quarta-feira, 20 de junho de 2012

Reflexões sobre a candidatura do PT à Prefeitura de Fortaleza

Por Luiz Belino Ferreira Sales*

Em uma acepção gramsciana, o intelectual orgânico se desenvolve dentro de uma categoria de classe, portanto crítico até mesmo aos “partidos de esquerda”, ou seja, próximo ao mundo produtivo e livre da retórica partidária. Então, busca-se um indivíduo ao mesmo tempo especialista (na concepção técnica da palavra) e político. Assim, nossa reflexão sobre o lançamento de Elmano Freitas como candidato ao Paço Municipal é alicerçada nessas duas primícias: do especialista e do político.

É legítimo ao PT lançar candidato próprio para as próximas eleições, afinal são dois mandatos administrando a cidade de Fortaleza, finalizando a segunda gestão Luizianne Lins com uma maturidade política que impõem tal decisão. Outro ponto, é o processo interno de escolha, que respeitou a história política interna do partido, o que convenhamos não vem sendo seguida em todo o território nacional. Justamente nesse ponto, apoio que a candidatura de Elmano deve ser incondicional, politicamente falando.

Do ponto de vista técnico a futura gestão petista deve se comprometer com a consolidação do PDPFor (Plano Diretor Participativo) e das derivativas de sua implementação. Nessa questão reside à crítica a atual gestão. Ficou claro, principalmente com a mensagem da lei de flexibilização da ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) do Tipo 1, que não houve priorização política necessária para se implementar uma reforma urbana no município. Soma-se isso a demora em consolidar um grupo técnico urbano de assessores e planejadores, além da aplicação dos instrumentos legais e administrativos para a execução plena do plano diretor.

Em síntese, a postulação de um candidato próprio, construído internamente no partido reforça o papel do PT local de transformador da história política de Fortaleza. Todavia, é necessária uma reflexão do candidato Elmano Freitas dos desafios de assumir uma política urbana verdadeiramente de esquerda, popular, menos cartesiana e de acomodação de tensões.

Não há mais espaço para o meio termo. Ou somos de esquerda, organicamente ligados a classe trabalhadora ou seremos, como diria Marx gerentes da burguesia, gestores do Estado burguês e dos interesses do capital.


*Luiz Belino Ferreira Sales é geógrafo com Mestrado em Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente pela UFC

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