das eleições tradicionais, se tudo isto for feito, o PED pode ser muito importante para formular uma nova estratégia para o PT enfrentar a nova situação política, nacional e regional e mundial. Resumidamente: em parte por causa dos efeitos da crise, em parte porque a burguesia não gosta da combinação de salários altos e desemprego baixo, está ocorrendo uma mudança na postura do grande capital frente ao governo federal encabeçado pelo PT. Ou seja, estão deixando de existir aquelas condições excepcionais que permitiram a um governo de centro-esquerda, liderado por Lula, melhorar a vida dos pobres e garantir grandes lucros aos ricos. O PED é o momento de debater esta nova situação e de decidir que caminho seguir. Claro que haverá os que defendem que o caminho a seguir é fazer concessões ao capital, via concessões, desonerações, subsídios e flexibilizações na legislação trabalhista e social. Confio, entretanto, que a maioria do Partido vai optar por outro caminho: mais democracia, reformas estruturais, fortalecer o mundo do trabalho, reafirmar nossos compromissos socialistas.
O que diria para o militante petista e para o simpatizante do partido nos 33 anos do PT? Qual é hoje o principal inimigo e a principal ameaça ao PT?
Se me pedem para escolher um, eu diria que o principal inimigo é o monopólio da mídia. Hoje, as grandes empresas de comunicação são o quartel-general da direita, dos conservadores. Não apenas do antipetismo, mas anti-esquerda, anti-movimentos sociais, anti-democracia. Agora, a principal ameaça que paira sobre nós é a postura conivente, complacente, tímida, recuada, com que alguns setores do PT e da esquerda em geral tratam este tema. O inimigo está na dele, está fazendo o seu papel, que é o de nos desmoralizar para nos destruir. O problema está em como atuamos frente a isto. Temos que construir os nossos meios de comunicação próprios, temos que democratizar a verba publicitária dos governos que dirigimos, temos que fazer cumprir as leis (por exemplo, parlamentares não podem ser proprietários de concessões públicas de rádio e TV) e temos que alterar a legislação que regula a comunicação social.
Mas o PT já está há dez anos no governo e, como você diz, pouco avançamos na tão sonhada democratização da comunicação. Por quê?
Na minha opinião, prevaleceu no governo uma linha incorreta, de conciliação com as grandes empresas de comunicação. O problema de fundo é o seguinte: a saúde é um direito público, a educação é um direito público, é dever do Estado garantir estes direitos, podendo o setor privado ter um papel complementar, mas sob supervisão pública. Pois bem: na comunicação deveria valer o mesmo critério. Mas na prática segue prevalecendo o contrário: a informação e a comunicação são controlados pelo setor monopolista privado, com quase nenhuma supervisão pública, mas com amplo financiamento público via propaganda governamental. Nós temos os recursos humanos e financeiros necessários para ter uma comunicação pública de imensa qualidade, assim como para ter uma comunicação privada democrática e plural; falta vontade política. E temos a obrigação de democratizar as verbas publicitárias, muito mais do que aquilo que já foi feito.
Quero insistir no assunto governo. Em 2013, o partido também comemora os 10 anos do Governo Democrático e Popular. O PT conseguiu os avanços a que se propôs enquanto governo e se manteve fiel à sua plataforma?
Não foram dez anos de governo democrático-popular. Foram dez anos de governo federal encabeçado pelo PT. Assim está, aliás, no documento que convoca o Quinto Congresso petista. Infelizmente, na hora de dar nome ao evento, acho que alguém ficou com medo de melindrar os aliados com a história de encabeçado pelo PT; e como falar de governo de centro-esquerda é meio frustrante, tacaram a expressão democrático-popular. Sei que para alguns pode parecer uma firula terminológica, mas não é: precisamos exatamente de um governo que faça reformas estruturais no país, por exemplo, a tributária e a agrária, e o nome que sempre demos a isto foi exatamente governo democrático-popular. Feita esta ressalva, a resposta a tua pergunta é: mais ou menos. A plataforma do PT não foi globalmente executada nestes dez anos de governo. Em alguns casos, porque a correlação de forças impediu; noutros casos, porque durante muitos anos prevaleceu no Partido a tese de que é melhor um mal acordo do que uma boa briga. Apesar disto, estes dez anos podem e devem ser comemorados: com todas as limitações e contradições, trilhamos o caminho da superação do neoliberalismo, melhoramos a vida do povo e incentivamos a integração regional. Historicamente, não é pouca coisa. Mas, também historicamente, não é o suficiente. A desigualdade continua brutal, a maioria do povo ainda não tem acesso ao bem-estar social, a democracia política continua refém das elites.
Você é um dos dirigentes da Articulação de Esquerda, tendência petista que este ano está comemorando 20 anos de fundação. De que forma a AE colaborou para a construção do PT e no que continua a colaborar?
Nos anos 80, a tendência hegemônica no PT era a chamada Articulação. Depois de 1989, houve um grande debate no Partido e nesta tendência, sobre como atuar no contexto da ofensiva neoliberal e da crise do socialismo. Este debate resultou, primeiro, numa guinada à direita, que se tivesse prevalecido teria transformado o PT num partido social-democrata. Num segundo momento, como reação, houve um giro à esquerda: entre 1993 e 1995, uma precária maioria de esquerda controlou o Diretório Nacional do PT. Num terceiro momento, a maioria de esquerda foi desalojada: perdemos o 10º Encontro Nacional do PT por apenas 2 votos na tese guia e 16 votos na escolha do presidente do Partido. Durante dez anos, entre 1995 e 2005, a esquerda partidária cumpriu um papel de resistência, oscilando entre 45% e 30% do Diretório Nacional. A Articulação de Esquerda vertebrou, ao lado de tendências como a Democracia Socialista e a Força Socialista, esta resistência. Certamente cometemos muitos erros, mas olhando para trás acho que cumprimos um papel importante para o PT: sem nós, sem a pressão que exercíamos, a maioria moderada do PT poderia ter levado o Partido para um caminho de desacumulação de forças. Dou como exemplos disto: a tentativa de fazer o PT participar da revisão constitucional, que poderia ter nos custado algumas estatais; a tentativa de aprovar o parlamentarismo, que inviabilizaria de fato o governo Lula; a tentativa de lançar outro candidato presidencial, que não Lula, em 1998; e as ridículas tentativas de tratar o PSDB como nosso aliado, tentativas que até recentemente causaram desastres, como em Belo Horizonte.
Qual é o principal legado da AE e desafios daqui para frente?
Acho que nosso principal legado foi o que ajudamos a fazer em 2005. Naquele ano, a direita se empenhou a fundo em destruir o PT. Aproveitou-se, para isto, de erros cometidos por setores do próprio Partido. E, frente ao ataque da direita, outros setores do Partido se acovardaram ou ficaram em tamanha defensiva que não conseguiam, nem mesmo, dizer um único motivo para acreditar, defender e votar no PT. Nós da Articulação de Esquerda, igual a outros setores do petismo, não titubeamos em defender o PT e acho que cumprimos ali um papel muito importante. Embora, é preciso dizer, o papel fundamental tenha sido cumprido pelo petista anônimo, aquela montanha de gente que não apenas foi votar no PED de 2005, mas defendeu o PT na rua.
A AE terá candidato no PED. Quem será? Qual a plataforma da corrente para o PT?
Teremos candidato, que pode ser alguém da própria Articulação de Esquerda, neste caso provavelmente eu mesmo, assim como pode ser alguém integrante de outro setor, desde que óbvio tenha identidade programática com aquilo que defendemos. Nossa plataforma estará disponível provavelmente em março, no endereço www.pagina13.org.br Seu componente central é: uma nova estratégia para um novo período. Basicamente, defendemos que é preciso passar da ênfase na superação do neoliberalismo, para a ênfase nas reformas estruturais. E que para isto é preciso outro tipo de comportamento partidário: mais mobilização, mais organização de base, mais formação, mais comunicação, mais defesa do projeto socialista. Um partido também para os anos ímpares, como creio já ter dito antes.
Qual é a sua avaliação sobre a crise de 2005 e a AP 470?
A crise de 2005 tem duas facetas: por um lado, o ataque hipócrita da direita, que tentou transformar um caso de caixa 2 numa crise constitucional e no supostamente maior escândalo de corrupção na história do país; por outro lado, os erros de importantes dirigentes, que se terceirizaram parte das finanças partidárias para um criminoso tucano chamado Marcos Valério. Como a direita não conseguiu nos destruir em 2005, nem conseguiu nos derrotar em 2006 e 2010, abriu-se para eles o caminho da judicialização da política em geral, e para esta estratégia o caso de 2005 caia como uma luva. Por isto sempre afirmei que o processo no Supremo Tribunal Federal resultaria em condenações. Curiosamente, alguns dos condenados achavam o contrário. A mesma ilusão de classe que os levou a promiscuidade com Marcos Valério, os levou a acreditar no suposto caráter técnico da corte suprema. Claro que para fazer as condenações, foi necessário criar uma nova jurisprudência. Aos inimigos, nem mesmo a lei...
O que você pensa sobre os atos que são organizados Brasil afora pelo companheiro José Dirceu?
Eu penso que ele está no direito dele se defender, até porque sua condenação foi sem provas. Mas se eu fosse ele, agiria totalmente diferente. Primeiro, pelo papel que ele jogou na construção do PT e na direção do Partido durante a primeira fase do governo Lula, acho que ele tem a obrigação de apresentar um balanço crítico e autocrítico de sua atuação. Em segundo lugar, acho que ele deveria acompanhar as deliberações do Diretório Nacional do PT acerca do assunto, que evitam cair na armadilha montada pela direita, que pretende transformar as condenações de alguns filiados em condenação de todo o Partido. Na minha opinião, Dirceu não percebe que a tarefa de defender o PT não deve ser confundida com a tarefa de defender os condenados pelo STF. Em terceiro lugar e mais importante, eu teria enfrentado este tema ainda em 2005, assumindo a responsabilidade política pelos erros cometidos. Se tivéssemos feito isto, estaríamos todos nós, ele inclusive, em melhor condição, agora.
Então você acha que estes atos não ajudam ao Partido?
Como disse, acho que o Dirceu tem o direito de se defender. E acho que os militantes que se sentem solidários a ele, podem e devem participar. Mas na minha opinião política, estes atos não ajudam o Partido, não ajudam o governo e não ajudam os condenados. O PT deve continuar denunciando os atropelos cometidos pelo STF, deve continuar prestando solidariedade aos condenados, sem que isto implique em deixar de reconhecer os graves erros que foram cometidos. Mas a defesa do PT passa pela ação do Partido em torno dos grandes temas da pauta nacional. Quem quer e precisa colocar este tema no centro da pauta é a direita, não nós.
Qual é a posição da AE a respeito da reforma agrária? Qual é a avaliação da corrente sobre a atuação do governo nesta área?
Somos totalmente a favor da reforma agrária. Tanto antes, quanto agora. Seja para combater a inflação, seja por segurança alimentar, seja para democratizar a propriedade e o poder, a reforma agrária é fundamental. O desempenho dos nossos governos, nesta área da reforma agrária estritamente falando, é medíocre. O correto seria que a reforma agrária tivesse a mesma importância e a mesma qualidade que a política agrícola, o apoio aos assentados e aos pequenos produtores.
Financiamento Público de campanha é fundamental para que?
Para que haja democracia. Hoje, a eleição é deformada pelo poder do dinheiro. Não há democracia que resista a isto. E, como a grana chama grana, o investimento das empresas na democracia gera leis e governos em favor dos contribuintes, gerando também corrupção. A corrupção é um efeito colateral inevitável do financiamento privado empresarial das campanhas eleitorais.
Qual é a pauta prioritária para o PT no próximo período? Na sua avaliação em que devemos centrar nossas lutas?
Politicamente falando? Reforma política e democratização da comunicação. O PT tem que aproveitar este ano, aproveitar o PED, aproveitar seu Congresso, para debater com a sociedade brasileira sobre os grandes temas de nosso país, sobre o balanço de nossos governos, sobre os desafios futuros e sobre os grandes obstáculos políticos a este futuro, hoje: a influência do poder econômico nas campanhas eleitorais e a deformação informativa e comunicacional imposta pelos monopólios da mídia.
E com a classe trabalhadora qual deve ser a nossa relação?
O PT continua sendo o Partido preferido pela maior parte dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras. E também somos o partido preferido da maior parte dos militantes sociais. O problema é que a pauta da mobilização social, no sentido amplo da palavra, não apenas reivindicativo, não ocupa um lugar central na agenda das direções partidárias. Ao lado deste problema, que vem dos anos 1990, há um problema novo: o surgimento de uma nova classe trabalhadora, geracionalmente e sociologicamente, isto que alguns chamam indevidamente de nova classe média. O PT precisa buscar este setor, organizá-lo, mobilizá-lo, impedir que a direita o hegemonize. Em especial a juventude, com destaque para a juventude trabalhadora, que tem que ser reconquistada pelo PT. E para isto precisamos de uma conduta muito forte, que vai desde o funcionamento e postura do PT e da Juventude Petista, passando por fortalecer nosso agir cultural, as politicas de governo etc.
E com os países da América Latina, da Europa que encontra-se em crise e EUA?
O PT tem uma política internacional bastante ativa, mas os recursos humanos e materiais disponíveis são ínfimos perante a imensidão da tarefa. Na secretaria de relações internacionais do PT temos, contando dirigentes e funcionários, sete pessoas. Quando contamos isto para os chineses ou para os franceses, eles não conseguem acreditar: seus departamentos de relações internacionais contam com mais gente. Se o PT quiser ampliar sua influência internacional, precisamos conhecer mais, elaborar mais, difundir mais o que fazemos e ter presença física mais intensa em todo o mundo. Não são tarefas difíceis em si, apenas exigem recursos, empenho e paciência para formar novos quadros. Felizmente, embora o PT estrito senso tenha pouca gente envolvida, o petismo no sentido amplo da palavra é muito presente na vida internacional, através dos nossos quadros que atuam na área, seja em movimentos sociais, ONGs, nas universidades e centros de pesquisa, governos e parlamentos. Este petismo internacionalista é fundamental para o PT e muitas vezes é o que suplemente a debilidade do aparato partidário.
O que é ser socialista e defender o PT?
É fazer o que fazemos. Claro que quando eu vou a algumas atividades, onde a mesa de debate é composta apenas por organizações de ultra-esquerda, uma mais radical que a outra, é difícil. Mas quando eu lembro que o Brasil real é completamente diferente da composição daquela mesa de debate, quando eu lembro que a esquerda brasileira detém apenas 30% do parlamento nacional, quando eu lembro o ódio que a burguesia, a direita e o PIG têm contra o PT, quando eu penso no papel que o PT e o governo brasileiro jogam no mundo, quando eu penso no quanto melhorou a vida do povo nesses dez anos, aí eu acho que defender o PT é uma das coisas mais fáceis e necessárias.
De maneira similar, quando vou a reuniões dominadas por gente acrítica e burocratizada, que acham que está tudo 100% bem, que tem como horizonte máximo administrar, fica difícil. Mas basta mudar de ambiente, para ver que há dezenas ou centenas de milhares de petistas que não querem apenas governar, querem transformar o país e o mundo. Que não aceitam o neoliberalismo e o capitalismo como horizontes intransponíveis. E que não entraram no PT para fazer carreira, para ter cargos, mas sim para organizar e potencializar sua militância. Nestas horas, eu continuo achando válida uma opinião que eu tinha nos anos 80, ou seja, que o petismo pode ser o socialismo adequado às condições brasileiras. A conferir, pois esta história ainda está sendo escrita.
Publicado em Página 13
Valter Pomar, membro do Diretório Nacional do PT e Secretário Executivo do Foro de São Paulo, faz uma análise da trajetória do partido que completa 33 anos, no dia 10 de fevereiro. Ele fala sobre os dez anos do partido frente ao Governo Federal; e a necessidade de que o Processo de Eleições Diretas - PED, que será realizado este ano, seja capaz de formular uma nova estratégia para o PT enfrentar a atual situação política nacional e mundial.
O PT completa 33 anos no dia 10 de fevereiro. Qual é a diferença do PT de 1980 e de hoje?
A principal diferença é que hoje somos governo nacional e temos melhores condições para materializar nossas propostas. Mas conquistamos a presidência de República em condições muito diferentes daquelas que existiam em 1980 ou em 1989. O PT é diferente, o Brasil é diferente, a América Latina e o mundo são diferentes.
O que mudou desde fundação do PT para cá?
De maneira geral, a onda neoliberal que começou nos anos 1970 afetou negativamente o mundo do trabalho, as nações em desenvolvimento, o estado de bem estar europeu, o socialismo de tipo soviético e causou imensos estragos na cultura progressista, democrática, de esquerda em todo o mundo. Tudo isto constrange o potencial de um governo de esquerda.
Como, apesar deste contexto negativo, o PT ganhou as eleições presidenciais?
Há várias causas. O neoliberalismo chegou tardiamente no Brasil, quando já estava refluindo no resto do mundo. Em parte por isto, em parte por nossas virtudes, conseguimos impedir os tucanos de implementar o neoliberalismo até o fim: por exemplo, preservamos estatais importantes, como o Banco do Brasil e a Petrobras. O que quer dizer que correlação de forças aqui não era tão negativa quanto em outras partes. Por outro lado, apesar de também ter sido impactado, o PT conseguiu ampliar sua influência eleitoral nos anos 90, o que funcionou como um contraponto ao refluxo das lutas sociais naquele mesmo período e funcionou como um acúmulo de forças fundamental para entender a vitória de 2002. E, por fim, há um fato importantíssimo: uma parte da burguesia brasileira estava descontente com o fundamentalismo neoliberal de FHC e não fez contra Lula 2002 o que havia feito contra o Lula 1989. Essas são algumas das causas que nos levaram a vencer. A correlação de forças não impediu o PT de ganhar as eleições presidenciais de 2002, mas produziu um governo muito diferente do que faríamos, por exemplo, se tivéssemos vencido em 1989. Naquela época teríamos um governo de esquerda, já a partir de 2003 tivemos um governo de centro-esquerda.
Em que o PT avançou?
Aqui é preciso distinguir as coisas. O PT nos anos 80 era o partido da luta contra a ditadura e contra a transição conservadora, um partido de oposição, ancorado nas lutas sociais e no socialismo como objetivo. Já nos 90 nos convertemos em alternativa de governo contra o neoliberalismo. E a partir de 2003, viramos o partido do presidente da República. Assim, do ponto de vista de massa, nossos êxitos se confundem com os êxitos do governo, que de maneira muito resumida consistem em ter melhorado a vida do povo, recuperado o papel do Estado e adotado uma política de integração regional. Numa frase, estamos nos desfazendo da herança maldita do neoliberalismo. Mas o Partido não pode ser avaliado apenas pelo que fez ou deixou de fazer enquanto governo. Temos objetivos históricos que vão muito além daquilo que um governo é capaz de fazer. E, neste aspecto, o balanço é mais contraditório.
Você acha que nesses anos o PT retrocedeu?
As pesquisas, inclusive as nossas, mostram que o PT segue sendo o partido com maior apoio popular, 24%, muito à frente do segundo colocado, que é o PMDB, com 6%. Mas somos os maiores, num ambiente em que cai o número de brasileiros e brasileiras que manifestam preferência por algum partido: 61% em 1988, 44% em 2012. De maneira geral, podemos dizer que nos últimos dez anos melhoraram as condições materiais de vida do povo brasileiro, mas a subjetividade popular não acompanhou o ritmo. Por subjetividade, eu me refiro ao ambiente cultural em geral, à postura dos meios de comunicação e da indústria cultural, à qualidade da educação pública, à auto-organização social, à democratização da política e à vida interna dos partidos. No concreto: hoje no PT temos mais filiados-eleitores que filiados-militantes. E nossa vida interna, nosso debate, está longe, muito longe, da que necessitamos para governar e principalmente transformar profundamente o país.
Apesar disto, podemos falar que o PT é hoje o maior partido de esquerda da América Latina e um dos maiores do mundo?
Eu evito usar esta expressão, porque me recorda uma frase de um ministro da ditadura militar acerca da Arena. Brincadeiras a parte, o PT não é dos maiores partidos do ponto de vista numérico. Pode ser que esteja enganado, mas acho que o percentual de brasileiros filiados ao PT é inferior ao de uruguaios filiados à Frente Ampla. Aliás, o PT precisa crescer muito em número de filiados, o que exigirá garantir a existência de núcleos, de formação e de comunicação partidária. Mas voltando a tua pergunta, embora numericamente possamos não ser os maiores, ao menos proporcionalmente, do ponto de vista político o PT é visto hoje como um dos partidos mais importantes do mundo e da América Latina. Não apenas porque governamos o Brasil, com os êxitos já citados, mas também porque expressamos uma esquerda que soube resistir relativamente bem à crise do socialismo soviético e da social-democracia.
Quais os principais desafios do Partido para o próximo período?
Um dos desafios é não viver do passado glorioso, nem se conformar com o presente exitoso. Noutras palavras: o PT não pode virar um partido que tem um grande passado pela frente. Até porque, se fizermos isto, seremos derrotados pela direita, que está se renovando, se reciclando, nos atacando e experimentando caminhos para nos derrotar. Outro desafio é deixar de ser um partido de anos pares, ou seja, um partido que vive fundamentalmente em função dos processos eleitorais, dos governos, dos mandatos parlamentares e do pagamento das dívidas das campanhas anteriores. Temos quer voltar a ser um partido que atua também nos anos ímpares e que sabe combinar luta social, luta ideológica, construção e partidária, com disputa eleitoral, ação parlamentar e governamental. Foi com esta combinação de formas de luta que acumulamos forças para vencer em 2002. Um terceiro desafio é construir uma estratégia que nos permita passar para uma nova etapa, uma etapa de reformas estruturais no país. Aqui, em minha opinião, trata-se de atualizar o programa e a estratégia democrático-popular e socialista que o PT elaborou nos anos 80. Até porque, o sucesso relativo de nossa ação governamental está recolocando os dilemas estratégicos que o Brasil viveu naquela época. Evidentemente, um quarto desafio é a reeleição para a presidência em 2014, ampliar nossa presença nos governos estaduais e nos parlamentos.
Neste ano, além das comemorações dos 33 anos do PT, o partido realiza o Processo de Eleições Diretas. Qual é a importância do PED?
Depende. Se o regulamento do PED for respeitado, ou seja, se houver debate, democracia interna e, principalmente, se pararmos de importar para dentro da nossa vida interna práticas oriundas das eleições tradicionais, se tudo isto for feito, o PED pode ser muito importante para formular uma nova estratégia para o PT enfrentar a nova situação política, nacional e regional e mundial. Resumidamente: em parte por causa dos efeitos da crise, em parte porque a burguesia não gosta da combinação de salários altos e desemprego baixo, está ocorrendo uma mudança na postura do grande capital frente ao governo federal encabeçado pelo PT. Ou seja, estão deixando de existir aquelas condições excepcionais que permitiram a um governo de centro-esquerda, liderado por Lula, melhorar a vida dos pobres e garantir grandes lucros aos ricos. O PED é o momento de debater esta nova situação e de decidir que caminho seguir. Claro que haverá os que defendem que o caminho a seguir é fazer concessões ao capital, via concessões, desonerações, subsídios e flexibilizações na legislação trabalhista e social. Confio, entretanto, que a maioria do Partido vai optar por outro caminho: mais democracia, reformas estruturais, fortalecer o mundo do trabalho, reafirmar nossos compromissos socialistas.
O que diria para o militante petista e para o simpatizante do partido nos 33 anos do PT? Qual é hoje o principal inimigo e a principal ameaça ao PT?
Se me pedem para escolher um, eu diria que o principal inimigo é o monopólio da mídia. Hoje, as grandes empresas de comunicação são o quartel-general da direita, dos conservadores. Não apenas do antipetismo, mas anti-esquerda, anti-movimentos sociais, anti-democracia. Agora, a principal ameaça que paira sobre nós é a postura conivente, complacente, tímida, recuada, com que alguns setores do PT e da esquerda em geral tratam este tema. O inimigo está na dele, está fazendo o seu papel, que é o de nos desmoralizar para nos destruir. O problema está em como atuamos frente a isto. Temos que construir os nossos meios de comunicação próprios, temos que democratizar a verba publicitária dos governos que dirigimos, temos que fazer cumprir as leis (por exemplo, parlamentares não podem ser proprietários de concessões públicas de rádio e TV) e temos que alterar a legislação que regula a comunicação social.
Mas o PT já está há dez anos no governo e, como você diz, pouco avançamos na tão sonhada democratização da comunicação. Por quê?
Na minha opinião, prevaleceu no governo uma linha incorreta, de conciliação com as grandes empresas de comunicação. O problema de fundo é o seguinte: a saúde é um direito público, a educação é um direito público, é dever do Estado garantir estes direitos, podendo o setor privado ter um papel complementar, mas sob supervisão pública. Pois bem: na comunicação deveria valer o mesmo critério. Mas na prática segue prevalecendo o contrário: a informação e a comunicação são controlados pelo setor monopolista privado, com quase nenhuma supervisão pública, mas com amplo financiamento público via propaganda governamental. Nós temos os recursos humanos e financeiros necessários para ter uma comunicação pública de imensa qualidade, assim como para ter uma comunicação privada democrática e plural; falta vontade política. E temos a obrigação de democratizar as verbas publicitárias, muito mais do que aquilo que já foi feito.
Quero insistir no assunto governo. Em 2013, o partido também comemora os 10 anos do Governo Democrático e Popular. O PT conseguiu os avanços a que se propôs enquanto governo e se manteve fiel à sua plataforma?
Não foram dez anos de governo democrático-popular. Foram dez anos de governo federal encabeçado pelo PT. Assim está, aliás, no documento que convoca o Quinto Congresso petista. Infelizmente, na hora de dar nome ao evento, acho que alguém ficou com medo de melindrar os aliados com a história de encabeçado pelo PT; e como falar de governo de centro-esquerda é meio frustrante, tacaram a expressão democrático-popular. Sei que para alguns pode parecer uma firula terminológica, mas não é: precisamos exatamente de um governo que faça reformas estruturais no país, por exemplo, a tributária e a agrária, e o nome que sempre demos a isto foi exatamente governo democrático-popular. Feita esta ressalva, a resposta a tua pergunta é: mais ou menos. A plataforma do PT não foi globalmente executada nestes dez anos de governo. Em alguns casos, porque a correlação de forças impediu; noutros casos, porque durante muitos anos prevaleceu no Partido a tese de que é melhor um mal acordo do que uma boa briga. Apesar disto, estes dez anos podem e devem ser comemorados: com todas as limitações e contradições, trilhamos o caminho da superação do neoliberalismo, melhoramos a vida do povo e incentivamos a integração regional. Historicamente, não é pouca coisa. Mas, também historicamente, não é o suficiente. A desigualdade continua brutal, a maioria do povo ainda não tem acesso ao bem-estar social, a democracia política continua refém das elites.
Você é um dos dirigentes da Articulação de Esquerda, tendência petista que este ano está comemorando 20 anos de fundação. De que forma a AE colaborou para a construção do PT e no que continua a colaborar?
Nos anos 80, a tendência hegemônica no PT era a chamada Articulação. Depois de 1989, houve um grande debate no Partido e nesta tendência, sobre como atuar no contexto da ofensiva neoliberal e da crise do socialismo. Este debate resultou, primeiro, numa guinada à direita, que se tivesse prevalecido teria transformado o PT num partido social-democrata. Num segundo momento, como reação, houve um giro à esquerda: entre 1993 e 1995, uma precária maioria de esquerda controlou o Diretório Nacional do PT. Num terceiro momento, a maioria de esquerda foi desalojada: perdemos o 10º Encontro Nacional do PT por apenas 2 votos na tese guia e 16 votos na escolha do presidente do Partido. Durante dez anos, entre 1995 e 2005, a esquerda partidária cumpriu um papel de resistência, oscilando entre 45% e 30% do Diretório Nacional. A Articulação de Esquerda vertebrou, ao lado de tendências como a Democracia Socialista e a Força Socialista, esta resistência. Certamente cometemos muitos erros, mas olhando para trás acho que cumprimos um papel importante para o PT: sem nós, sem a pressão que exercíamos, a maioria moderada do PT poderia ter levado o Partido para um caminho de desacumulação de forças. Dou como exemplos disto: a tentativa de fazer o PT participar da revisão constitucional, que poderia ter nos custado algumas estatais; a tentativa de aprovar o parlamentarismo, que inviabilizaria de fato o governo Lula; a tentativa de lançar outro candidato presidencial, que não Lula, em 1998; e as ridículas tentativas de tratar o PSDB como nosso aliado, tentativas que até recentemente causaram desastres, como em Belo Horizonte.
Qual é o principal legado da AE e desafios daqui para frente?
Acho que nosso principal legado foi o que ajudamos a fazer em 2005. Naquele ano, a direita se empenhou a fundo em destruir o PT. Aproveitou-se, para isto, de erros cometidos por setores do próprio Partido. E, frente ao ataque da direita, outros setores do Partido se acovardaram ou ficaram em tamanha defensiva que não conseguiam, nem mesmo, dizer um único motivo para acreditar, defender e votar no PT. Nós da Articulação de Esquerda, igual a outros setores do petismo, não titubeamos em defender o PT e acho que cumprimos ali um papel muito importante. Embora, é preciso dizer, o papel fundamental tenha sido cumprido pelo petista anônimo, aquela montanha de gente que não apenas foi votar no PED de 2005, mas defendeu o PT na rua.
A AE terá candidato no PED. Quem será? Qual a plataforma da corrente para o PT?
Teremos candidato, que pode ser alguém da própria Articulação de Esquerda, neste caso provavelmente eu mesmo, assim como pode ser alguém integrante de outro setor, desde que óbvio tenha identidade programática com aquilo que defendemos. Nossa plataforma estará disponível provavelmente em março, no endereço www.pagina13.org.br Seu componente central é: uma nova estratégia para um novo período. Basicamente, defendemos que é preciso passar da ênfase na superação do neoliberalismo, para a ênfase nas reformas estruturais. E que para isto é preciso outro tipo de comportamento partidário: mais mobilização, mais organização de base, mais formação, mais comunicação, mais defesa do projeto socialista. Um partido também para os anos ímpares, como creio já ter dito antes.
Qual é a sua avaliação sobre a crise de 2005 e a AP 470?
A crise de 2005 tem duas facetas: por um lado, o ataque hipócrita da direita, que tentou transformar um caso de caixa 2 numa crise constitucional e no supostamente maior escândalo de corrupção na história do país; por outro lado, os erros de importantes dirigentes, que se terceirizaram parte das finanças partidárias para um criminoso tucano chamado Marcos Valério. Como a direita não conseguiu nos destruir em 2005, nem conseguiu nos derrotar em 2006 e 2010, abriu-se para eles o caminho da judicialização da política em geral, e para esta estratégia o caso de 2005 caia como uma luva. Por isto sempre afirmei que o processo no Supremo Tribunal Federal resultaria em condenações. Curiosamente, alguns dos condenados achavam o contrário. A mesma ilusão de classe que os levou a promiscuidade com Marcos Valério, os levou a acreditar no suposto caráter técnico da corte suprema. Claro que para fazer as condenações, foi necessário criar uma nova jurisprudência. Aos inimigos, nem mesmo a lei...
O que você pensa sobre os atos que são organizados Brasil afora pelo companheiro José Dirceu?
Eu penso que ele está no direito dele se defender, até porque sua condenação foi sem provas. Mas se eu fosse ele, agiria totalmente diferente. Primeiro, pelo papel que ele jogou na construção do PT e na direção do Partido durante a primeira fase do governo Lula, acho que ele tem a obrigação de apresentar um balanço crítico e autocrítico de sua atuação. Em segundo lugar, acho que ele deveria acompanhar as deliberações do Diretório Nacional do PT acerca do assunto, que evitam cair na armadilha montada pela direita, que pretende transformar as condenações de alguns filiados em condenação de todo o Partido. Na minha opinião, Dirceu não percebe que a tarefa de defender o PT não deve ser confundida com a tarefa de defender os condenados pelo STF. Em terceiro lugar e mais importante, eu teria enfrentado este tema ainda em 2005, assumindo a responsabilidade política pelos erros cometidos. Se tivéssemos feito isto, estaríamos todos nós, ele inclusive, em melhor condição, agora.
Então você acha que estes atos não ajudam ao Partido?
Como disse, acho que o Dirceu tem o direito de se defender. E acho que os militantes que se sentem solidários a ele, podem e devem participar. Mas na minha opinião política, estes atos não ajudam o Partido, não ajudam o governo e não ajudam os condenados. O PT deve continuar denunciando os atropelos cometidos pelo STF, deve continuar prestando solidariedade aos condenados, sem que isto implique em deixar de reconhecer os graves erros que foram cometidos. Mas a defesa do PT passa pela ação do Partido em torno dos grandes temas da pauta nacional. Quem quer e precisa colocar este tema no centro da pauta é a direita, não nós.
Qual é a posição da AE a respeito da reforma agrária? Qual é a avaliação da corrente sobre a atuação do governo nesta área?
Somos totalmente a favor da reforma agrária. Tanto antes, quanto agora. Seja para combater a inflação, seja por segurança alimentar, seja para democratizar a propriedade e o poder, a reforma agrária é fundamental. O desempenho dos nossos governos, nesta área da reforma agrária estritamente falando, é medíocre. O correto seria que a reforma agrária tivesse a mesma importância e a mesma qualidade que a política agrícola, o apoio aos assentados e aos pequenos produtores.
Financiamento Público de campanha é fundamental para que?
Para que haja democracia. Hoje, a eleição é deformada pelo poder do dinheiro. Não há democracia que resista a isto. E, como a grana chama grana, o investimento das empresas na democracia gera leis e governos em favor dos contribuintes, gerando também corrupção. A corrupção é um efeito colateral inevitável do financiamento privado empresarial das campanhas eleitorais.
Qual é a pauta prioritária para o PT no próximo período? Na sua avaliação em que devemos centrar nossas lutas?
Politicamente falando? Reforma política e democratização da comunicação. O PT tem que aproveitar este ano, aproveitar o PED, aproveitar seu Congresso, para debater com a sociedade brasileira sobre os grandes temas de nosso país, sobre o balanço de nossos governos, sobre os desafios futuros e sobre os grandes obstáculos políticos a este futuro, hoje: a influência do poder econômico nas campanhas eleitorais e a deformação informativa e comunicacional imposta pelos monopólios da mídia.
E com a classe trabalhadora qual deve ser a nossa relação?
O PT continua sendo o Partido preferido pela maior parte dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras. E também somos o partido preferido da maior parte dos militantes sociais. O problema é que a pauta da mobilização social, no sentido amplo da palavra, não apenas reivindicativo, não ocupa um lugar central na agenda das direções partidárias. Ao lado deste problema, que vem dos anos 1990, há um problema novo: o surgimento de uma nova classe trabalhadora, geracionalmente e sociologicamente, isto que alguns chamam indevidamente de nova classe média. O PT precisa buscar este setor, organizá-lo, mobilizá-lo, impedir que a direita o hegemonize. Em especial a juventude, com destaque para a juventude trabalhadora, que tem que ser reconquistada pelo PT. E para isto precisamos de uma conduta muito forte, que vai desde o funcionamento e postura do PT e da Juventude Petista, passando por fortalecer nosso agir cultural, as politicas de governo etc.
E com os países da América Latina, da Europa que encontra-se em crise e EUA?
O PT tem uma política internacional bastante ativa, mas os recursos humanos e materiais disponíveis são ínfimos perante a imensidão da tarefa. Na secretaria de relações internacionais do PT temos, contando dirigentes e funcionários, sete pessoas. Quando contamos isto para os chineses ou para os franceses, eles não conseguem acreditar: seus departamentos de relações internacionais contam com mais gente. Se o PT quiser ampliar sua influência internacional, precisamos conhecer mais, elaborar mais, difundir mais o que fazemos e ter presença física mais intensa em todo o mundo. Não são tarefas difíceis em si, apenas exigem recursos, empenho e paciência para formar novos quadros. Felizmente, embora o PT estrito senso tenha pouca gente envolvida, o petismo no sentido amplo da palavra é muito presente na vida internacional, através dos nossos quadros que atuam na área, seja em movimentos sociais, ONGs, nas universidades e centros de pesquisa, governos e parlamentos. Este petismo internacionalista é fundamental para o PT e muitas vezes é o que suplemente a debilidade do aparato partidário.
O que é ser socialista e defender o PT?
É fazer o que fazemos. Claro que quando eu vou a algumas atividades, onde a mesa de debate é composta apenas por organizações de ultra-esquerda, uma mais radical que a outra, é difícil. Mas quando eu lembro que o Brasil real é completamente diferente da composição daquela mesa de debate, quando eu lembro que a esquerda brasileira detém apenas 30% do parlamento nacional, quando eu lembro o ódio que a burguesia, a direita e o PIG têm contra o PT, quando eu penso no papel que o PT e o governo brasileiro jogam no mundo, quando eu penso no quanto melhorou a vida do povo nesses dez anos, aí eu acho que defender o PT é uma das coisas mais fáceis e necessárias.
De maneira similar, quando vou a reuniões dominadas por gente acrítica e burocratizada, que acham que está tudo 100% bem, que tem como horizonte máximo administrar, fica difícil. Mas basta mudar de ambiente, para ver que há dezenas ou centenas de milhares de petistas que não querem apenas governar, querem transformar o país e o mundo. Que não aceitam o neoliberalismo e o capitalismo como horizontes intransponíveis. E que não entraram no PT para fazer carreira, para ter cargos, mas sim para organizar e potencializar sua militância. Nestas horas, eu continuo achando válida uma opinião que eu tinha nos anos 80, ou seja, que o petismo pode ser o socialismo adequado às condições brasileiras. A conferir, pois esta história ainda está sendo escrita.
Publicado em Página 13
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