Sônia Braga fala, ao fundo o dep. fed. Guimarães (PT-CE) |
Uma manobra surrealista marcou a passagem da comitiva do Deputado Federal José Nobre Guimarães por Iguatu, no centro-sul do Ceará, a aproximadamente 400km de Fortaleza, no sábado passado, 23.
Com a desculpa de celebrar os 10 anos do PT no governo federal, Guimarães encenou uma imitação do seminário ocorrido mês passado em Fortaleza, com a presença do ex-Presidente Lula, entre outras estrelas nacionais.
Aquele evento num dos mais luxuosos hotéis da capital, ficou então marcado pelas sonoras vaias da militância petista ao governador Cid Gomes e ao prefeito da cidade, Roberto Cláudio.
A cópia interiorana, na verdade, se tratava de uma mal disfarçada plenária de apoiadores do "Campo Democrático" (ala direita da tendência CNB - Construindo um Novo Brasil) na região, mirando no PED - Processo de Eleição Direta do PT, que define a nova direção partidária e que está previsto para ocorrer em novembro.
Pois bem, eis que no início da versão iguatuense, a dirigente Sônia Braga toma o microfone para anunciar que, na condição de "membro da Executiva Nacional do PT", estava convocando a direção municipal do PT em Iguatu para uma reunião no dia seguinte, ao meio-dia, para tratar da situação da presidência do Diretório local, a qual disse estar "irregular".
Pelo visto, nem mesmo o constrangimento generalizado da militância petista no município que sediava o evento foi suficiente para a dirigente Sônia Braga perceber o papel ridículo que desempenhara.
Além da total falta de preparo e inabilidade daquela que nunca passou de uma reles burocrata, ficou evidente que lhe subiu à cabeça a condição de ter sido recém guinada à Comissão Executiva Nacional do PT, em substituição à companheira Fátima Cleide.
Sônia subiu tanto no salto a ponto de exorbitar completamente em suas atribuições e não coadunar com o espírito democrático da construção do PT na sociedade brasileira até hoje.
Sônia é oriunda do grupo que ficou do lado "revisionista" na dissolução do PRC (Partido Revolucionário Comunista) em 1988, isto é, a parte que abandonou o marxismo e aderiu ao pragmatismo, alegando que o fracasso dos regimes ditos comunistas estava na sua raiz teórica, e fundou a então tendência "Nova Esquerda".
Interessante seria o contraste de que a mesma Sônia protagonizou tal episódio, com tamanho autoritarismo imperial, se não fosse corriqueira a sua forma grosseira e brutal de se dirigir aos demais membros do partido.
Esta é a mesma Sônia Braga que, em 2004, informava nas páginas dos jornais locais que estava confeccionando e distribuindo os adesivos "Sou PT, voto Inácio (PCdoB)", embora o PT, do qual era dirigente estadual, tivesse a candidatura própria da companheira Luizianne Lins à prefeita de Fortaleza.
No final daquele mesmo ano, já depois da eleição do primeiro mandato de Luizianne, a mesma Sônia tentou realizar a filiação em massa de quase 1.500 pessoas, sem passar pelo Diretório Municipal de Fortaleza, enviando as fichas diretamente para a Nacional. O mal-feito, no entanto, não obteve sucesso.
Coronela do PT
Sônia sempre esteve à serviço do deputado federal Guimarães, em todas suas manobras. Inclusive do apoio incondicional aos Ferreira Gomes no governo do Estado, sendo um de seus mais fiéis cães-de-guarda.
Ela, portanto, age como bate-pau de Guimarães ao adotar agora uma política consciente de intimidação à direção do PT em Iguatu.
Embora existam vários apoiadores nos municípios da região ao redor, o grupo de Sônia e Guimarães é inexpressivo em Iguatu, havendo praticamente apenas um pau-mandado, Bráulio, Secretário-Geral do Partido.
Sônia tenta repercutir a suposta fraude de seu subordinado Bráulio numa ata do Diretório Municipal, para burocraticamente questionar o presidente do PT em Iguatu, Marcílio Carlos.
A única explicação para tal desastrada iniciativa às vésperas de um PED que deve renovar a direção do PT, além da falta de voto, é o inconformismo do Campo Democrático com a independência e o sucesso da política do PT em Iguatu.
Apesar da corrente de Guimarães dominar a ampla maioria dos Diretórios do PT no interior do Ceará e a ampla maioria dos prefeitos eleitos no interior do Ceará, seja na cabeça-de-chapa, seja em aliança, em Iguatu não obteve idêntico resultado.
Aqui o PT participa sim da aliança que elegeu o prefeito Aderilo do PRB, mesmo sem a intermediação de Guimarães, nem o empenho de seu preposto local Bráulio, não conseguindo alcançar o feito de viabilizar sua pretensa inserção como vice na chapa majoritária.
Por isso, de repente, ao perder a perspectiva de sequer integrar o secretariado, Bráulio se tornou um dedicado opositor, fazendo tudo para desestabilizar a relação do Partido com o governo municipal.
A verdade é que eles querem massacrar o grupo em maioria no PT local porque não se conformam com a situação de ter encravado em um dos maiores pólos econômicos do Ceará, um dos poucos Diretórios que não se encontra sob sua tutela. Por isso, tentam derrubá-lo no "tapetão", para substituir o Presidente Marcílio como único interlocutor autorizado pelo Partido perante a gestão.
Arrogância e mandonismo
Mas a grotesca saga de Sônia continua. Ela foi candidata a vereadora do PT em Fortaleza na última eleição em 2012. Mesmo com todo apoio do poderoso campo majoritário e seu dileto governo oligárquico, logrou menos de três mil votos e é apenas a quinta suplente.
Por fim, a mesma Sônia havia tentado impedir que militantes abrissem uma faixa contra o coronelismo do governador Cid Gomes naquele seminário no hotel de luxo em Fortaleza, com a alegativa de seu caráter não-partidário e de ser uma promoção do "Instituto Lula". Sônia, na ocasião, foi enxotada pelo público, que protestou contra sua truculência.
A mesma Sônia, no entanto, se esqueceu de seu próprio argumento no dito encontro sobre "os 10 anos de governo do PT" em Iguatu e trouxe o que considera a mesquinharia da luta interna partidária para um fórum mais amplo e grandiloquente.
Grandiloquente é a palavra para definir a brutamontes Sônia Braga.
Direção da AE Iguatu-CE
23 de março de 2013
A época da ditadura passou em que se tomava as coisas na base da marra, deixa o presidente trabalhar.
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