Depois de quase 20 anos de funcionamento, o Teatro da Praia está ameaçado de baixar o pano e fechar as portas
Desde a década de 1990, aberto na antiga zona portuária da Praia Iracema, com seus grandes armazéns repaginados, a sede da companhia liderada pelo ator Carri Costa convive num cenário de efervescência e decadência, imerso nos arredores do Centro Cultural Dragão do Mar
Além dos inúmeros espetáculos que passaram pelo palco do Teatro da Praia, a partir de 2009 funcionava gratuitamente um curso de artes para alunos das escolas públicas, interrompido este ano por falta de recursos. Também o Memorial do Teatro Cearense teve que ser desmontado por falta de estrutura.
Carri encena o papel de batalhador incansável no enredo real de superar adversidades para manter de pé um espaço tradicional de fomento das artes cênicas e de cultura em geral. Ele conta que inscreveu a Companhia Teatral em editais governamentais para viabilizar a sua manutenção mas até agora não obteve sucesso.
As despesas mensais giram em torno de R$ 7 mil, entre energia elétrica, água, telefone, impostos e aluguel. "Pode parecer alto, mas é uma quantia mínima para um espaço cultural", afirma. O Teatro da Praia funciona, até os dias atuais, dependendo exclusivamente da renda de sua bilheteria e do cachê da Cia. Cearense de Molecagem.
Mas não é somente a situação do prédio em si que prende a atenção do agitador cultural. O pessoal do teatro assiste às mudanças no entorno do palco do centro cultural com preocupação: "Estamos aqui desde antes da chegada do Centro, e com ele pensamos que o entorno ia ser espaço de manifestações culturais e artísticas, e de todo um aparato que fomentasse isso, com salas de ensaios, teatros, cafés, livrarias funcionando durante o dia. Sem isso, o público se afasta", avalia.
Além disso, a pressão imobiliária, a insegurança e o surgimento de bares e boates na região, que em vez de a popularizarem, também contribuem para a dispersão do público e, portanto, para os crescentes problemas enfrentados pelo teatro.
Carri lamentou que a Lei estadual 13.604 que criou o Sistema Estadual de Teatros (SET) e contendo as formas de obtenção de recursos e financiamentos, não venha sendo implementada de fato pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult). Depois de muito reclamar da insensibilidade dos getores culturais com a situação, parece que enfim se acendeu uma luz sobre a cena: Houve um contato com a Secretaria da Cultura da Prefeitura de Fortaleza (Secultfor) que ficou de ajudar.
Enquanto o apoio estatal não chega, a classe aos poucos se mobiliza para, no dia 27 de março, Dia Mundial do Teatro, realizar diversas apresentações no local com intuito de arrecadar dinheiro e dar visibilidade ao espaço.
O Teatro da Praia fica à Rua José Avelino, 662, com capacidade de público de 200 lugares. É administrado pela Associação dos Produtores Teatrais de Ceará/APTECE.
Quem puder ajudar:
Associação dos Produtores Teatrais do Ceará
CNPJ: 05.461.443./0001-01
Deposite qualquer quantia:
Agência Bradesco: 0643-2
Conta-corrente: 003209-3
Acesse: http://www.teatrodapraia.com.br/
Saiba da programação e assista às peças nos finais de semana.
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